Puro Sangue

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Eu não acredito até agora no que está acontecendo! O Pran perdeu a cabeça?

— Pat, se acalma, está tudo bem!

— Tudo bem? Mas que porra, Pran! Você esqueceu como a nossa história termina?

Ele me olha irritado e cruza os braços.

— Eu não sou uma das suas princesas indefesas, Pat, está na hora de você entender isso!

E lá vamos nós de novo, quantas vezes eu vou ter que dizer que ele é elas?

— Você conhece a nossa sina, Pran...

Eu não sei mais o que dizer, sei que pra ele é diferente porque não se lembra do que aconteceu no passado, mas eu lembro, de cada morte, da dor e do sofrimento, lembro como foi perder ele vida após vida, como foi morrer com ele.

— Eu conheço a nossa sina e é por isso que eu decidi acabar com isso de uma vez, quantas vezes vamos ter que recuar e fugir? Eu não posso fazer mais isso, Pat, não se trata apenas de nós, o reino está em colapso nas mãos do Wai, que tipo de rei eu seria se continuasse permitindo isso?

Eu sei que ele está certo, mas isso não facilita as coisas.

— Você devia ter me contado o que queria fazer, me trazido junto...

— Assim como você fez? É aqui que você está procurando a nossa filha?

Merda!

Sinto a sua irritação crescendo cada vez mais, não queria, mas acabo bloqueando ele,  saber como ele se sente ajuda em uma conversa, mas também me faz vacilar, porque não quero magoar ou irritar ele.

— O que você estava fazendo aqui, Pat?

— Eu... Eu queria matar o Wai.

Nem preciso da nossa conexão pra saber que ele está furioso, então tento o distrair, essa conversa não vai nos levar a lugar nenhum mesmo.

— O que você pretende fazer agora? Depois da coroação.

— Vamos seguir o plano antigo e invadir o santuário, eles ainda são uma ameaça.

— E o Wai?

— Tenho que seguir o protocolo real e fazer um julgamento público.

— Você devia mandar matar ele de uma vez, ele vivo é um risco.

— Ele tem muitos apoiadores, precisamos fazer isso do jeito certo.

Eu não concordo, mas sei que ele está fazendo o melhor, talvez um julgamento público ajude a mostrar quem realmente manda e evite novos problemas, mas eu não confio no Wai vivo tão perto dele.

— Você devia ir procurar a nossa filha, Pat.

— Mas nem fodendo! Você está louco se acha que eu vou te deixar sozinho de novo! Assim que os lobisomens voltarem eu junto uma equipe de confiança e mando atrás dela.

— Pat...

— Não, Pran, eu amo a nossa filha e cada minuto sem saber onde ela está acaba comigo, mas eu não vou me afastar de você!

Nós nos encaramos por um longo momento, dessa vez eu não vou fazer o que ele quer e ele vai ter que aceitar isso!

Ele finalmente relaxa e concorda, eu me arrisco e me conecto a ele para ter certeza de que está tudo bem, não demora muito para eu perceber que ele está com fome, o que é estranho, ele se alimentou há pouco mais de um dia. Mesmo assim eu vou até ele e o abraço.

— Nunca mais faça algo assim, Pran!

Ele me abraça e beija o meu pescoço.

— O mesmo vale pra você, se eu não tivesse chegado...