Escolha Certa?

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Clara
Os dias após toda aquela situação foram muito estranhos. Tentamos manter as aparências por causa dos nossos filhos, mas estávamos nos falando muito pouco.
Encontrei com o João poucas vezes depois do flagra que o Lucas me deu, eu sentia um certo remorso por cobrar do Lucas coisas que eu não estava fazendo.
...

João - Se ele já sabe, pede logo o divórcio pra gente ficar juntos de vez.

Clara - As coisas não são tão simples assim, eu tenho filhos e preciso explicar para eles o que está acontecendo. Eu não quero que eles sofram.

João - Eles irão sofrer muito mais convivendo com pais infelizes e frustrados. Se você está feliz comigo, eles vão sentir isso e ficar felizes também.- me aproximo dela.

Clara - Eu sei, eu só preciso de um tempo para pensar melhor no que fazer.- ele concorda.
...

Lucas
Os meus dias se resumiam em enfiar a cara no trabalho e pensar na Nanda, a mãe dela veio do interior, então eu não tinha como dividir com ela o único horário de visita da UTI. Mas sempre que podia passava lá para ver a bebê e ter notícias dela.

Margô (mãe da Nanda) - A doutora realizou alguns exames e a atividade cerebral está normal, eles decidiram ir tirando ela do como induzido aos poucos para ver como ela irá reagir. Estamos muito confiantes.

Lucas - Não vejo a hora de ver ela bem.

Margô - Se Deus quiser ela vai melhorar logo.- conversamos mais um pouco e fiquei muito impressionada por saber que ela e o Lucas se reencontraram nesse momento tão difícil que minha filha passou. Fico feliz em ver a preocupação e interesse que ele mostra na recuperação dela e da minha neta, enquanto aquele inútil só veio ver a filha no dia em que ela nasceu.

Lucas - Eu quero muito ver ela, mas sei que só pode um visitante, então, se a senhora puder me manter informado sobre a evolução dela, eu agradeço.

Margô - Olha, se você quiser pode vir vê-la amanhã, eu a vejo todos os dias, eu cedo um dia a você.

Lucas - A senhora permitiria isso mesmo?

Margô - Claro!- os olhos dele brilham.

Lucas - Obrigado! Eu virei com certeza.- ela sorriu, nos despedimos e fui para o escritório.
Trabalho normalmente e a dona Margô manda uma mensagem dizendo que a bebê já ganhou peso suficiente e se estiver bem, receberá alta amanhã. Fico muito feliz com a notícia.
Saio a tempo de buscar os meninos na escola e aviso a Clara, passamos no mercado e eles ajudaram com as compras e escolheram lanches para levar pra escola. Chegamos em casa, fizemos um lanche juntos, brincamos, assistimos desenho animado e depois coloquei eles no banho, jantamos e depois de brincar mais um pouco, coloquei eles para dormir.

Clara - Oi. Boa noite!- ele estava lendo um livro sentado na cama e me olhou.

Lucas - Boa noite, tudo bem?- falo levantando para deixar ela à vontade no quarto.

Clara - Tudo bem, e você?

Lucas - Tudo bem, tudo certo com os meninos, dormiram no horário, jantaram bem e estão de banho tomado.

Clara - Eu imaginei, você é um pai nota 10.- ele sorriu e foi saindo.- Espera!- ele para.- Tem notícias dela?

Lucas - Está na UTI ainda, mas está estável, mas a bebê está bem e talvez tenha alta logo.

Clara - Que bom.- noto sua preocupação.

Lucas - Bom, boa noite.

Clara - Lucas.- ele para novamente.- Eu sei que já está tarde, mas a gente está adiando uma conversa que já deveríamos ter tido.

Lucas - Estou te ouvindo.

Clara - Acho que o que nos resta é o divórcio. Você ama outra pessoa e eu acabei me envolvendo com outra pessoa e...

Lucas - Quero deixar claro que eu e a Nanda não tivemos nada, mas não sou inocente não, eu quis muito, ela é que nunca me quis.

Clara - Que ótimo, já me sentia péssima, agora então sou a infidelidade em pessoa.

Lucas - Pelo contrário, estou tentando dizer que eu também te traí quando desejei outra pessoa que não fosse você.

Clara - Apesar disso tudo, eu preciso que você saiba que eu nunca amei ninguém como amei você e que os nossos filhos são a melhor coisa que aconteceu na minha vida.- ele se aproxima e beija a minha testa.- Precisamos encontrar uma forma de explicar a nossa situação para eles, de um jeito que não deixe marcas, nem traumas...

Lucas - Vamos encontrar um jeito, juntos.- me retiro e vou para o quarto de hóspedes.
...

Alguns dias depois...

Mafe
Abro os olhos e não consigo me mover direito, estou um pouco tonta e tem um aparelho na minha garganta. Parece que vou sufocar, fico agitada e ouço como se fosse apitos muito altos. Não demorou muito para uma enfermeira entrar e verificar aquele barulho todo, tento me mover e falar mas não consigo.

Enfermeira - Oi! Até que enfim você acordou.- algumas lágrimas escapam dos seus olhos.- Está tudo bem.- limpo os olhos dela e chamo os médicos que sem demora aparecem no quarto.

Mafe
Eles me examinam e fico um pouco assustada, já que só consigo mexer os olhos.

Médica plantonista
A paciente acordou repentinamente, um pouco assustada e letárgica, seus sinais vitais estão ótimos.- Você está se recuperando muito bem, tem muita gente aí fora torcendo pra te ver rapidinho.
Mais tarde naquele mesmo dia tiramos o aparelho que a ajudava a respirar melhor, a mãe dela ficou muito emocionada ao saber que ela acordou.
Aos poucos ela foi conseguindo se movimentar com o auxílio da fisioterapeuta, como ela ficou poucos dias desacordada, os danos foram praticamente zero. A sua fala ainda estava um pouco enrolada, mas nada fora do normal.