Escolha Certa?

23

Mafe
O meu dia foi péssimo, mandei mensagem para o Marcelo pedindo para trabalhar de casa por uns dias e ele autorizou. Eu precisava assimilar tudo o que tinha acontecido, colocar na balança se valeria ou não a pena tentar salvar um casamento que já estava de mal a pior. Por outro lado, trabalhar e focar nos meus projetos me fazia sentir aliviada.
...

Martina - Ah, desculpa. Eu não sabia que vocês estavam em reunião.- falo já saindo da sala que acabei de entrar.

Marcelo - Não estamos. Você precisa de alguma coisa?

Mah - Na verdade eu estou procurando pela Mafe, passei na sala dela algumas vezes e ela não estava, liguei, mandei mensagem, mas ela não atende e não está visualizando... Eu preciso que ela olhe algumas peças que me pediu para que eu possa fazer ou não a encomenda.

Marcelo - Ela pediu para trabalhar de casa por alguns dias, mas é estranho, era para ela atender...- penso.- Ou talvez ela só esteja ocupada...

Mah - Sim, pode ser isso. Vou continuar tentando.

Lucas - Cê sabe onde ela mora?- ela concorda.- Quem sabe cê não passa lá e vê se ela está bem, se precisa de ajuda ou algo do tipo.

Mah - Pensei nisso, vou assim que terminar o meu expediente.

Lucas - Pode ir agora, eu te libero.- ela fica visivelmente feliz.

Mah - Obrigada chefinho, vou para lá agora mesmo.- me despeço e saio.
No caminho mando mensagem, mas ela se quer visualiza, chego no edifício e o porteiro interfona e não demora muito para eu ser liberada. Subo um pouco angustiada com a falta de notícias dela e fico mais angustiada ainda quando ela abre a porta com uma péssima aparência.- Minha nossa senhora. O que houve com você?- abraço ela.

Mafe - Oi. Como você está?

Mah - Preocupada né, você não atende e não responde...

Mafe - Desculpa, a minha cabeça não está boa para ficar falando...

Mah - O que houve?- sentamos de frente uma para outra e ela conta a situação sem dar muitos detalhes.- Mas quem aquele canalha pensa que é?- bufo de raiva.

Mafe - Fiquei com tanto ódio que não consegui nem responder, só acertei a mão na cara dele.

Mah - Bem feito, aquele miserável. Desculpa amiga, mas sempre achei que ele não te merecia. Tem alguma coisa nele que não orna sabe...

Mafe - Ontem ele veio aqui, a princípio viria buscar o resto das coisas dele, mas veio com um papo de que se alterou quando me viu com o Lucas, que na hora da raiva falou aquele monte de besteiras, mas eu não consigo mais olhar pra ele da mesma forma. Parece que quebrou algo aqui dentro e já não é mais a mesma coisa.

Mah - É complicado...

Mafe - As coisas já não estavam muito boa, as noitadas dele com os amigos como se fosse solteiro, saia em um dia e voltava no outro, bebedeiras, gastos exagerados... Ele nunca tinha dinheiro pra nada, as contas da casa praticamente tudo comigo, fora que eu nunca podia contar com ele pra absolutamente nada.

Mah - Por que você nunca disse isso antes?

Mafe - Ah, sei lá. Eu achava que casamento era assim mesmo, se a mulher não tinha o marido supria e vice versa, com o tempo comecei a achar um pouco estranho, a gente discutia as vezes mas sempre acabava fazendo as pazes. Depois dessa briga horrível que tivemos, eu parei para pensar e percebi que tinha muita coisa errada, eu sempre fazendo tudo por ele, pelo nosso lar, por nós, mas eu nunca me senti uma prioridade para ele.

Mah - Desculpa amiga, mas isso sempre foi nítido.

Mafe - Acho que quem vê de fora vê de outra maneira, quem está dentro acaba ficando meio cego. O start pra mim, foi um dia que ele ficou com o meu carro e ficou de me buscar, eu fiquei muito tempo na frente do escritório esperando por ele, começou a chover e nenhum carro de aplicativo me aceitava. Eu me senti tão, tão frustrada aquele dia. Aí do nada o Lucas surgiu com um guarda-chuva, me ofereceu carona e é lógico que eu não aceitei né, então ele disse que iria ficar ali até um carro me aceitar pra não me deixar sozinha. Ele se preocupou mais comigo do que o meu próprio marido.

Mah - Aí, que fofinho. Ele ficou esperando até você ir embora?

Mafe - Na verdade eu acabei aceitando a carona depois de um tempo, nenhum carro me aceitava e eu já estava cansada... Dali pra cá, fui percebendo e relembrando muitas coisas que o Léo já me fez passar e sinceramente, estou cansada e não quero mais passar por isso.

Mah - Você está coberta de razão, uma deusa dessas e aquele traste não dá valor.

Mafe - Foi exatamente isso o que eu senti, me senti desvalorizada, porque eu sempre estava aqui pra ele...- choro.

Mah - Aí amiga, conte comigo pra tudo o que você precisar.- consolo ela, porque sei de todo os seus esforços.

Mafe - Desculpa o desabafo, eu não queria te encher com os meus problemas e também não quero que você deixe de acreditar no amor, porque eu tenho certeza de que ele existe.- ela ri.

Mah - Imagina, você não me enche nunca e eu sei que o amor existe, inclusive ele espera na chuva até ver o seu amor em segurança.

Mafe - Olha, tu para.- rimos. A Mah almoçou comigo e passou o resto do dia aqui, foi muito bom poder desabafar e contar com ela.