Puro Sangue

33

O Pran coloca um prato cheio de tiras de bacon fritas na mesa, outro com omeletes e mais um com panquecas, senta ao meu lado e fica observando enquanto a nossa filha e eu comemos.

— Pai...

A Claire sorri e levanta a caneca, ele suspira e olha pra mim, consigo sentir a sua preocupação.

— Claire, nós já conversamos sobre isso, você tem que diminuir o consumo de sangue, você bebeu em uma semana o mesmo que um vampiro consume em um mês. Mesmo sendo um híbrido...

Ela olha pra ele irritada e o garfo na sua mão entorta com o seu aperto, ela odeia esse termo, o Pran suspira e continua.

— Mesmo sendo uma quimera genética você precisa se controlar, eu acredito que você consegue diminuir a sede comendo.

— Eu vou virar uma bola.

— Você sabe que não vai, o metabolismo dos lobisomens é muito acelerado, você pode comer um porco inteiro por dia e vai ficar bem.

Ela solta o garfo e a caneca, pega várias fatias de bacon e enfia na boca, eu dou risada e volto a comer, mas sinto o Pran ficando cada vez mais irritado.

— O que você acha de irmos na cidade hoje?

Sinto que ele está surpreso e olho pra ele.

— Com a quantidade que eu e a Claire comemos juntos os alimentos estão acabando mais rápido, precisamos comprar mais coisas.

Ele não fala nada, mas olha para a nossa filha e fica ansioso, eu seguro a sua mão para ele saber que eu entendi e ele acena pra mim.

— Vocês estão fazendo de novo!

Nós olhamos para ela que aponta para nós com a mão cheia de gordura.

— Se comunicando em silêncio.

Eu olho para o Pran e deixo ele decidir.

— Claire, a última vez que nós saímos...

— Foi péssimo, eu sei... Mas eu preciso comprar roupas novas, esse corpo de vampira fez eu crescer cinco centímetros.

Ele olha pra mim mais uma vez, mas sabemos que ela tem razão, ela gosta de usar moletons e vive reclamando que eles estão pequenos.

— Nós vamos, mas você tem que prometer que não vai contar pra ninguém que é um hibr... Uma quimera.

— Como se ninguém fosse reparar que eu estou diferente.

Eu aperto a mão do Pran chamando a sua atenção pra mim.

— Ela tem razão sobre isso.

Ele fecha os olhos e aperta a ponte entre eles.

— Vamos falar para todos que eu te transformei, a partir de agora você será uma vampira, é muito importante que você se lembre disso.

— Mas eu preciso ser um lobo!

Ela levanta e bate na mesa quando diz isso, o lado lobisomem deixou ela muito mais geniosa e irritada.

— Porque, filha?

Ela olha para o Pran ficando vermelha e senta.

— Eu preciso comer...

A mentira é tão óbvia que eu fico curioso sobre isso, toda essa história desde o início não fez sentido, desde que ela chegou aqui quando era criança já tinha sido decidido que quando tivesse idade suficiente o Pran a transformaria, ela nunca demonstrou interesse em ser um lobisomem, mas se fosse o caso eu poderia transformar ela. A história de ter os nossos DNAs apesar de explicar isso, ainda parece um motivo fraco para compensar o risco.