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Nós estamos cada vez mais próximos do santuário e já não sabemos mais o que fazer, dias se passaram e a Claire ainda está na forma de lobo, eu já tentei e o Pran também, mas nada do que fizemos deu certo.

— Se concentra, princesa, você tem que aprender a controlar o seu lobo pra ele não te controlar mais.

Seria cômico um vampiro tentando ensinar um lobo, se não fosse tão preocupante, para manter a história de que ela é um vampiro não podemos aparecer com ela assim do contrário vai acontecer o mesmo que aconteceu com o conde, qualquer um vai saber que tem alguma coisa errada. O Pran me olha e eu sinto a preocupação dele, provavelmente está pensando o mesmo que eu e não temos o que fazer, a transformação está totalmente fora do nosso controle. Eu olho para trás e tento sorrir.

— Princesa, você tem que se acalmar, quando você ficou com raiva se transformou, nas duas vezes, são as emoções que te afetam, então vai ter que controla-las assim como o seu pai faz para não me afetar.

Ela olha para o Pran e vira a cabeça de lado, eu vejo um movimento, olho para frente e piso no freio com força, coloco o braço na frente do peito do Pran pra segurar ele, então nós dois viramos para verificar a Claire, ela escorregou pelo banco e caiu no chão.

Escutamos um tiro e abaixamos rápido, eu seguro a cabeça da Claire e a empurro para deitar no chão do carro. Mais tiros surgem, seja lá quem está atirando está tentando nos ferir e não matar, talvez seja apenas um ladrão. Eu fecho os olhos e me concentro, ele não está sozinho, deve ter pelo menos mais três com ele.

— Mercenários.

O Pran acena concordando comigo, faz um sinal para eu ficar em silêncio e levanta devagar, como não vem nenhum tiro ele senta, quanto eu tento levantar ele coloca a mão nas minhas costas.

— Não se mexe.

Eu nego com a cabeça, mas ele fica ansioso, eu suspiro e concordo, vejo ele abrindo a porta e cálculo quais as minhas opções.

— Claire, se acontecer alguma coisa sai do carro e corre o mais rápido que puder para longe de nós, nós vamos te encontrar.

Ela grune e eu passo a mão no seu pescoço.

— Não se preocupe, princesa, você conhece a nossa sina, sabe que nós só vamos morrer de um jeito, o Pran pelas mãos do irmão e eu vou morrer com ele, até lá ficaremos bem.

Ela grune mais uma vez e acena, então eu me levanto devagar e vejo o Pran na frente de um homem. Olho em volta e vejo os outros três espalhados e bem armados, então com movimentos que deixam claro o que estou fazendo eu abro a porta, saio do carro e vou até o Pran que está cada vez mais ansioso.

— Como eu estava dizendo esse é o meu familiar, eu sou um pianista e estou indo me apresentar fora da cidade.

— Porque essa estrada? Ela foi interditada há anos.

— Sentimos muito por isso, não conhecemos a região, provavelmente passamos por alguma placa sem ver.

— Mata eles de uma vez e vamos embora Teddy.

Ele olha para um outro homem e nega.

— É melhor não, mas vocês vão ter que ir com a gente.

Eu quero segurar a mão do Pran para acalma-lo, mas como ele me apresentou como seu familiar é melhor seguir com isso.

— Tem outro aqui!

Eu sinto uma tontura forte na hora que o Pran vira na direção do carro, antes que eu consiga me controlar estou ouvindo tiros e gritos, eu respiro fundo e seguro a arma do cara na minha frente, dobro o seu braço e faço ele apontar a arma pra própria cabeça, tento clarear a minha mente e bloquear o Pran, mas está difícil, ele me pegou de guarda baixa com esse pico de raiva.

— Manda eles se afastarem.

Eu chacoalho a cabeça, olho para o Pran e falo baixo.

— Se acalma...

O Pran solta o cara que está segurando pelo pescoço, olha pra mim, fecha os olhos e começa a acalmar.

— São vocês...

O cara vira o rosto para poder me olhar.

— O príncipe e o seu companheiro.

Eu tento ficar sério e nego.

— Não sei do que você está falando, ele é músico e eu sou apenas o familiar dele.

Ele me olha de um jeito estranho, algo entre respeito e adoração, então levanta mão e faz um sinal .

— Abaixem as armas.

Eu me surpreendo com a quantidade de sons que escuto, devem ter muitos escondidos a nossa volta, eu penso no que fazer, mas eu sou melhor em seguir ordens, então eu olho para o Pran e espero ele decidir.

— De onde vocês são?

O cara tenta afastar a arma, mas eu mantenho firme apontada para a sua cabeça.

— Do santuário.

O Pran está em dúvida, mas tenta se manter neutro.

— Quem é o chefe da guarda?

— Paul.

— E o antigo chefe?

— Ele foi afastado por te ajudar... Por ajudar o príncipe e ter ficado contra o conselho, pelo que eu fiquei sabendo, isso foi muito antes de eu me juntar a eles.

Essa é uma informação que ele não teria como saber se não fosse de lá, pelo jeito o Pran chegou na mesma conclusão, porque acenou pra mim e falou para o homem.

— Eu preciso falar com o chefe da guarda.

O homem concorda e eu solto a sua mão, ele guarda a arma e faz vários sinais, as pessoas a nossa volta começam a se movimentar, ele caminha até o Pran e eu vou junto, ele coloca a mão no peito e se curva.

— É uma honra majestade.

O Pran não diz nada então ele se levanta.

— Podem ir no carro, nós vamos escoltar vocês.

Nós entramos no carro e olhamos para a Claire, ela ainda está no mesmo lugar, mas agora parece muito assustada, o Pran abre a porta, desce do carro e senta no banco traseiro, ajuda ela a subir no banco e ela deita no seu colo.

— Está tudo bem, princesa, se acalma, estamos indo para o santuário.

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