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Eu entro na cozinha e sento na mesa, fico observando o Pran que está fazendo café da manhã para nós, ele olha para mim e sorri, mas consigo sentir a sua preocupação.
- Você devia fazer bolo pra Claire, Pat.
- Mais tarde eu faço, ela já levantou?
- Ainda não.
- Não é melhor ir ver como ela está?
- Vamos deixar ela dormir um pouco mais.
Eu concordo e ele coloca um prato de ovos com bacon na minha frente, pega um copo de suco, dá a volta na mesa e para ao meu lado, se abaixa e me beija.
- Como você está, Pat?
- Estou bem, acho que só um pouco ansioso com essa história toda.
- Eu também...
Ele beija a minha testa e senta na cadeira ao meu lado, eu começo a comer e a Claire entra na cozinha.
- Bom dia!
Nós olhamos para ela que está sorrindo como se nada tivesse acontecido, levantamos e vamos até ela, eu pego a sua mão e o Pran segura o seu rosto.
- Você está bem, princesa?
Ela beija o rosto dele e o meu.
- Por isso vocês são os melhores pais que eu já tive! Eu estou bem, mas estou com muita fome!
Ela senta na minha cadeira e come o meu bacon, o Pran senta ao lado dela e eu na sua frente.
- Você lembra do que aconteceu?
A nossa filha olha para o Pran e acena.
- Vocês devem ter ficado surpresos, sinto muito, não tinha acontecido nessa vida ainda, achei que tinha nascido sem as visões, acho que só não tinha o que ver até agora.
- E o que você viu?
Ela olha pra mim e faz uma careta como se estivesse se concentrando.
- Nada muito claro, mas alguém vai morrer, vai ter um enterro e tudo vai começar.
- Alguém vai morrer? Quem?
- Não tenho certeza...
Ela faz uma cara frustrada, fecha os olhos e massageia a têmpora.
- Queria me lembrar de mais coisas, mas eu só lembro da profecia.
O Pran olha para mim e sei que ele está pensando o mesmo que eu, seguindo a nossa sina eu só vou morrer quando ele morrer, então a única que está em perigo é a nossa filha.
Ela suspira, abre os olhos e volta a comer.
- Não tem bolo?
- Não, sinto muito, prometo que faço bolo de chocolate pra você mais tarde.
Ela suspira mais uma vez e cutuca o ovo.
- Eu queria comer o bolo...
- Eu vou fazer.
Ela me olha e sorri, come o resto do ovo e bebe o suco.
- Eu vou pro laboratório.
- Mais tarde eu vou lá.
Ela concorda com o Pran e se afasta, mas para a nossa surpresa ela volta e abraça o Pran que ainda está sentado, então vem até mim e me abraça também.
- Eu amo vocês!
- Nós também te amamos!
O Pran se aproxima e nos abraça.
- Nós te amamos, princesa!
Depois que ela sai eu vou até o Pran que está muito mais ansioso agora e abraço ele.
- Nós vamos proteger ela, Pran!
- É melhor irmos embora e deixar ela aqui, ou mandar ela para outro lugar, uma universidade em outro país ou algo assim, qualquer coisa que mantenha ela longe de nós... Longe do perigo...
Eu me afasto e olho para ele, não sei o que pensar disso, nunca pensei em ter a nossa filha longe de nós.
- Se ficar perigoso nós faremos isso, essa visão pode acontecer hoje ou em duzentos anos, não tem como saber.
Eu espero ele se acalmar, mas não acontece, então eu apenas beijo o seu pescoço e espero.

Tiro o bolo do forno e coloco na mesa, pego a calda e jogo por cima, quando está pronto o Pran vem até mim e me abraça.
- Agora que isso está pronto, o que você acha de ir para o quarto para eu terminar aquele quadro?
Eu sorrio e viro para ele.
- Eu adoro aquele quadro, seria melhor ainda se você estivesse deitado na cama comigo... Fazendo amor...
Ele me olha surpreso por um momento, de repente sorri.
- Eu posso reproduzir uma foto.
- Ótimo, então vamos treinar algumas poses e tirar muitas fotos para escolher a melhor.
Ele fica com tesão e sinto a minha coluna tremendo, é a lua cheia, ela já está afetando o meu lobo.
Ele me beija e segura o meu pau, desce até o meu pescoço e me morde, quando eu abaixo a sua calça ouvimos um barulho no laboratório e saímos correndo.
- Claire?
Eu chego nela antes do Pran e me abaixo, ela está caída quase inconsciente.
- Filha, o que aconteceu?
O Pran se abaixa e pega o seu pulso.
- O coração dela está fraco! - Ele pega uma seringa na outra mão dela e olha em choque. - Claire, o que você fez?
Ela sorri, mas até o seu sorriso está fraco.
- Vai ficar tudo bem, pai, eu sei que vai!
O Pran levanta ansioso e bloqueio os sentimentos dele, não posso deixar ele me afetar com a nossa filha assim.
- Mas que droga, Claire, o que você fez?
Ele está olhando para o computador e mesmo bloqueando ele eu consigo sentir a sua raiva.
- Pran?
Ele me olha assustado e se abaixa novamente.
- Claire, princesa, olha pra mim!
A Claire pisca algumas vezes e abre um pouco os olhos.
- Por favor, me diga que você não fez aquilo!
Ela não responde, acho que já não tem força nem pra isso, mas sorri pra ele.
- Porque, filha? Eu podia te transformar!
Ela respira fundo com muita dificuldade.
- Eu sou filha dos dois, queria que os dois fizessem parte de mim...
Isso é tudo que ela fala antes de desmaiar.
- Não não não! Princesa, acorda, olha pra mim!
Ele levanta e começa a olhar vários papéis na mesa e jogar longe.
- Tem que ter um antídoto, uma cura, qualquer coisa!
Ele continua falando sozinho enquanto arremessa papéis e várias coisas de laboratório longe, vai até uma geladeira e fica olhando para vários frascos que tem dentro, fecha e volta para o computador.
Eu não sei o que fazer, então coloco a Claire deitada em um sofá e vou até ele, seguro a sua mão que está tremendo e o viro pra mim, ele está descontrolado e isso não é normal, ele nunca fica assim.
- Pran, se acalma, o que aconteceu? O que ela fez?
Ele fecha os olhos e inspira e expira algumas vezes tentando se acalmar, quando abre os olhos consigo ver a dor no seu olhar, mas ele está mais focado agora.
- Ela fez uma droga... um soro... por isso ela pediu o nosso sangue...
- Um soro? Pra que?
- Ela está tentando ser uma de nós. Não, não uma de nós, algo novo, uma anomalia... Um híbrido.

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