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Ouço a sua voz distante no mesmo momento que um turbilhão de sentimentos e me atinge, o Pran está nervoso, muito preocupado, o medo é algo que ele sempre teve facilidade em controlar, mas hoje está totalmente fora de controle. Tem raiva também, muita raiva, algo que não combina com a sua personalidade.

— Pat? Meu amor?

O seu toque frio faz a minha pele se arrepiar, a minha coluna treme quando o meu lobo responde ao seu chamado, até inconsciente pertencemos ao Pran.

Tento me concentrar para bloquear os seus sentimentos, mas não é tão fácil, estou fraco demais. Esse pensamento trás a tona tudo o que aconteceu na coroação, a invasão do Wai e da rainha, o punhal do Wai que esteve muito perto de ferir o Pran como aconteceu em muitas vidas. Lembro do tiro e o meu corpo se torna ciente da dor, foi no peito, como está demorando para curar deve ter atingido o pulmão. Fico imaginando como conseguiram fazer eu me transformar enquanto eu estava inconsciente, não deve ter sido fácil.

— Esta tudo bem, pai, você consegue ouvir? O coração dele está batendo cada vez mais forte.

Sim, a Claire, como fui esquecer da nossa filha? Ela está bem e voltou para nós, de algum jeito ela nos salvou.

O Pran fica em silêncio passando a mão pelo meu cabelo e se acalma aos poucos, assim que os seus sentimentos estão mais equilibrados eu consigo bloquear ele e finalmente abro os meus olhos. Claro que o seu lindo rosto é a primeira coisa que eu vejo, mas apesar dos sentimentos estarem controlados, os seus olhos entregam o seu sofrimento. Levanto a mão para limpar as suas lágrimas, mas é uma péssima ideia, porque com o movimento o meu peito se contraiu e a dor piorou. Prendo a respiração e continuo o meu caminho até ele, que me presenteia com um lindo sorriso.

— Oi...

Ele segura a minha mão com força e beija ela.

— Como você está? Está com dor?

Eu nego, mas sei que não enganei ninguém, então tento distrair ele.

— O que aconteceu?

Como se lembrasse de algo importante o Pran olha para o lado, viro para olhar na direção e vejo a nossa filha se aproximar, o Pran deve estar realmente muito preocupado se não se importou com o seu cabelo bagunçado e as roupas masculinas que ela esta vestindo, eu sorrio e estendo a mão na sua direção.

— Vem aqui, princesa!

— Papai...

Ela corre para o outro lado da cama, senta do meu lado e deita a cabeça no meu peito, passo a mão pelo seu cabelo fazendo carinho e tentando arrumar um pouco, não vai demorar para o Pran voltar ao normal e começar com o discurso de como uma princesa deve se comportar.

— Nós te procuramos tanto, onde você estava?

Ela se afasta para poder me olhar, limpa as lágrimas e segura a minha mão.

— Eu cai da montanha quando eu estava fugindo do santuário, quebrei alguns ossos...

Ouço alguém bufando e percebo que não estamos sozinhos, procuro e encontro o Isaac encostado perto da janela nos observando.

— Ok, talvez não tenham sido apenas alguns ossos...

Imediatamente tento achar os sinais dos traumas, mas já se passou tempo suficiente para ela se curar.

— Nós conseguimos nos esconder em uma gruta atrás da cachoeira, a água ajudou a esconder o nosso cheiro. Tivemos que ficar lá por dias até os guardas do santuário pararem de nos procurar.

— Mas você estava ferida, como...

Ouço um rosnado familiar e olho para o Pran curioso pra saber o que o irritou, mas ele não olha pra mim, ao invés disso mantém o olhar fixo na nossa filha.

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