Acordo de repente sentindo o turbilhão de emoções do Pran, ele está ansioso, com raiva e preocupado, apesar da tontura que começa a tomar conta de mim eu tento mais uma vez falar com ele, estou tentando convencer a não fazer isso a cada oportunidade que tenho, não consigo entender porque ele está me deixando para trás.
— Pran, por favor...
Ele não se surpreende mais, mas dessa vez é diferente, normalmente ele me bloqueia quando percebe que estou conectado, mas agora ele nem tentou fazer, isso me deixa nervoso, se ele não está conseguindo se concentrar o suficiente pra me bloquear é porque está no santuário ou perto dele.
Assim que a minha coluna treme os outros lobisomens começam a acordar, em uma explosão o meu lobo assume e eu me transformo, não falta muito para o santuário, é melhor ir direto para lá ao invés de continuar seguindo o Pran.
Mesmo sendo muito difícil na forma de lobo eu me esforço para me manter conectado ao Pran, tenho certeza que quando for entrar no santuário ele vai dar um sinal.
A alcateia me segue sem questionar mesmo quando opto por sair da floresta e continuar pela estrada, é arriscado pois vamos passar pelo território de duas grandes alcateias, uma delas de mercenários, mas isso vai me poupar horas. Tentamos fazer essa parte do percurso o mais rápido e silenciosamente possível, mas quando estamos atravessando o segundo território alguns lobos param na beira da estrada para observar, assim que a fronteira é ultrapassada eles voltam para a floresta, acho que não representamos perigo ou o tamanho da minha alcateia os manteve longe.
Consigo ver o pico da montanha que dá acesso ao santuário no mesmo momento que sou preenchido pelo amor do Pran, mesmo como lobo é tanto amor que me desequilibro e quase caio, é isso, ele está no santuário.
As minhas pernas doem com a velocidade que estou correndo, percebo que os outros ficaram para trás, mas nesse momento não existem laços que me fariam parar, eu preciso encontrar o Pran.
De repente algo acontece e sinto uma raiva assustadora vindo do Pran, isso é bom, sem medo ou nervosismo, apenas a mais pura ira de um rei, tenho pena de quem está com ele nesse momento.
Chego na montanha indo direto para o túnel, não tenho tempo para pensar sobre isso, a fúria do Pran está ficando maior a cada segundo, ele só pode estar...
Eu tento parar de correr, mas na velocidade que estou acabo caindo e batendo a cabeça na parede, a minha visão fica embaçada por um momento, mas levanto chacoalhando a cabeça. Sou atingido e jogado contra a parede mais uma vez, ouço os rosnados a minha volta, mas o túnel é muito escuro para ver mais do que alguns centímetros que são iluminados pela tinta fluorescente dos desenho na parede, a história da minha primeira vida. Na minha frente está a parte que conta sobre a minha primeira morte, onde estou caído no chão, me fazendo lembrar como se estivesse acontecendo agora da dor de sentir o Pran morrendo, isso não pode acontecer, não de novo.
Em um pico de adrenalina eu levanto e corro para a direção onde estão os meus atacantes, percebo que eles não esperavam por isso porque antes de conseguirem reagir eu ataquei vários e agora estou no meio do grupo, são muitos, se eles estão aqui, o que aconteceu com o Pran? Me concentro por um momento nos seus sentimentos e nada mudou, apenas a raiva o domina, será que pegaram ele?
Ataco as cegas mordendo e arranhando qualquer coisa que se mova próximo a mim, mas nesse espaço pequeno logo estou encurralado. Os lobisomens do santuário me empurram para trás até encostar na parede e não ter para onde ir, cálculo qual a melhor forma de sair dessa para poder ir até o Pran, mas continuar lutando é a minha única opção. Estou pronto para pular sobre eles mais uma vez quando uivos são ouvidos, olho para a entrada do túnel e sei que é a minha alcatéia vindo até mim.
Entramos no santuário encontrando uma batalha sangrenta, procuro pelo Pran entre tantos lobisomens e vampiros, mas isso não está funcionando, vou ter que abrir caminho até ele.
Nós avançamos atacando os guardas do santuário, o equilíbrio da batalha rapidamente muda e conseguimos fazer o inimigo recuar, quando finalmente consigo encontrar o Pran vejo ele cercado, apesar de não gostar de ver ele nessa situação não posso negar que o Pran parece uma força da natureza quando está lutando, a graça e ferocidade com que ele atinge os inimigos me deixa sem fôlego. Como se soubesse que estou aqui o Pran para por momento e olha pra mim, sinto o seu alívio misturado com preocupação, essa combinação me deixa confuso, mas antes que eu consiga pensar no que significa eu vejo o conselheiro Bill apontando uma arma pra ele, o instinto me leva até ele mesmo sabendo que não serei mais rápido que a bala, o Pran olha na direção do disparo, mas também não é rápido o bastante para desviar, a dor do inevitável rasga o meu peito, quase consigo sentir o meu coração parando assim que o dele parar. Um segundo antes da bala o atingir um grande lobo pula na sua frente caindo no chão logo em seguida.
O alívio por ver que o Pran está bem não é o suficiente para me impedir de mudar o meu percurso e ir até o conselheiro, em um ataque rápido eu acabo com a batalha quando todos vêm a cabeça do conselheiro pendurada na minha boca e o corpo caindo no chão sem vida. Alguns guardas se rendem, outros fogem, os poucos que insistem na luta são abatidos em segundos, quando tudo acaba a minha alcateia vem até mim rosnando ansiosos.
— Pat?
O Pran se aproxima com cautela, primeiro a sua mão passa pela minha cabeça em um carinho tão familiar para o meu lobo, preocupação é tudo o que sinto vindo dele nesse momento. Ele para na minha frente e com cuidado tenta tirar a cabeça que ainda está presa entre os meus dentes.
— Acabou, Pat, você precisa se acalmar...
Ele fala isso com uma voz calma e doce, só então percebo que estou rosnando e em posição de ataque, claro que não para atacar ele, mas acabaria com qualquer um que tentar ameaçar o Pran novamente. Abro a minha boca deixando pegar a cabeça e ele acaricia atrás da minha orelha falando baixo.
— Consegue se transformar?
Eu tento, mas não consigo, enquanto não me acalmar o lobo vai estar no controle. O Pran beija a minha cabeça e olha curioso para os lobos a minha volta, estão todos olhando para mim. Como se lembrasse de algo importante corre até onde estava minutos atrás, eu não reconheço o lobo caído no chão até o Pran se ajoelhar ao seu lado e arrumar a sua cabeça que está torta.
— Isaac? Consegue me ouvir?
Prendo a respiração até ouvir um leve som de lamento vindo do lobo caído, graças a Deus ele está vivo! Caminho até eles e me surpreendo quando o Pran levanta carregando o lobisomem que parece grande demais para os seus braços delicados, o Isaac solta um grunido de dor e o Pran olha para ele preocupado.
— Vai ficar tudo bem, garoto, nós vamos cuidar de você!

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Puro Sangue
FanfictionEm meio a uma fuga para salvar suas vidas, Pat, um lobisomem e Pran, um vampiro puro sangue, são forçados a confrontar suas próprias naturezas e limites quando uma conexão proibida é estabelecida entre eles. Envolvidos em uma relação intensa e peri...