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Eu chego no acampamento e a primeira pessoa que vejo é o Pran, não preciso dizer nada, é a mesma coisa dia após dia, estamos procurando a Claire há dez dias, mas não conseguimos encontrar em lugar nenhum, por sorte alguns homens de confiança do chefe da guarda ficaram no santuário e garantiram que ela não está lá, mas disseram que durante a fuga ela se feriu, não deveria ter ido muito longe, mas não está sendo localizada nem por nós,  nem pelos homens do santuário.

Eu vou até ele e o abraço, mesmo bloqueando eu consigo sentir o seu sofrimento, o Pran se sente culpado pelo que aconteceu, porque no fim o alvo sempre foi ele.

— Nós vamos encontrar ela, Pran, eu prometo!

Espero alguns segundos, então seguro a sua mão e levo para dentro da nossa barraca, não gosto que os outros vejam ele frágil e desestabilizado.

Nós sentamos no chão e eu deito a cabeça no seu ombro, ficamos em silêncio perdidos nos nossos pensamentos por um bom tempo, de repente eu sinto fome, mas não sou eu, é o Pran, desde que saimos do santuário ele tem evitado se alimentar, não quer que eu fique fraco com medo de um ataque, mas agora ele está ficando fraco. Sem pensar duas vezes eu me ajoelho e monto no seu colo, sei que o jeito mais fácil de fazer isso é deixando ele excitado, então o beijo e seguro as suas mãos colocando na minha bunda, o Pran tenta resistir, mas eu não desisto, continuo beijando e começo a me esfregar nele, quando o meu tesão se mistura com o dele eu o bloqueio, a última coisa que precisamos e de eu apagado por horas.

Quando o Pran aperta a minha bunda e rosna eu paro de beijar e guio a sua cabeça, os seus lábios tocam o meu pescoço primeiro em um beijo leve, então as suas presas rasgam a minha pele, aquela sensação incrível que nunca consegui descrever me invade e a minha coluna treme, o meu lobo quer assumir, mas infelizmente aqui eu não posso deixar, não com tantas pessoas a nossa volta, precisamos ser discretos.

Sinto a necessidade do Pran tão forte quanto a minha, acho que em todas essas décadas essa é a primeira vez que ficamos tanto tempo sem transar e mesmo com as muitas preocupações o Pran sempre vai ser como um lobo no cio.

~•~

Acordo com o Pran beijando a minha testa e por um momento penso que apaguei depois do sexo, mas não foi isso, ou melhor, eu apaguei, mas do jeito normal, passei o dia todo atrás da Claire, então depois que transamos eu acabei dormindo.

Lembrar da nossa filha perdida trás todo o peso do que estamos vivendo a tona, o conselho que nos perseguiu por dias até entrarmos em uma área na floresta que é vigiada por guardas do reino, estar aqui é arriscado para nós, mas muito mais arriscado para eles, então foram obrigados a recuar, o problema é que agora estamos acampados fora do alcance deles, mas muito mais próximos do que eu gostaria do Wai. Soubemos que a situação no reino está cada vez pior, mesmo não sendo coroado o Wai é um tirano, os lobos vivem em situações desumanas, qualquer um que questiona a sua liderança acaba preso e ele está cada vez mais paranóico por causa da insistência do povo sobre o príncipe herdeiro estar vivo, príncipe que agora é chamado de novo rei. Se ele já queria a cabeça do Pran antes, agora vai fazer de tudo para o matar, isso significa que eu terei que chegar nele antes, não importa o que as profecias dizem, não vou deixar o Pran arriscar a sua vida, eu mesmo vou enfiar uma estaca no coração do Wai.

— Você está bem?

Eu seguro a sua mão, beijo e sorrio.

— Estou bem, estava cansado.

Sou atingido pela sua preocupação, quando acordo é sempre mais difícil de bloquear as suas emoções.

— Eu estou bem de verdade.

O Pran fecha os olhos e encosta a sua testa na minha, por algum motivo começa a ficar triste e ansioso, então fala quase em um sussurro.

— Nós precisamos partir...

A dor dessas palavras fazem o meu coração despedaçar, porque sinto o quanto está sendo difícil para ele dizer elas, mas ele está certo, ficamos tempo demais aqui, tivemos sorte até agora, mas podemos ser descobertos a qualquer momento e já não temos onde procurar, percorrermos toda a região em torno do santuário e a floresta, a Claire com certeza não está aqui. Fecho os meus olhos e aceno apenas uma vez concordando, mais uma vez sinto o seu sofrimento enquanto os seus lábios tocam os meus e as suas lágrimas caem no meu rosto.

~•~

Saímos da barraca e os guardas param o que estão fazendo para saudar o Pran, o chefe da guarda que estava no limite do acampamento se aproxima, para na frente do Pran e se curva.

— Majestade!

— Preparem tudo, nós vamos partir ao amanhecer.

Todos parecem surpresos, tentaram nos dissuadir várias vezes, mas o Pran nunca cogitou a possibilidade de partir sem a nossa filha, apesar da surpresa ninguém discute, todos sabem que ficamos aqui tempo demais.

O Pran começa a caminhar e eu sigo ele de perto, com o chefe da guarda  logo atrás de nós, ele para em uma mesa improvisada e pega um mapa que está enrolado, fica olhando por um momento, então aponta.

— Vamos para essa vila, é discreta e tem poucos habitantes, chegaremos lá quando estiver anoitecendo, então não vamos chamar tanta atenção. Mande dois homens para lá imediatamente e peça para conseguirem uma casa grande ou uma fazenda, precisamos de tempo e espaço para nos organizar e recrutar.

— Recrutar?

— Sim, nós vamos primeiro invadir o santuário e prender cada membro do conselho e quem os apoiou no ataque contra mim, depois nós vamos tomar o reino.

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