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Chegamos a dois quilômetros da cidade e decidimos nos separar, não podemos correr o risco de sermos vistos com o All. Ele e o Paul se despedem, para todos os efeitos o Paul está morto, então é melhor não aparecer ao lado do All quando chegarem na fronteira. Nem imagino como deve estar sendo difícil para eles, principalmente para o Paul, se eu estou preocupado com esse plano, ele deve estar muito mais. Eles se abraçam e ficam em silêncio, de repente o Paul se afasta e fala.
- Eu também te amo!
O All sorri e beija ele, acho que estão conectados e sinto como se estivesse invadindo a privacidade deles, então faço um sinal e me afasto com os guardas que vão nos acompanhar. Não demora muito e o Paul nos alcança, ele passa o braço pelos meus ombros e me puxa, eu olho para ele e tento sorrir.
- Deve ser difícil vocês se separarem.
Ele olha na direção em que o All foi com os outros e acena.
- É difícil, mas tudo bem, logo a guerra acaba e não vamos mais precisar nos esconder.
O fim da guerra é algo que eu não quero pensar agora, então me concentro no Pran que está dormindo, são quase duas da manhã, eu achei melhor não contar que estamos chegando, seria pedir demais do seu autocontrole agir normalmente com essa notícia. Nós achamos melhor aproveitar a noite que a guarda é reduzida e tem nem menos pessoas nas ruas, assim corremos menos riscos de sermos vistos.
Chegamos na fronteira mais próxima do castelo e esperamos mais ou menos uns 20 minutos até a guarda começar a se mover, vários homens correm na mesma direção, então devem ter visto o All.
- Quanto tempo, Paul?
- Precisamos esperar mais, por enquanto eles só devem ter ido ver quem está na fronteira, precisamos que o rei saia, ou que mande o máximo de pessoal possível para lá.
Eu concordo e sento, fecho os olhos e fico focado no Pran, o que eu preciso agora é da sua calma.
Mais alguns minutos se passam e mais homens correm para a fronteira, sinto que o Paul está ficando cada vez mais ansioso, mas ele tenta manter o foco.
Sinto o Pran acordando surpreso, ele deve ter percebido que alguma coisa está acontecendo. O problema que ele vai de surpreso para assutado muito rápido e então é tomado pelo medo.
- Pran?
Sinto que estou sendo invadido pelo seu medo e tento me levantar, quase caio, mas o Paul me pega a tempo.
- Pat, o que aconteceu?
- É o Pran.... Tem algo... Errado...
O seu medo aumenta, eu sinto que estou apagando e a minha coluna treme, eu não tenho outra opção.
- Paul... Se afasta...
Ele solta o meu braço e quando a minha coluna treme mais uma vez eu deixo o meu lobo sair, sinto tontura mais uma vez e me entrego aos instintos do lobo, começo a correr e ouço vagamente quando o Paul me chama, mas agora eu preciso entrar no castelo.
Ouço outros lobos se aproximando, olho para trás e é o Paul e outro guarda, os outros dois que são vampiros correm atrás deles.
Chegamos no castelo e eu me transformo mais uma vez, o problema é que o medo e a fúria do Pran que antes estavam distantes me atingem com força, me fazendo cair, o Paul se ajoelha ao meu lado e segura a minha cabeça.
- Se transforma, Pat!
Nem a transformação eu consigo controlar agora, mesmo assim eu concordo e ele se afasta. Eu conto mais uma vez com o instinto do meu lobo e o desejo de proteger o Pran acima de tudo, então eu me abro a conexão e vou sufocando até virar lobo em uma explosão.
Eu chacoalho a cabeça e olho para cima, o quarto do Pran é no segundo andar, não tem como eu escalar na forma de lobo, eu olho para a varanda, vai ser a minha única chance, mas como fazer? Eu olho para um vampiro que chegou, eles são mais fortes que lobos, vai conseguir fazer o que eu preciso. Vou até ele e cutuco com a cabeça e olho para a janela.
- Não se preocupe, nós vamos buscar ele.
Eu nego e cutuco ele mais uma vez, levanto a pata, aponto para mim, para ele e para cima.
- Eu acho que ele quer você leve ele junto.
Eu olho para o Paul e nego.
- Não? Como você pretende...
Da pra ver na hora quando ele entende.
- Isso é arriscado, Pat!
Eu não tenho tempo pra isso, cutuco o vampiro sem parar.
- Ele quer que você jogue ele.
Eu aceno para o vampiro que me olha surpreso.
- Tem certeza?
Eu concordo e volto a cutucar, eles não entendem que cada minuto que perdemos alguma coisa está acontecendo com o Pran?
O vampiro finalmente coloca a mão na minha cabeça, chama o outro vampiro, os dois me levantam com cuidado e me lançam, eu caio na varanda, mas a minha para traseira acaba batendo na grade de segurança e sinto quando o osso se parte, eu ignoro a dor e começo a correr, apenas com três patas é difícil manter o equilíbrio, mas eu entro no quarto mesmo assim.
A primeira coisa que vejo é o Pran ajoelhado e o Wai na sua frente balançando uma estaca na sua cara, tem quatro vampiros pelo quarto, dois deles estão desacordados, o Pran não se rendeu sem lutar. Quando o Wai me vê fica surpreso, mas não dou tempo dele reagir, avanço e mordo a sua não, arrancando um pedaço dela junto com a estaca, ele grita e olha para a mão em choque, quando os outros vampiro vem na minha direção o Pran se levanta, os dois vampiro que me ajudaram entram pela janela e vão na direção dos vampiros do Wai, o Pran solta as mãos que estavam presas e vem na minha direção.
- Você está bem?
Eu aceno e ele olha para a minha pata, eu aceno mais uma vez e lambo o seu rosto, ele da risada e limpa.
- Isso foi nojento, Pat!
- É o seu Familiar?
Nós olhamos para o Wai que agora está com uma faca na mão nos olhando com raiva, quando ele corre na minha direção o Paul aparece chutando o peito dele e jogando em longe.
- Amarrem ele.
- Os guardas concordam e vão até o Wai, o Paul se abaixa e me olha.
- Não se transforma, você precisa se curar primeiro, nós vamos te tirar daqui.
Eu concordo e eles chama os vampiros, mas antes que diga alguma coisa o Pran está me tirando do chão.
- Você não vai conseguir sair pela janela com ele, Pran.
- Então nós vamos pela porta.
Ele caminha até a porta e o Paul corre abrir para ele, andamos por um corredor que não devia estar vazio, não deixaram nenhum lobo cuidando do Pran, por isso o Wai aproveitou para atacar ele, nós demos a oportunidade perfeita.
Quando descemos as escadas vários lobos surgem, mas nenhum tenta impedir o Pran, nós temos um código, eles não podem tocar nele.
Quando chegamos no pé da escada ele para e olha para os lobos.
- O meu irmão e outros vampiros estão no meu quarto, prendam todos eles e contem para o meu pai que mais uma vez ele tentou me matar e que aqui não é seguro para mim, por isso estou indo embora.
Vários guardas sobem as escadas, outros ficam com a gente.
- Alteza, não podemos deixar você ir.
- O meu parceiro veio me buscar, me salvou e está ferido. Vocês vão me impedir?
Eles se olham então se afastam, eu tento olhar atrás do Pran e fico aliviado por perceber que estamos sozinhos.
Quando saímos do castelo ouvimos um assobio e o Pran vai na direção, alcançamos o Paul ele me olha preocupado.
- Nós temos que buscar o All, vão na frente, achem um esconderijo e descansem, em poucas horas ele vai estar bem e vai poder se transformar.
- Obrigado, Paul!
- É muito bom te ver, alteza!
Ele faz um cumprimento real, os outros guardas fazem também, então se afastam, apenas dois ficam com a gente. Eles lideram caminho até a floresta, o Pran segue eles, sempre olhando para mim. Quando pisco algumas vezes ele sorri.
- Eu estou seguro agora, descansa um pouco.
Eu quero continuar com ele, mas estou exausto, a cura está cobrando o seu preço. Ele sorri e encosta a testa na minha.
- Eu te amo, Pat, descansa, eu prometo que nunca mais vou sair do seu lado!
Eu lambo o seu rosto mais uma vez, ele sorri e eu finalmente relaxo e apago.

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