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Saímos para fora e eu sinto o Pran ficando tenso, não é para menos, a quantidade de guardas que estão nos esperando não parece coisa boa. Quero perguntar para o Isaac sobre isso, mas ele já se arriscou com aquela mensagem e ficando oculto ele pode nos trazer mais informações no futuro.

— Majestade!

Todos os guardas se curvam e o Pran apenas acena, levanta o queixo daquele jeito arrogante que só o príncipe Pran consegue e começa a andar, eu beijo a sua mão, solto e caminho atrás dele, prefiro proteger a retaguarda.

Passamos por várias casas e pessoas, isso está muito mais cheio do que a última vez que estivéssemos aqui.

— Não é por aí, senhor... Majestade...

O Isaac me olha assustado e eu sorrio para ele saber que está tudo bem, faço um sinal e ele vem ficar ao meu lado.

— O prédio do conselho fica a oeste, tio.

O Pran olha para o lado rápido tão surpreso quanto eu, um prédio? Isso com certeza mudou muito.

Nós viramos na direção que o Isaac apontou e percebo que estamos cada vez mais próximos a medida que o número de guardas a postos aumenta, todos lobos, o que é estranho, pois antigamente haviam vampiros na guarda também, a não ser que eles estejam planejando uma guerra contra vampiros, nesse caso não existe exército melhor.

Os guardas se curvam cumprimentando o Pran mais uma vez, mas não saem da frente da porta, um dos homens que nos acompanhou desde a casa vira de frente para nós e fala com uma voz tremida.

— Aguarde um momento, por favor, majestade, nós vamos anuncia-lo.

Está na cara que esses homens não conhecem o Pran.

— Saia da minha frente.

O homem se assusta e olha para os lados, então se afasta, o Pran caminha até a porta e fala baixo, mas ainda assim soa assustador.

— Aquele que entrar no meu caminho será banido do meu reino!

Na hora os guardas se afastam, os dois na frente da porta abrem ela e se afastam também. Nós entramos em uma área totalmente vazia, a nossa volta paredes lisas, janelas sem cortinas, um lustre muito grande e uma escada, acredito que seja um local para festas ou reuniões.

— O elevador, tio.

Faço um sinal, o Isaac vai até o elevador e aperta o botão, a porta abre e ele segura para nós, acho curioso eles terem conseguido construir um prédio desse, olho nos botões e confirmo, seis andares e um elevador, sem chamar atenção cruzando florestas e montanhas. É praticamente impossível.

O elevador para e nós descemos, o Pran esta ansioso e eu queria fazer algo para acalma-lo, mas não sabemos quem está nos observando, então bloqueio os seus sentimentos e fico alerta. Acho interessante o Paul sendo chefe da guarda não ter vindo nos acompanhar.

Chegamos em uma porta e o Isaac vai para a frente, ele olha nervoso para o Pran e a sua mão treme quando segura a maçaneta, mesmo assim ele destrava e abre as duas portas saindo do caminho para podermos entrar.

Todos do conselho nos olham surpresos, alguns se curvam em um cumprimento e os outros acompanham logo em seguida. O All sorri e se aproxima, eu olho em volta e não vejo o Paul em lugar nenhum.

— É sempre um prazer, Pran.

— Tio.

Eles se abraçam e quando se afastam ele olha pra mim.

— Gostei da barba.

Eu sorrio e abraço ele também.

— E o Paul?

Ele pisca algumas vezes com se mão tivesse entendido a pergunta, então responde.

— Ele não estava muito bem, então ficou descansando.

É óbvio que ele está mentindo, mesmo assim eu o abraço mais uma vez, quando se afasta ele olha para a Claire que fita o nada, exatamente como o Pran ensinou, para mostrar que ninguém é digno do seu olhar.

— Quem é essa, Pran?

Mesmo bloqueando os sentimentos do Pran eu consigo sentir uma onda forte de estresse, mas ele não deixa nada transparecer, ele é o príncipe Pran.

— Essa é a minha filha, a princesa Claire.

— Filha? Mas...

Ele fica encarando a Claire e sei que está tentando resolver um problema muito difícil, afinal chegamos aqui com uma loba e agora estamos com uma vampira.

— Eu explicarei tudo no seu devido tempo, mas primeiro, vocês vão deixar o seu futuro rei em pé?

O choque é visível em muitos rostos, provavelmente eles acreditavam que o Pran estava morto e que conseguiriam assumir o comando, eu vejo o desdém em muitos deles e tenho certeza de uma coisa, o Pran não está seguro aqui, não com o conselho querendo o que é seu por direito. Da última vez o chefe da guarda ficou ao nosso lado, será que por isso que o Paul não está aqui, não querem ele comentendo o mesmo erro?

O conselheiro Bill que ainda olha para a nossa filha sem piscar faz um sinal, os guardas saem e os membros do conselho sentam.

— Fiquem em pé ou se ajoelhem, mas nunca sentem quando um membro da realiza esta em pé.

Eu tenho um grande deja vu quando vejo o conselho se levantando, ficamos todos em silêncio até a Claire rosnar, eu fico alerta para o caso dela se transformar, mas de algum jeito o Pran conseguiu acalmar ela.

— O que aconteceu com a loba, Pran?

— No seu devido tempo, tio All.

A porta abre e os guardas trazem três cadeiras desses modelos de escritório, grandes e almofadadas, o Pran ajuda a Claire a se sentar e o Isaac da um passo a frente ajudando com o vestido, percebo que o Pran não gostou disso, mas quando olha para mim estende a mão sorrindo, eu não quero me sentar, mas não pegaria bem pra ele se eu recusasse, então eu seguro a sua mão, espero ele sentar na cadeira do meio e sento ao seu lado.

— Soube que vocês querem reivindicar o meu trono.

Antes mesmo do conselho sentar o Pran joga essa bomba deixando a todos sem reação, quem responde é o All.

— Não é bem assim, Pran, era apenas um plano de emergência, para impedir que o Wai seja coroado. Como você soube?

— Notícias correm, porque vocês acham que viemos para cá?

Fico aliviado dele não ter entregue o Isaac, mas o Pran é um grande estrategista, se eu pensei que podemos usar o Isaac, ele pensou o mesmo muito antes.

— Sentem-se.

Nós esperamos enquanto os membros do conselho sentam, o All sorri para nós e vai para o lugar dele, o Pran olha para o Isaac que está ao lado da nossa filha e eu faço um sinal para ele vir até mim, não sei qual o problema do Pran com ele, mas é melhor não deixar o garoto ser vitima da fúria dele.

— Já se passaram anos, onde vocês estavam?

O Pran levanta uma sobrancelha e responde com toda a arrogância que consegue juntar.

— Não se engane, conselheira, isso não é um interrogatório, eu não estou aqui para responder as suas perguntas.

A mulher que fez a pergunta, solta uma caneta e não diz mais nada, então o Pran olha em volta sério, aperta a minha mão e fala com voz alta e retumbante.

— Eu estou aqui para acabar com  a guerra cumprir a profecia.

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