Puro Sangue

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Quando entramos no salão somos recebidos pelo completo silêncio, o Pran comentou que os apoiadores do Wai que não morreram foram presos, não imaginei que teriam sido tantos, hoje não tem metade das pessoas que estavam aqui no dia da coroação.

O Pran caminha com passos firmes, mas ao mesmo tempo delicados, ele pediu para eu tentar não ficar alerta como um familiar, mas isso é quase impossível, eu nasci e fui criado para proteger ele em todas as minhas vidas, estar alerta é um instinto natural.

Chegamos no trono, espero o Pran sentar e sento ao seu lado, a porta abre novamente e todos olham para quem está entrando, a irritação do Pran toma conta mesmo ele sabendo que o Isaac acompanharia a nossa filha como seu familiar.

A notícia sobre a filha do rei se espalhou rápido e tiveram que fazer um anúncio oficial, esse é outro motivo para o salão estar vazio, o Pran não permitiu que pessoas de fora participassem da apresentação dela.

Ao mesmo tempo que quero que tudo isso acabe de uma vez, espero que se estenda pelo máximo de tempo possível, pois assim que acabar nós vamos partir para o santuário, fiz de tudo para convencer o Pran a permanecer no palácio e me permitir ir no ataque, mas ele não aceitou, então vou ter que seguir o seu plano.

O Isaac segura a cadeira para a Claire sentar e permanece ao seu lado, tenho a sensação de que o Pran vai arrancar a cabeça dele uma hora dessas.

A cerimônia começa, o Pran anuncia que a Claire é a nossa filha, percebo que muitos estão curiosos, mas depois do que aconteceu na coroação aceitam tudo calados, dois conselheiros trazem uma coroa e a Claire é nomeada princesa herdeira.

É inevitável lembrar que esse foi o motivo do Pran ter morrido em uma das suas vidas, lembro daquela discussão com portas fechadas como se tivesse acontecido nessa vida, o rei anunciando que a minha Dara, a minha pequena Estrela ia se casar e herdar o trono, foi o nosso fim naquela vida.

O Pran fica irritado, mas isso agora é muito confuso, com o Isaac por perto ele está sempre irritado, então se quer chamar a minha atenção vai ter que achar outro jeito.

As pessoas entregam presentes e saudam a Claire, mesmo sem paciência eu fico feliz por cada novo súdito que se aproxima e conta a sua história, cada minuto aqui é um minuto longe do perigo.

Assim que tudo acaba os guardas entram e o Pran levanta, fico tenso e vou para o seu lado, quando a Claire caminha na nossa direção dizemos ao mesmo tempo.

— Você não vai!

A nossa filha empina o queixo em um ato que só podia vir da filha do Pran.

— Eu vou lutar com vocês!

— Princesa, vai ser perigoso, você passou por muita coisa, precisa descansar.

— O papai levou um tiro e está indo, então eu também vou.

— Claire...

No momento que o Isaac segura o braço dela dois ronados altos preenchem o salão, eu entro na frente do Pran pra impedir que ele faça algo, mas é a nossa filha que mostra as presas para o Isaac, o garoto se afasta assustado e isso deixa o Pran feliz, antes que comecem com uma briga eu vou até ela.

— Princesa, olha pra mim, qual é a nossa sina? — Ela não responde, mas sei que me entendeu. — Nós vamos ficar bem, a única em risco aqui é você. Então, por favor, fique segura e espere por nós.

— Eu não vou ficar!

Percebo que isso não está funcionando então tento outra coisa.

— Isaac?