- Pat, se concentra!
Eu suspiro e abro os meus olhos.
- Eu nem sei por onde começar, Pran!
- Comece tentando entender o que está sentindo, você sabe que sou eu, tenta separar os seus sentimentos dos meus e depois... não sei... Sabe como em Palácio das memórias?
- Pran, fala a minha língua.
Ele suspira e arruma o cabelo.
- Palácio das memórias e uma técnica de memorização, você escolhe um lugar conhecido, como uma casa e dentro de cada cômodo você guarda uma memória, então você vai abrindo as portas e revendo as memórias.
- Mas eu não preciso lembrar de nada.
- Não, mas talvez isso ajude. Imagine que estamos no palácio com a porta que liga os nossos quartos aberta, quando você começar a sentir o que eu estou sentindo tenta imaginar que eu estou no quarto com esse sentimento e fecha a porta.
- Pran...
- Só tenta.
Eu suspiro concordo e arrumo a minha postura, estamos sentados na cama um de frente para o outro. Me concentro nele, que está levemente irritado por sinal, eu dou risada e sou atingido pelo seu amor com força.
- Pran?
- Fecha a porta, Pat!
Eu começo a sentir tontura e não sei o que fazer.
- Pran...
- Foco!
Eu tento me concentrar, mas não consigo, quando estou quase desmaiando ele se acalma e eu consigo respirar de novo.
- Pat? Como você está?
- Eu estou bem, me dá um minuto.
Ele me abraça e beija a minha cabeça.
- Me desculpe, meu amor!
Quando eu me sinto melhor eu me afasto.
- Eu estou bem.
- Pat, não podemos deixar isso acontecer mais, você tem que aprender a me bloquear.
- Eu sei, eu sei...
Eu respiro fundo algumas vezes e sorrio.
- Vamos tentar de novo, mas vai com calma, eu preciso conseguir pensar pra tentar fazer qualquer coisa.
Ele concorda e eu fecho os olhos mais uma vez.
Passamos o resto do dia nessa tortura sem fim, quando eu não aguento mais, ainda de olhos fechados eu coloco a mão direita no seu joelho e subo pela sua perna.
- Pat...
Eu sorrio e continuo chegando perto da sua virilha, ele segura a minha mão, mas não adianta, eu consigo sentir que ele está com muito tesão, eu coloco a outra mão na outra perna e deslizo devagar quando chego no meio da sua coxa ele me empurra para trás e pula encima de mim, olha nos meus olhos e eu começo a ficar de pau duro, ele abaixa lentamente, beija o meu pescoço e me morde. Aquela sensação maravilhosa se espalha a partir da mordida por todo o meu corpo enquanto estou perdido no tornado de sentimentos dele e meus. Ele levanta as minhas pernas e penetra com força, para de me morder e lambe o meu pescoço, então me beija e me fode rápido e forte, fazendo a cama bater na parede, continua acelerando e me morde mais uma vez.
Quando estou prestes a gozar ele para de repente e eu demoro um pouco para entender o que está acontecendo.
- Pran?
- Tem alguém batendo na porta.
Assim que ele fala isso eu ouço as batidas.
- Merda!
Eu levanto e coloco um calção, o Pran levanta também e coloca um roupão, quando ele amarra eu abro a porta.
O chefe de segurança olha para nós um pouco constrangido e se curva.
- Majestade!
Ele levanta e nos olha, abre a boca e fecha algumas vezes, pigarreia e fala.
- Foi solicitado que eu os acompanhe até os seus novos aposentos.
- Novos aposentos?
Ele me olha e concorda.
- O conselho acredita que é apropriado que sua majestade tenha uma residência própria.
- Porque isso de repente?
Ele vira para o Pran e fica vermelho.
- Para que vocês tenham privacidade.
Eu tento não rir da cara dele e olho para o Pran.
- Aguarde lá fora.
O guarda se curva e sai do quarto.
- Tudo bem isso?
Ele sorri, vem até mim e me beija.
- Acho que é a primeira vez que eu concordo com o conselho, nós precisamos de privacidade, Pat! Você está bem para ir agora?
- Eu estou um pouco cansado, mas estou bem.
Ele me olha preocupado, uma das coisas que eu não tinha contado para ele, mas ele acabou sabendo quando chegou é sobre ele estar me drenando e isso está deixando ele ansioso, não ajuda que ele está em uma guerra fria com o conselho, então ainda estamos com as mesmas perguntas, sem nenhuma resposta e quanto mais o conselho se mantém em silêncio, mais eu acredito que o Pran está certo e eles estão escondendo algo de nós.
- Pat?
- Sim?
Eu olho para o Pran que já está vestido.
- Eu vou assim mesmo, vamos chegar lá e tirar as roupas mesmo.
- Não, nós não vamos, você tem que descansar.
Eu nem tenho forças para discutir, seja lá o que fazemos durante o sexo ainda está me afetando, então é melhor ir de uma vez antes que eu desmaie na frente dele.
Eu ando pelo quarto pegando as nossas coisas, o Pran é muito mais organizado, então as coisas dele estão praticamente prontas, o que é muito bom, porque ele ganhou muita coisa. Quando estou pronto pego a minha bolsa e as duas malas dele e vou para a porta, abro e o chefe da guarda me ajuda.
Nós andamos até o outro lado do santuário e paramos na frente de uma cabana, o guarda nos dá as malas e as chaves.
- Se vocês precisarem de alguma coisa um guarda faz a ronda a cada uma hora, podem pedir para ele que nós providenciamos.
- Obrigado!
Ele sorri para o Pran e se curva, então vai embora, eu seguro as malas e começo a puxar, o Pran me segue em silêncio, quando chego na porta abro e entro, olho para o Pran e de repente estou caindo nos seus braços.- Você tem que me contar o que está acontecendo tio!
- Nós já explicamos que você está drenando ele durante o sexo, Pran.
- Mas nós paramos, fomos interrompidos, mesmo assim ele desmaiou minutos depois.
Eles ficam em silêncio e eu fico sentindo o Pran, ele está muito nervoso, então eu tento não me mexer, tenho certeza que ele ver que está me afetando agora não vai ajudar.
- Vocês sabem mais do que estão falando, tio, você precisa me contar o que sabe.
Mais uma vez eles ficam em silêncio.
- Você comece o mito da alma gêmea?
- Pelo amor de Deus Tio All, vocês têm que ter alguma coisa melhor do que lendas, mitos e poemas em paredes!
- Pran, mitos e lendas nem sempre são inventados, algumas vezes criam uma narrativa para se encaixar as crenças de um grupo de pessoa ou período, mas não faz deles menos verdadeiros.
- Ok, me conta sobre esse mito.
- Dizem que no início dos tempos os homens eram seres completos, com duas cabeças, quatro braços e quatro pernas, eles eram mais rápidos e fortes, tinham um campo de visão completo. Um dia os homens que se achavam perfeitos resolveram subir até o céu e lutar contra os deuses. Os deuses venceram a batalha e Zeus como castigo empunhou uma espada e dividiu todos os homens ao meio. Os homens foram lançados na terra com a forma que são hoje e cada homem passa a vida procurando pela sua outra metade, a sua alma gêmea.
O Pran que está ficando cada vez mais impaciente suspira alto.
- O que isso tem a ver com o que está acontecendo?
- O Pat te contou que nós acreditamos que durante o sexo um vampiro se alimenta não apenas do sangue do parceiro, mas também da sua alma?
- Outra coisa que não faz sentido!
- Faria sentido se você desse forma para a alma, imagine ela como luz, energia ou qualquer coisa que você se identificar. Você está drenando essa energia.
- Você quer chegar em algum lugar com tudo isso ou só está me enrolando?
- Nós consideramos a possibilidade de que a ligação de vocês é mais forte do que de qualquer outro porque as almas de vocês são uma só.
Agora o Pran está realmente irritado com a conversa.
- Tio, isso não faz sentido nenhum!
- Alguma coisa sobre vocês dois faz?
- Esquece isso. O que nós podemos fazer para ele parar de desmaiar?
Eles ficam em silêncio por um longo tempo e o Pran está prestes a explodir.
- É a única opção por enquanto, Pran.
Eu viro e olho para eles chamando o máximo de atenção possível para o Pran se acalmar e eu conseguir me sentar, ele me olha, sorri e começa a se acalmar, então eu sento e pergunto.
- O que aconteceu?
- Eu estava explicando para o Pran que a única alternativa para acabar com o seus desmaios...
- Tio All!
- A única alternativa é vocês pararem com o sexo.
- Ok, tio, você não ajudou em nada, mas obrigado por ter vindo.
- Pelo menos tentem diminuir toda essa atividade. Tivemos que realocar vocês porque os vizinhos reclamaram.
Agora eu entendo porque o Pran está irritado.
- Eu estou bem, isso não é nada, eu durmo e acordo bem, então não tem com o que se preocupar.
O All olha para mim e para o Pran, está estampado na cara dele que é melhor o All parar por enqunto e ele toma a melhor decisão e vai embora.
- Pran...
Ele fica em oscilando entre raiva e ansiedade, então olha pra mim e suspira.
- Ele está certo, Pat, temos que parar com isso, pelo menos até descobrir o que está acontecendo e como parar.____________________
Notas: Palácio de memórias é uma antiga técnica de memorização muito conhecida.O mito da alma gêmea foi criado por Platão que em seu livro O Banquete tenta definir o que é o amor.

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Puro Sangue
FanfictionEm meio a uma fuga para salvar suas vidas, Pat, um lobisomem e Pran, um vampiro puro sangue, são forçados a confrontar suas próprias naturezas e limites quando uma conexão proibida é estabelecida entre eles. Envolvidos em uma relação intensa e peri...