Estou colhendo tomates quando sinto a ansiedade do Pran, derrubo tudo no chão e entro correndo na casa, subo as escadas e vou para o quarto da nossa filha.
— Pran?
Ele me olha nervoso e eu vou até eles.
— Acho que ela está acordando, Pat.
Sinto um alívio imediato, sento ao seu lado e o abraço, já é o quinto dia que ela está assim, desde que criou o soro e se injetou não acordou mais, o Pran acredita que o corpo dela está lutando contra a mutação, ele não me disse quais são os riscos, mas nem precisou, ele tem estado extremamente nervoso desde então e com medo, muito medo.
Fico beijando o seu pescoço várias vezes para tentar acalma-lo, ele está tão preocupado que mesmo as minhas carícias não ajudam, mas eu não desisto, continuo beijando e desço uma mão pela sua barriga até chegar no meu objetivo, quando seguro o seu pau ele rosna e se afasta.
— Claire!
Eu solto ele e olho por cima do seu ombro, a nossa filha pisca algumas vezes e levanta a mão com um movimento muito delicado e nada típico dela, coloca a mão na frente dos olhos e vira o rosto pra olhar para nós.
— Eu não morri, sabia que não ia morrer!
Ela sorri e eu coloco a mão na cintura do Pran e aperto, ele está irritado, mas depois de tudo o que ela passou a briga pode ficar para depois. Ele controla a respiração e se acalma aos poucos, então coloca a mão no seu rosto.
— Como você está se sentindo? A sua temperatura oscilou muito nós últimos dias.
— Dias?
— Você está em coma nos últimos cinco dias, o seu corpo estava combatendo o soro que você criou.
— Eu achei que podia acontecer, um gene alterado seria mais fácil do corpo aceitar, mas dois...
Ela sorri mais uma vez.
— Acho que agora acabou.
O Pran começa a perder a paciência mais uma vez, eu aperto a sua cintura de novo e seguro a mão da Claire.
— Como você está se sentindo, princesa?
Ela faz uma careta, pelo menos a sua personalidade ainda é a mesma.
— Eu acho que estou bem, não tenho certeza... Mas estou com fome...
— Fome ou sede?
Ela olha para o Pran confusa, eu também levo alguns segundos para entender, ela é parte vampira agora, então a fome pode ser na verdade sede, eu conheço o sentimento da época que o Pran não se alimentava.
— Eu... Não tenho certeza, mas acho que quero o bolo que o pai me prometeu.
Ela sorri pra mim e eu aceno.
— Vou fazer outro pra você. Quer tentar comer alguma coisa enquanto isso? Assim descobrimos de você fica bem com comida.
Ela concorda e tenta levantar, o Pran levanta e a ajuda.
Agora que o pior passou não tem como não perceber que ela está muito mais parecida com o Pran depois da transformação, a sua pele está lisa e macia como um pêssego e os seus lábios em um vermelho natural, os olhos continuam castanhos, mas assim como os do Pran eles tem um tom bem claro, quase um tom de mel e os movimentos são graciosos, próprios de um vampiro.
Ela coloca pantufas e o Pran pega um casaco, mas ela dispensa com um aceno leve.
— Obrigada, pai, mas eu estou com calor.
O Pran me olha preocupado, pois estamos no meio do inverno, passamos anos nos monitorando para não esquecer que a nossa filha era humana e sentia o tempo de forma diferente, ao contrário de lobos e vampiros ela sentia frio e calor de acordo com as estações, vai ser estranho saber que esta frio e não pensar que temos que agasalhar ela.
Ela começa a andar e nós seguimos de perto, quando chega na escada o Pran segura a sua mão e a cintura, ela parece bem pra mim, mas acho que assim como eu ela percebeu o nervosismo do Pran e deixou ele a levar até a cozinha.
Ela senta e olha em volta, eu vou até a geladeira e vejo o que tem dentro, coloco ovos e bacon na mesa e ela fica me olhando.
— Você se importa se o pai Pran cozinhar? Eu queria a comida dele...
Eu sorrio e nego.
— Claro que não me importo, eu também prefiro a comida dele.
O Pran pega as coisas sério e vai até o fogão, acende o fogo, pega a panela e coloca o bacon para fritar a Claire que olha para a panela sem piscar, quase consigo ver ela salivando como um lobo faminto. O Pran coloca as tiras de bacon em um prato, ela se levanta um pouco e começa a farejar, eu fico estranhamente feliz, achei que ela tinha ficado só com as características de um vampiro, quando o Pran coloca o prato na sua frente ela pega três bacons e enfia na boca de uma vez.
— Princesa, tenha modos na mesa!
Ela olha para o Pran envergonhada e acena, ele continua sério, mas quando volta para o fogão eu consigo sentir que está feliz.
— Isso é maravilhoso, pai! Faz mais?
O Pran concorda e coloca mais bacons na panela, eu vou até a geladeira e pego suco, ela bebe e faz uma careta.
— Está com gosto de estragado.
Eu acho estranho e provo.
— Está com gosto normal, Claire.
Ela tenta mais uma vez e tem ânsia, eu dou café e ela tem a mesma reação, com água é igual, quando vou pegar leite o Pran segura a minha mão.
— Ela é uma vampira agora, acho que ela precisa de sangue.
Ele provavelmente esta certo, então eu guardo o leite e vou para o laboratório, o Pran conseguiu algumas bolsas de sangue e deixou guardado por garantia.
Eu volto com a bolsa de sangue e a Claire faz cara de nojo, o Pran pega da minha mão, coloca em uma caneca e dá pra ela.
— Sinta o cheiro primeiro, se não for o que precisa você vai saber.
Ela olha para a caneca em dúvida, mas segura e leva até o nariz, sente o cheiro e olha para o Pran surpresa, ele sorri e acena, então a Claire fecha os olhos, respira fundo e bebe um pouco. Mais uma vez ela olha para o Pran surpresa e bebe mais, o Pran sorri para ela, mas sinto que está preocupado, ele é bom em disfarçar o que está sentindo, mas pelo jeito eu não, porque o Pran vem até mim e me beija, olha nos meus olhos como se tentasse me dizer algo, eu aceno, ele me beija mais uma vez e vai para o fogão.
— Ainda quer comer, princesa?
— Sim! Eu estou com muita fome!
O Pran olha pra ela que está com a boca cheia de bacons e ela engole.
— Desculpa, Pai.
Passamos o resto do dia ao lado da nossa filha, ela terminou de comer, pegou a caneca dela e foi para o laboratório, eu fiquei vendo ela e o Pran fazendo uma série de exames e testes, no fim decidiram que pelo pouco que sabiam ela estava bem e ficamos todos aliviados com isso.
No final do dia ela estava cansada e foi para o quarto dormir, eu queria ir para o quarto também, mas o Pran me levou para fora, sentamos no banco na beira do lago e ele deitou no meu ombro, é a primeira vez em dias que ele está relaxado.
— Ela vai ficar bem?
Ele suspira e fica em silêncio por um momento
— Não tem como saber, a fome e a sede juntas é algo novo, tudo nela é novo, eu tentei convencer ela a fazer um antídoto ou um inibidor de genes como foi feito com os primeiros das nossas espécies, mas ela se recusou, então vamos esperar e ficar de olho, é só o que podemos fazer.
Quando para de falar ele já não está mais relaxado, mas eu não quero que ele fique nervoso de novo, então seguro o seu queixo e levanto a sua cabeça, faço ele olhar pra mim e o beijo, não digo nada, porque ele conhece a situação melhor que ninguém, apenas continuo beijando até o Pran que está sempre no cio aparecer e começar a arrancar a minha roupa.

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Puro Sangue
FanfictionEm meio a uma fuga para salvar suas vidas, Pat, um lobisomem e Pran, um vampiro puro sangue, são forçados a confrontar suas próprias naturezas e limites quando uma conexão proibida é estabelecida entre eles. Envolvidos em uma relação intensa e peri...