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- Pat? Pat?
Eu abro os olhos e sinto que estou sufocando, o All bate no meu rosto e fala alguma coisa, mas não consigo escutar, sinto que estou sendo engolido pelo desespero novamente e fecho os olhos, respiro fundo e falo num só fôlego.
- Pran se acalma por favor!
Sinto um alívio imediato e ele começa a se acalmar, ainda está ansioso, mas está mais calmo. Respiro fundo mais uma vez e abro os olhos, ainda estou no templo, mas agora tem três anciãos a minha volta.
- Você está bem?
Eu me apoio no All que me ajuda a sentar e aceno.
- Eu vou ficar bem.
Ele me olha preocupado, então olha para os anciãos.
- Eu falei para vocês que manter eles afastados é pior, o que vocês acham que vai acontecer se o Pran for atacado? Vocês viram agora como a conexão deles é forte, não dá pra esperar ele aprender a desconectar, nós temos que resgatar o Pran!
- All, aqui não é lugar para falar sobre isso.
Olho para a mulher que disse isso, ela é uma loba de 120 anos, uma das mais antigas que moram aqui no santuário, é o tipo de pessoa que já viu muita coisa ruim e nada a afeta.
Eu me apoio no All mais uma vez e ele me ajuda a ficar em pé.
- Você queria que eu te escutasse e agora eu sei o que vocês pensam, eu não acredito em nada disso e mesmo que acreditasse não faria diferença, eu vou buscar o Pran com ou sem vocês, como eu disse cada minuto que eu perco aqui o perigo para ele aumenta.
Eu dou um passo e quase caio, ele me segura e ajuda a me equilibrar.
- Você não está bem, Pat!
- Está tudo bem, o Pran só está ansioso, eu converso com ele no caminho, ele vai se acalmar.
Eu chacoalho a cabeça para ajudar a afastar a tontura e começo a andar.
- Pran, eu preciso que você relaxe pra eu poder contar a história toda pra você.
Ele ainda está ansioso, mas está oscilando, acho que está tentando relaxar, conforme vou conseguindo andar normalmente eu vou contando o que aconteceu.
- Como eu disse eles acham que somos os dois da história do início da guerra que reencarnaram ou algo assim, acham que vamos acabar com a guerra.
Sinto a sua dúvida.
- Eu também não sei, talvez seja algo sobre.... Como é a última parte?
- Reconstruindo o que se partiu, no amor.
Eu olho para o lado e suspiro.
- Eu não vou ficar, All!
O Pran fica ansioso mais uma vez.
- O All está aqui, Pran. A última parte é sobre reconstruir o que se partiu, acho que o fim da guerra é sobre isso.
- É isso mesmo - Eu suspiro e paro de andar, então ele continua. - A guerra nunca acabou, enquanto os lobos forem escravos a guerra vai continuar.
- Eu não sou um escravo.
- Você é, Pat, você nunca viu assim porque você sempre amou o Pran, mesmo quando vocês eram crianças todos podiam ver que você o amava, por isso que você não vê desse jeito.
- Não é assim que as coisas funcionam, All.
- Então me diga uma coisa, se você tivesse um filho, ele seria familiar de alguém.
- Claro!
- E o que aconteceria se o seu filho crescesse e quisesse fazer outra coisa?
- Porque aconteceria? É uma honra ser um familiar!
- É mesmo? O que aconteceu com o familiar do Wai?
- Ele morreu em um acidente.
- Se você chama o Wai obrigar ele a se transformar e depois caçar e matar ele com uma flecha de acidente, então sim, foi um acidente.
- Ele... Ele não...
Eu não sei o que dizer disso, o que todos sabemos é que ele morreu em um acidente, mas se o Wai quer matar o próprio irmão, ele poderia sim ser capaz de fazer o mesmo com o seu familiar.
- O que teria acontecido se você não fosse o amor do Pran? O que aconteceria se decidisse ir embora e deixar o Pran para trás? Vocês são escravos que são bem tratados, muitas vezes como no seu caso como alguém da família, mas vocês são escravos.
Eu sei que ele está certo, eu mesmo já joguei na cara do Pran que a única coisa que os vampiros não conseguiram tirar de nós foi a nossa escolha de parceiros, mas nem isso não é verdade, isso só funciona para os lobos criados, normalmente um familiar tem como parceiro outro familiar, só assim podemos nos reproduzir, através da linhagem original, um lobo criado não consegue se conectar a um vampiro, então para a continuidade da espécie nós temos sempre que aceitar o parceiro que é escolhido para nós... Mas nada disso importa agora.
- Eu estou indo te buscar, Pran!
Eu volto a andar e ele anda ao meu lado.
- Você não pode ir...
- Fica olhando então!
Eu começo a tirar a minha roupa e jogar pelo caminho, preciso ser rápido caso tentem me impedir de sair. Quando chego na montanha vários guardas estão na entrada do túnel, eu calculo quais as minhas chances, mas elas não são boas, então eu paro e olho pra o All.
- Eu sou um prisioneiro agora?
- Não, mas nós precisamos te manter seguro.
- Eu não vou estar seguro até o Pran estar seguro!
- Eu sei disso, me dá um tempo para conversar com eles.
- Vocês não vão me manter aqui, eu saio em oito horas, vocês querendo ou não.
Ele suspira e concorda, eu olho para o túnel mais uma vez, tem guardas dentro e fora dele, com certeza eu não vou conseguir ir para lugar nenhum agora.
Volto juntando a minha roupa.
- Pran, o All pediu um tempo para convencer os outros a irem comigo, me espera só mais um pouco.
Eu sinto que ele está preocupado, mas não vou contar que não querem me deixar sair, só iria piorar as coisas.
- Está tudo bem, eu dei oito horas para eles, vamos ver o que vão decidir, enquanto isso, o que você acha de relaxar?
Ele ainda está preocupado, mas se anima, se nós somos reencarnação dos dois jovens da história, o Pran na outra vida com certeza era o lobo, ele parece estar sempre no cio.
- To chegando no meu quarto, começa a tirar a roupa.

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