Chegamos na porta do salão principal e o Gabe segura o meu ombro.
- Eu falei sério mais cedo, Pat, é melhor dizer o que está acontecendo senão as coisas não vão acabar bem para você.
Eu suspiro e não respondo, na verdade não estou conseguindo prestar atenção em nada com o turbilhão de emoções vindo do Pran.
As portas se abrem e eu me sinto tonto, olho para ele e falo bem baixo.
- Se acalma, Pran!
Ele começa a relaxar quando me ouve e alguém me empurra, eu volto a andar e o rei faz um sinal para parar, não cheguei nem até a metade do corredor, mas sei que é o limite da conexão de um familiar, uma conexão normal precisa de proximidade, por isso desde que se conectam vampiro e familiar nunca se afastam mais do que alguns poucos metros, o rei está me mantendo longe para não me conectar ao Pran.
Ele se arruma na cadeira, olha para o Pran e para mim.
- Você sabe porque está aqui?
Eu olho para o Pran que está com medo e não respondo.
- Porque vocês fugiram, Napat?
Eu me mantenho em silêncio e ele olha para o lado.
- Pran, porque vocês fugiram?
Ele também continua me olhando sem dizer nada, o silêncio se estende até o rei fazer um sinal e eu sentir alguma coisa batendo com força nas minhas costas, a pancada foi tão forte que sangue sai da minha boca junto com todo ar dos meus pulmões, eu caio de joelhos e tento respirar.
- Porque vocês fugiram?
Eu ainda respiro com dificuldade, mesmo assim levanto a cabeça, ele faz mais um sinal, eu fecho os olhos porque o sofrimento do Pran está me sufocando.
- NÃO!
Eu abro os olhos quando ouço o Pran gritar e ele corre para mim, se ajoelha na minha frente e segura o meu rosto enquanto chora, eu sinto quando os seus sentimentos começam a mudar, o sofrimento da lugar para o amor.
- Pran, não!
Ele sorri se aproxima e me beija. Tudo vira caos a nossa volta, mas ele continua me beijando, eu sei o que ele está fazendo, está quebrando todas as regras, um vampiro com o seu Familiar, dois homens, um vampiro e um lobisomem, tudo o que é proibido. Ele está quebrando todas as regras para me salvar com uma única regra, a lei suprema: O amor de um vampiro é sagrado! Eu sei que é nisso que ele está se apegando, pois a lei torna o amor de um vampiro intocável.
Ele se afasta e olha nos meus olhos.
- Eu te amo!
Mais uma vez tudo vira caos, as pessoas gritam sem parar, os guardas se aproximam sem saber o que fazer, mas a única pessoa que me importa é ele.
- Você está bem?
Ele me responde com o seu amor e sorri.
- Agora eu estou.
- PRAN!
Nós nos assustamos com o grito do rei e o Pran se levanta, eu tento ignorar a dor e levanto também.
- O que você pensa que está fazendo?
- Eu o amo, pai, amo tanto que seria capaz de morrer por ele, então se você vai castigar alguém, por favor, que seja eu!
Todos nos olham em choque e o rei nos olha com raiva.
- Eu vou perguntar mais uma vez, porque vocês fugiram, Pran?
Ele olha para mim e para o rei.
- Tentaram me matar, duas vezes no castelo, várias vezes depois que fugimos.
Ouvimos uma gargalhada e o Wai levanta da cadeira que está sentado a direita da rainha que nos olha com nojo, nunca gostei da mãe do Pran, agora gosto menos ainda.
- Você vai acreditar nisso, pai? Pra mim parece mais dois apaixonados que fugiram porque sabem que não podem ficar juntos.
O rei olha para nós e acena.
- Não invente mentiras, Pran, elas não vão te ajudar agora.
O rei levanta e olha para mim.
- As nossas leis podem te proteger a partir de agora, mas você nunca mais vai chegar perto do meu filho.
- Pai!
- A partir de agora o lobo Napat está banido do nosso reino sob a proteção absoluta das nossas leis, aquele que lhe fizer mal será punido com a morte!
- Pai, não! Você não pode!
O Pran está desesperado e eu também, eu tento pensar em alguma coisa, mas só consigo pensar que não vou conseguir proteger ele.
- Levem o príncipe para os seus aposentos.
Os guardas se aproximam e sou atingido pelo raiva do Pran quando da um soco jogando o mais próximo longe, eu tento bloquear os seus sentimentos para poder pensar, vários guardas ficam em torno dele e o seguram.
Eu fecho os olhos e respiro fundo, chacoalho a cabeça e foco nele, ando na sua direção, afastando os guardas, seguro a gola da sua camisa e puxo rasgando ela e expondo o seu ombro, imediatamente todos os lobos tiram as mãos dele e dão um passo para trás, eu me aproximo e beijo a marca da minha mordida no seu ombro que por causa do meu veneno vai ficar ali para sempre.
- Eu te amo!
Se tudo antes era caos agora o silêncio impera, isso nunca aconteceu na história, nunca um vampiro foi marcado como parceiro de um lobo, mas se ele vai apelar para a lei suprema dos vampiros para me proteger, eu vou apelar para a lei dos lobos: Todos protegendo um! Com o trauma que é para um lobo perder o seu parceiro, todos os lobos tem que proteger os parceiros com as suas vidas, não importa quem seja. Eu posso não estar aqui, mas os lobos vão proteger ele até eu conseguir voltar e também vai evitar que os mercenários ataquem ele, nenhum lobo, mesmo os mais cruéis desrespeitam as nossas leis.
Eu seguro o seu rosto e olho nos seus olhos.
- Eu juro que vou voltar para você!
Ele começa a chorar e acena, eu me aproximo e beijo ele, como despedida eu mordo a minha própria língua, quando sente o gosto do meu sangue ele segura os meu rosto e começa a sugar enquanto me beija, aquela sensação me invade novamente, é como uma droga, mais uma vez a única coisa que eu consigo comparar é a um orgasmo, mas é muito, muito melhor!
- O que vocês estão fazendo, levem o príncipe!
Eu me afasto ainda segurando o seu rosto e o beijo mais uma vez.
- Eles vão te proteger, pode confiar nos lobos.
Ele olha em volta e os guardas acenam, ele olha pra mim e acena também.
- Volta pra mim!
- Nem que seja a última coisa que eu faça na minha vida, eu prometo, eu vou voltar!
Eu o beijo mais uma vez e me afasto, faço um sinal e os lobos dão mais um passo para trás, eu olho para o rei e falo alto.
- Ele não mentiu sobre os ataques, eu matei um lobo que o atacou na noite em que fugimos, se vocês investigarem vão descobrir a verdade. Por favor, proteja ele!
O rei me olha com dúvida e raiva no olhar, eu toco o rosto do Pran mais uma vez, beijo o seu ombro e a sua boca , me afasto e vou embora, quando as portas fecham atrás de mim eu fecho os olho.
- Eu te amo, Pran!
Sinto todo o seu amor e fico feliz que a nossa conexão esteja intacta, vejo o Gabe atrás de mim e viro para ele, faço um sinal, começo a andar e ele e o Tom me seguem como se estivessem me escoltando, quando estamos quase no limite da cidade eu viro para eles.
- No que você estava pensando quando fez isso, Pat?
- Ele me amava e eu queria proteger o seu amor, se ele vai me amar para sempre eu vou ser seu para sempre.
- Você ama ele?
- Amo.
- Droga!
- Gabe, ele realmente está em perigo, o Wai está tentando matar ele.
Ele me olha surpreso e acena.
- Nós vamos protegê-lo, mas e você?
- Eu vou dar um jeito de voltar, nem que seja para fugir com ele novamente.
- Pat...
- Não se preocupe, Gabe, só protege ele pra mim.
Eu aperto as mãos deles e me afasto, paro e olho para o castelo.
- Eu vou voltar, Pran, eu prometo!
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Puro Sangue
Fiksi PenggemarEm meio a uma fuga para salvar suas vidas, Pat, um lobisomem e Pran, um vampiro puro sangue, são forçados a confrontar suas próprias naturezas e limites quando uma conexão proibida é estabelecida entre eles. Envolvidos em uma relação intensa e peri...