Assim que o Pran fala que vai cumprir a profecia tudo vir um caos, os conselheiros levantam e falam todos ao mesmo tempo o que torna impossível entender o que estão dizendo, o Pran espera pacientemente, depois de alguns minutos é o conselheiro Bill quem pede para se acalmarem, todos sentam, mas ele continua em pé.
— Vossa majestade não acreditava na profecia quando esteve aqui da última vez.
— Muita coisa mudou, temos novas informações, outras profecias surgiram e existem profecias passadas vocês nem ficaram sabendo, aquilo na parede é apenas o começo, esse é o fim.
— Outras profecias? Vocês têm uma xamã?
— Nós temos a mesma xamã.
Todos olham para o Pran confusos e ele acena para a Claire, ela sorri, levanta com graça e caminha até o conselheiro que ainda está em pé, eu tento levantar, mas o Pran segura a minha mão me impedindo, olhamos para a nossa filha e esperamos. A Claire coloca as mãos espalmadas na mesa e se inclina na direção do conselheiro Bill, quando fala é apenas um sussurro, mas é alto o bastante para que lobisomens e vampiros possam escutar.
— Eu quero respostas e vou tê-las de qualquer jeito, então ou você me conta o que sabe, ou vai virar comida de lobo, velho!
O conselheiro Bill dá vários passos para trás, tropeça na cadeira e cai no chão, a Claire vira para nós, pisca e caminha com calma até a sua cadeira, isso não teria nenhum significado para nós se não conhecêssemos a sua origem, pela confusão do conselho ninguém entendeu, apenas o conselheiro Bill que ainda está no chão, o Pran levanta e caminha até o meio da sala, eu quero ir até ele, mas apenas fico alerta enquanto o escuto.
— Nós vivemos oito vidas desde o início da guerra das espécies até agora, eu sou a princesa da história do túnel, o meu nome na época era Malee, o Pat era o lobo, filho do rei dos lobos, o nome dele era Niran e a nossa filha nos acompanha uma vida após a outra, vocês a conhecem como a xamã que criou esse santuário e escreveu a profecia.
Mais uma vez todos falam ao mesmo tempo, mas dessa vez o Pran levanta a mão e todos param na hora.
— Na sua ultima vida ela veio atrás de nós nesse santuário, tenho certeza que vocês lembram do senhor que torturaram até a morte.
O choque é geral, algumas pessoas até de boca aberta estão.
— Acredito que vocês entendem a reação da minha filha quando chegou aqui, já que foi sob as ordens de vocês que ela morreu de forma tão dolorosa.
— Sinto muito, majestade, mas o senhor quer mesmo que acreditemos que essa... A sua filha é aquele velho?
— Naquele dia você estava com um vestido roxo, um roxo muito escuro quase negro, a primeira vez que o guarda me cortou com a faca você se afastou e tentou não olhar, mas a curiosidade foi maior e você assistiu cada segundo do que fizeram comigo.
A mulher que questionou o Pran olha horrorizada para a nossa filha enquanto ouve o seu relato.
— Vocês acreditam no poema que eu deixei em uma parede, mas não acreditam na minha própria palavra. O que posso dizer sobre isso? Será que vocês ainda acreditam ou apenas estão usando a fé das pessoas para travar as suas batalhas?
O silêncio toma conta da sala sob o peso das palavras da Claire.
— Desculpe, Majestade, mas... A Loba...
Um homem que eu não conheço fez a pergunta, deve ser um membro novo do conselho, esse ainda vai ter que aprender a ficar de boca fechada perto do Pran. Acho que o Pran deixou claro que foi a Claire que atacou o conselheiro Bill quando chegamos, mas eles ainda parecem confusos com isso.
— A princesa Claire é a loba.
— Pran, eu não quero te questionar, mas ela é uma vampira.
— Sim, tio All, a Claire é uma vampira... mas também é uma loba, transformada com as mordidas do Pat e minha, e imortalizada com o meu sangue.
A sala explode mais uma vez, todos os membros do conselho falam ao mesmo tempo incluindo o conselheiro Bill que se levantou quando perguntaram sobre a loba, o meio da confusão a voz do All se sobressai.
— Pran, todos nós sabemos que isso é impossível. Como isso aconteceu?
O All espera a resposta, mas o Pran fica em silêncio. Eu achei que ele tinha um plano ou uma história, será que ele mudou de ideia? O Pran levanta mão fazendo todos ficarem em silêncio, olha para Claire e para mim, quando olha para a frente fala em voz alta acabando com os cochichos.
— Uma das profecias dizia que aquela que estava conosco desde o início faria parte de nós no fim. Levamos anos para interpretar essas palavras e chegamos a conclusão que ela seria parte de nós se transformando, não pela mordida de um, mas dos dois.
— Isso é impossível!
— Nós tivemos oito vidas revivendo sempre a mesma história e morrendo do mesmo jeito. O Pat e a Claire têm as memórias de todas as outras vidas, estamos indo acabar com uma guerra que começou com o nosso amor e a nossa morte há séculos atrás. O que pode ser impossível na nossa história, tio?
Não sei como o Pran inventou essa história, mas é muito melhor do que dizer que a nossa filha criou um soro no laboratório que pode ser usado de forma incorreta, levando a muitas mortes, sem contar que isso vai testar a crença deles, como a Claire disse, talvez eles estejam apenas usando a fé das pessoas em benefício próprio, não seriam os primeiros nem os últimos a fazerem isso.
O conselho parece equilibrado, alguns céticos e outros deslumbrados olhando para a Claire, ela é realmente única e a sua beleza sempre faz ela se destacar, depois que virou vampira ficou ainda mais linda. Por mais que queiram negar eles não podem dar outra explicação, eles viram a Loba e agora estão vendo a vampira.
— Ela completou a transformação?
Essa pergunta me pega de surpresa, sinto a tensão do Pran, mas como sempre ele não demonstra nada.
— Ela não precisou, como ela é parte lobo pode se alimentar normalmente, então não precisa de sangue.
— Uma vampira que não bebe sangue?
— Exatamente.
— Ela tem presas?
— Como eu disse desde o início, isso não é um interrogatório, o que vocês precisam saber é que ela é a xamã, também é o ancião que vocês assassinaram e agora ela é a sua princesa.
Percebo que eles ficaram mais desconfortáveis quando são acusados de assassinato do que com as outras informações, mas o que eles esperavam, que iam torturar alguém até a morte e esqueceriam disso para sempre?
— Você disse que vai cumprir com a profecia, Pran, como?
O Pran vem até mim e segura a minha mão, eu aperto quando sinto a sua tristeza, nós sabemos que esse é o único jeito, mas o Pran jamais escolheria isso se tivesse outra opção. Depois de um breve momento ele relaxa e olha para o conselho.
— Eu vou matar o Wai.

VOCÊ ESTÁ LENDO
Puro Sangue
FanfictionEm meio a uma fuga para salvar suas vidas, Pat, um lobisomem e Pran, um vampiro puro sangue, são forçados a confrontar suas próprias naturezas e limites quando uma conexão proibida é estabelecida entre eles. Envolvidos em uma relação intensa e peri...