Chegamos na área onde começam as casas, o Pran para e nós também.
- Onde eles estão, Paul?
Nós ainda estamos em forma de lobo, então o Paul aponta com a cabeça e olhamos na direção.
- Ele está naquela casa isolada que deixaram na última vez?
Ele acena com a cabeça e o Pran levanta a mão me chamando, eu vou até ele que faz carinho atrás da minha orelha, é um hábito dele quando estou na forma de lobo.
- Não se envolva mais, Paul, é melhor não saberem que você me avisou.
Ele acena e vai para o outro lado, o Pran vira, respira fundo e começa a andar sem pressa, ele é o príncipe Pran, não pode parecer um louco correndo por ai.
Quando encontramos os primeiros guardas ele não fala nada e nem precisa, em menos de cinco segundos eles se curvam e liberam a passagem, assim vai acontecendo por todo caminho, tem tantos guardas aqui que o santuário deve estar totalmente desprotegido nesse momento.
Chegamos na frente da casa e todos os guardas se curvam, quando damos o primeiro passo um vampiro membro do conselho entra na nossa frente.
- Majestade, infelizmente o senhor não está autorizado a entrar.
O Pran levanta a sobrancelha, olha para mim e aponta para o vampiro com a cabeça, na hora eu pulo encima dele derrubando no chão. Começo a rosnar e aproximo o meu rosto até o meu focinho encostar no nariz dele, sinto ele tremendo embaixo de mim e a voz do Pran sobre nós.
- A próxima vez que você entrar no meu caminho ele arranca a sua cabeça.
Ele passa por nós, eu me afasto do vampiro e vou atrás dele, ele para na porta e espera, um guarda vem correndo e abre a porta para ele, quando entramos vemos o mestre Myung em uma cadeira e um guarda perfurando o ombro dele com uma faca, o Pran sai da minha frente e eu sei o que fazer, corro até eles e mordo o braço do guarda com tanta força que ele quebra.
- Aquele que tocar no meu convidado novamente será banido do meu reino!
A voz do Pran sai baixa e suave, mas ainda assim é assustadora. Todos olham surpresos e eu cutuco o mestre Myung com a cabeça.
- Eu estou bem, Niran...
Ele desmaia e eu me transformo, desamarro ele e o pego no colo, quando me viro o conselheiro Bill entra na minha frente ficando de costas para o Pran, o que é uma ofensa muito grave.
- Porque ele te chamou de Niran?
Antes que eu consiga responder ele está caindo de joelhos, o Pran segura o seu cabelo e levanta a cabeça.
- Jamais vire as costas para um membro da realeza e nunca questione o meu parceiro!
Ele solta a cabeça do conselheiro Bill empurrando ele para o chão.
- Vocês não confiam em mim e agiram sorrateiramente aproveitando a minha ausência para ferir o meu convidado. A partir desse momento a minha relação com esse santuário esta rompida, assim que o mestre Myung estiver recuperado nós partiremos.
- Pran?
O Pran olha para o All e caminha até ele.
- Eu sinto muito tio, mas essa é a verdade, vocês não confiam em mim, eu também não confio em vocês, vocês queriam respostas? Pois bem, Niran é o lobo da história no túnel, ele foi a primeira vida do Pat, eu sou a princesa da história, o seu nome era Malee e aquele que vocês feriram foi quem criou esse santuário, aquele a quem vocês devem tudo o que tem aqui. Agora que vocês tem as suas respostas não temos mais nada para fazer aqui.
Todos olham para nós em choque, mas o Pran não se abala, ele vira e um guarda abre a porta, quando sai eu vou atrás carregando o mestre Myung.
Chegamos na cabana e eu deito o mestre no sofá, me ajoelho ao lado dele e tiro o cabelo do seu rosto, olho para o Pran e pelo seu olhar eu sei que ele está pensando a mesma coisa que eu, ele vem até nós e se ajoelha ao meu lado, segura a mão do mestre e fecha os olhos, está checando o pulso.
- Não se preocupem tanto crianças, essa não é a minha primeira vida e nem será a última.
Nós olhamos para ele e o Pran passa a mão no seu rosto.
- Eu posso te transformar...
- Não desperdice o seu precioso sangue com um velho como eu, quem sabe em uma próxima vida.
Ele tosse algumas vezes e sangue começa a escorrer pela sua boca, ele levanta a mão devagar e aponta.
- A minha mala.
Eu corro até a mesa, pego a mala e levo para ele, quando tenta sentar o Pran apoia as suas costas e o ajuda, senta ao seu lado e sustenta o seu corpo.
- Abre para mim, Pat... - Eu abro a mala estranha dele. - O diário.
Eu pego o diário e dou na mão dele, ele mexe nas folhas devagar, pega uma foto e dá para o Pran.
- Essa foto tem 63 anos, foi a vida mais longa que vocês tiveram, viveram até os 28 anos, quando tinha 10 anos eu os encontrei, vocês me criaram como um filho por seis anos até o seu irmão te encontrar. Vocês foram os meus pais nessa vida, eu espero encontrar vocês novamente e quando isso acontecer eu quero muito que vocês lembrem de mim, vocês foram os melhores pais que eu tive em todas as minhas vidas.
Eu olho para a foto surpreso, tem um homem, uma mulher e um adolescente nela, eles parecem muito felizes.
O mestre folheia mais uma vez e pega um envelope.
- Eu tenho uma propriedade segura, ela me pertence há séculos, aqui vocês vão encontrar informações para chegar lá, não confiem nessas pessoas, confiem apenas um no outro, encontrem um jeito de acabar com a sua sina.
Ele tosse mais uma vez e o seu corpo pende para o lado, o Pran segura para ele não cair, o mestre segura a minha mão e a mão do Pran e aperta.
- Mãe, pai, me desculpem por não poder ficar até o fim, mas eu vou encontrar vocês novamente...
Eu aceno para ele e beijo a sua mão, ele deita a cabeça no ombro do Pran e assim que o Pran beija a sua cabeça ele fecha os olhos, eu sinto o meu coração partindo, eu sinto o sofrimento do Pran, eu sinto tudo de uma vez, nós podemos não lembrar, mas as nossas almas lembram, ele era o nosso filho.
Quando o sofrimento do Pran me consome eu sinto tudo a minha volta rodar.
- Pran...
Eu caio no chão e ele tenta se acalmar, deita o mestre no sofá e vem até mim, ele não fala nada, apenas me abraça e começa a chorar, o seu sofrimento me atinge com força, mas eu não tento impedir, não tento lutar contra, eu apenas me entrego, dessa vez os seus sentimentos não me consomem eles se tornam meus , assim nos dois lamentamos a nossa perda juntos.

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Puro Sangue
FanfictionEm meio a uma fuga para salvar suas vidas, Pat, um lobisomem e Pran, um vampiro puro sangue, são forçados a confrontar suas próprias naturezas e limites quando uma conexão proibida é estabelecida entre eles. Envolvidos em uma relação intensa e peri...