53 - Isaac (Parte 3)

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É a nossa terceira semana nessa caverna, estou me sentindo sufocado e não é pelo espaço fechado, é a Claire, o seu silêncio, as emoções descontroladas, a fome, as vezes eu quero ir para longe, muito longe, o suficiente para não sentir o que ela está sentindo, para não a ver, não sentir o seu cheiro, não poder ter ela ao meu alcance, mas o simples pensamento de me afastar me causa uma dor que não sei explicar, mas eu não conseguiria me afastar mesmo se quisesse.

Sinto quando ela acorda, levanto e saio para lhe dar espaço, ajudaria se eu entendesse qual é o problema dela, porque é tão ruim eu ser o seu parceiro?

Ando pela floresta por quase cinco horas, os guardas finalmente foram embora, já podemos partir, mas não quero ir ainda, não antes de resolver as coisas com ela.

Pego dois coelhos no caminho de volta, talvez ela consiga comer isso, os peixes fazem ela passar mal. Eu tropeço e caio no chão, levo um tempo para reagir ao choque. Ela não pode estar grávida, pode? Mesmo que esteja não teria como saber, ela não passaria mal três semanas depois de nós...

— Não! Não é isso! O tio Pat me mataria se ela... Meu Deus, o príncipe vai me esfolar vivo!

Olho para a cachoeira ao longe e pela primeira vez em considero realmente a ideia de fugir. Assim que desisto levanto e vou ficar com a minha loba, se eu vou morrer, pelo menos vou ficar com ela até o fim.

Paro na abertura da caverna e fico observando ela rezando, os xamãs que conheci são bem diferentes, nunca ouvi falar sobre um xamã que não fosse humano, até nisso ela é diferente. Fecho os olhos e aproveito a sua calma, esse é um dos poucos momentos em que ela não está com aquela confusão de sentimentos.

Sei que ela descobriu que estou aqui quando a calma vai para o espaço, então respiro fundo e abro os olhos.

— Trouxe coelhos.

Ela fica enjoada e eu preocupado, mas não, ela não está grávida!

Coloco os coelhos em um canto e me aproximo deixando ela em alerta, me abaixo na sua frente e seguro a sua mão, ela tenta afastar, mas eu não deixo.

— Você precisa comer, Claire, se não quiser os coelhos, você pode... Você pode...

Porque isso é tão difícil?

— Você sabe como funciona a conexão de um familiar? Ou melhor, a conexão dos seus pais?

Ela fica nervosa e tenta se afastar mais uma vez.

— Não, você precisa me ouvir! Não sei direito como isso funciona, porque até pouco tempo atrás não sabia que podia ser assim, mas nós estamos ligados, eu não sei como parar... Você está com fome e isso está me afetando, eu me sinto fraco, mesmo estando bem. Nós precisamos sair daqui, mas precisamos estar fortes e isso só vai acontecer se você se alimentar.

Sinto que ela está confusa, isso é bom.

— Claire, por favor...

Mesmo confusa e com medo ela se aproxima devagar, penso em tirar a roupa que está molhada, mas é melhor não fazer, ela pode achar que eu quero fazer outra coisa.

Começamos com calma, mas de repente ela está arrancando a minha roupa enquanto me beija.

Saímos do rio e nos vestimos, a Claire está incomodada com alguma coisa, ela arruma a camisa, abre e fecha os botões, coloca por dentro da calça depois tira, quando não aguento mais seguro a sua cintura e a puxo pra mim.

— Você está linda!

— Para com isso, Isaac!

— É verdade, nunca conheci ninguém tão bonita assim.

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