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Poucos dias depois

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Poucos dias depois...

Clara - A gente pode conversar?- bato na porta da sala dele e ele olha na minha direção.

João - Podemos...- me ajeito na cadeira enquanto ela se aproxima.- Fica a vontade.- ela senta na cadeira de frente para mim.

Clara - A gente não se falou mais, você passa por mim e mal me comprimenta. Achei que você ainda estivesse bravo comigo então quis vir conversar...

João - Não estou bravo, fiquei chateado com a situação na sua casa aquele dia, mas o fato de não estarmos conversando é porque aquele dia eu disse pra você me procurar só quando tivesse certeza do que você queria. Eu não iria ficar correndo atrás de uma pessoa que ainda pensa em outra...

Clara - Eu não estou atrás de ninguém...

João - Não foi o que pareceu pra mim.

Clara - Eu não espero que você me entenda, aliás, eu acho que ninguém é capaz de entender, mas aquilo foi só um desabafo de uma mulher que passou anos da sua vida desejando ser vista, ser amada...

João - É, realmente eu não consigo entender, porque na minha cabeça eu estava fazendo tudo isso.

Clara - Sim, João, você estava. Mas aquele desabafo foi por todos os anos que precisei engolir aquele sentimento. Não era referente a nós.

João - Eu me afastei pra que você tivesse tempo de se entender, pra resolver o que você realmente quer. Existe um sentimento genuíno por você aqui dentro de mim, mas eu não sou mais um adolescente e eu não vou ficar me diminuindo pra tentar caber onde eu não sirvo.

Clara - Eu sei, e eu sinto muito se de alguma forma fiz você se sentir assim. Você tinha razão, eu consegui me analisar e estava realmente me tornando uma pessoa amarga, mas eu não quero isso. Eu quero ser a pessoa que sou quando estou com você, leve e feliz... Se você... Sei lá, achar que eu mereço outra chance.- ele permanece em silêncio, apenas me olhando seriamente.- Era isso que eu queria dizer, vou voltar pra minha sala.- levanto e dou poucos passos em direção a porta até sentir um toque suave na minha mão.

João - Você quer almoçar comigo hoje? Sei lá... Recomeçar?- ela sorriu e concordou com um balançar de cabeça.- Te pego meio dia em ponto no hall de entrada.

Clara - Estarei esperando ansiosa.
...

Lucas
Chego em casa e não encontro Nanda e nem a Gabi, chamo, mas não tenho resposta. Vou entrando e as encontro no nosso quarto, Nanda tem um cabide daqueles cobertos nas mãos, o nosso apartamento está cheio de caixas com os nossos objetos por todos os lados. Faltam poucos dias para a nossa mudança para a casa nova, tudo está um caos, mas estamos felizes.

Nanda - Você está bagunçando tudo, vai acabar se machucando!- falo quando a Gabi derruba algumas caixas e ela simplesmente ri.- Eu não acho nada no meio dessa bagunça toda.- falo sozinha observando ela brincar com as caixas que derrubou.

Lucas - Daqui a poucos dias estaremos na nossa casa com tudo no seu devido lugar.- ela me olha assustada, pois ainda não tinha me visto.

Nanda - Que susto!- ele se aproxima me abraçando pela cintura e me beija.

Lucas - Tá tudo bem?- pergunto enquanto pego a Gabi no colo.

Nanda - Sim, e você?

Lucas - Tudo bem!

Nanda - Você chegou mais cedo hoje...

Lucas - Estava com saudades de vocês duas.- ela ri.

Nanda - Eu passei a manhã toda com você no escritório.- ele riu.

Lucas - É... Cê saiu mais cedo e parecia preocupada. Tá tudo bem mesmo?

Nanda - Sim!- ele me olha sem acreditar muito na minha resposta.- Ah, eu estou um pouco nervosa. É muita coisa pra fazer, essa bagunça toda, a mudança, as coisas do casamento... Está quase chegando o dia e parece que ainda falta tanta coisa.

Lucas - Mas a gente já não viu tudo?

Nanda - Eu não sei!- falo um pouco desesperada e ele ri.

Lucas - Acho que você só está nervosa.- ela concorda.- O que é isso?- me refiro ao cabide coberto que ela ainda segura.

Nanda - O vestido do nosso casamento. Eu fui buscar hoje, mas também já não sei se gostei.- ele riu.

Lucas - Mas cê tá experimentando ele há meses...

Nanda - Eu sei, mas...- fico aflita, sem saber explicar e rimos.- Eu nem acredito que a gente vai casar de verdade.- ele se aproxima novamente.

Lucas - Eu penso nisso todo dia, acordo e fico olhando você dormindo e só agradecendo a Deus por ter você ali, bem do meu lado.

Nanda - Ah, para!- os meus olhos ficam marejados.- Eu já estou desse jeito e você vem me fazer chorar.- ele ri e me dá um selinho.

Lucas - Vai dar tudo certo! Cê só está nervosa, ansiosa e um pouco aflita com essa bagunça, mas falta pouco pra gente colocar tudo em ordem. Falta pouco pra gente viver todos os planos que fizemos juntos.- ela sorriu. Ajudei a reorganizar as caixas que a Gabi tinha derrubado e passamos o resto da tarde juntos.

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