Ótimo

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     🐰 Freen POV


Merda, merda, merda, merda, merda, dormi com a Rebecca. Se bem que foi uma delicia. Não, espera. Cala os pensamentos, Freen. Finalmente abrir os olhos e olhei ao redor, ela ainda está na cama, e em um sono profundo. Levantei da cama e fui até o banheiro, peguei o frasco de remédio no armário e engoli uma pílula. Fui direto para o banho, a água fria me deu certo alívio. As gotas desciam pelo meu corpo e eu pude colocar meus pensamentos em ordem, as lembranças da noite anterior me atingem em cheio. Os beijos, as mãos passeando pelos corpos, o calor, os sorrisos, os olhares. Merda. Me enxuguei e sai do banheiro com um roupão, ela ainda dorme e eu consigo ver suas costas nuas. Visto um short jeans e uma blusa com a estampa do Bob Marley, penteio meus cabelos e vou até o criado mudo pegar um papel e uma caneta. Peguei as pílulas pra dor de cabeça e coloquei ao lado dela.

"Beba uma pílula, vai ajudar com sua dor de cabeça. Fique a vontade pra tomar um banho, as toalhas estão no armário do banheiro."

Deixei ao lado do frasco e a mochila dela em cima da cama, olhei no relógio e ele marcava pouco mais de sete da manhã. Saí do quarto e busquei um copo de água, o levando e deixando em cima do criado mudo ao lado da Rebecca. Foi até bom acordar cedo, pelo menos não vou acordar a base de tapas quando ela surtar. Isso se ela se lembrar. Sai do quarto e a primeira pessoa que encontrei foi a senhora Roberts, preparando panquecas.

- Bom dia, senhora Roberts. – falei e ela abriu seu habitual sorriso.

- Bom dia, querida. Acordou cedo. – ela disse, e por ser um domingo eu realmente acordei cedo.

- Pois é, vou ver se o papai já acordou e quer ir a praia comigo. – falei e ela assentiu. Segui até o quarto do meu pai e ele estava saindo do banheiro. – Conseguiu ir pra cadeira sozinho? – ele assentiu. – Pai, não faz assim. Me chama que eu te ajudo.

- Eu sei me virar e a fisioterapia tá ajudando bastante, além do mais, não queria te chamar e acordar sua companhia. – ele disse e eu arregalei os olhos.

- Por que o senhor sempre sabe? – perguntei e ele riu.

- Eu sou seu pai. Suponho que queira ir a praia. – ele disse cruzando suas mãos sobre seu colo.

- Já pensou em seguir a carreira de vidente? Sei lá, poderíamos fazer muita grana com esse seu poder. – falei já empurrando sua cadeira quarto a fora. Ficamos em meio a conversa paralelas ate chegar a praia.

- A garota que você dormiu é sua professora de filosofia? – ele perguntou com naturalidade.

- Ai pai, é tão complicado. – bufo, tinha poucas pessoas por ali, e em sua maioria fazendo exercícios matinais.

- Me explica, quem sabe eu não entenda. – seria realmente bom contar essa história complicada, e melhor ainda se for pra meu pai, ele sempre sabe o que fazer.

- Como o senhor já sabe, ela é minha professora de filosofia. Espera, como o senhor sabe disso? – perguntei percebendo que eu não havia contado isso pra ele.

- Ela me contou, é uma moça muito simpática. – é, muito, eu bem sei.

- Só com o senhor, por que comigo ela é uma filha da...

- Olha a boca, Freen. – ele me repreendeu. – Continue contando.

- Okay, eu meio que queria seduzi-la, pra conseguir alguma coisa. Pedi a Alice pra levar ela a um bar a alguns sábados atrás, ela ficou bêbada e eu a levei pra casa. – ele me interrompeu.

- Ela é a garota que chegou com você de madrugada?

- Ela mesma, continuando. Nós não transamos, só que ela não se recordou e acreditou que nós havíamos feito algo mais, além de apenas dormir. Eu fui explicar pra ela e nós trocamos algumas farpas, o que não é nenhuma novidade, a gente se bica direto. Mas quando ela ia sair, eu simplesmente a puxei e beijei, não sei por que fiz isso, impulso talvez. Mas pai devo te confessar, não me arrependo nenhum pouco. Ficamos quase duas semanas nos evitando, até que eu decidir ir caminhar a noite e vi a Sofia sozinha na praça, é uma criança, eu não podia deixar ela só, a levei pra casa e tive uma grande surpresa ao ver que a irmã dela é a Rebecca. Novamente trocamos algumas farpas e nos beijamos de novo. No outro dia ela me pediu desculpas e eu pedi pra levar Sofia pra passear, mas quando a busquei ela me contou que a irmã ia ficar só, então eu a arrastei pra casa ontem também. Depois de todo mundo ter se recolhido as meninas e eu fomos beber no bar do escritório, bebemos um pouquinho além da conta e mais uma vez as farpas, terminamos na cama. – contei lembrando de cada detalhe.

- É tem razão, é complicado, até por que ela é sua professora. – falou e eu assenti.

- Mas o senhor não sabe do pior. – ele olhou pra mim esperando que eu o falasse. – Ela é comprometida, tem um noivo.

- Você só se mete em confusão, filha. – ele disse alisando sua testa.

- Mas foi só uma vez, e além do mais, a gente se odeia. – expliquei dando de ombros.

- Se odeiam tanto que quando não estão aos beijos, estão na cama. – ele disse e eu paralisei. – Ou isso é algum novo tipo de gíria dos jovens? – ele perguntou com o tom debochado.

- Não vai acontecer de novo, pai. Tenho certeza. – voltei a andar em direção a nossa casa.

- Só os idiotas tem completa certeza, minha filha. – ele disse e eu não sabia o que responder, foi exatamente o que eu fiz, fiquei calada o resto do caminho. Ele sabia que eu estava pensando, por isso nem falou nada. Chegamos em casa já era mais de oito da manhã, as crianças estavam tomando café da manhã. Eu dei um beijo na cabeça dos três e me juntei a eles, acompanhada do meu pai, senhora Roberts também sentou ao nosso lado. As crianças falavam do filme que tinham assistido quando Rebecca apareceu com os cabelos molhados e sua mochila nas costas.

- Vamos Sofia. – ela chamou e a menina fez uma carinha triste.

- Toma café primeiro, Rebecca. Eu levo vocês. – falei educadamente.

- Não, obrigada. Vamos, Sofia. – ela chamou mais uma vez. Eu levantei e pedi pra Sofia esperar, peguei o pulso da Armstrong e a levei até a sala.

- Da pra parar, deixa a menina tomar café, e você também precisa, deve estar com uma ressaca horrível, tem que tomar um café puro. – falei e ela me encarava com raiva.

- Para de agir como se não tivesse acontecido nada, idiota. – ela disse, e nós estávamos discutindo em meio a sussurros.

- Aconteceu, já foi. Estávamos bêbadas, vai ficar agindo como uma imbecil o tempo todo? Sofia não tem que pagar pelos nossos erros. – falei e nós estávamos a poucos centímetros de distância.

- Ui, tá acontecendo uma discussão de relacionamento aqui. – Jen falou.

- CALA A BOCA, JENNA. – ela e eu dissemos ao mesmo tempo sem nem desviar nossa intensa troca de olhar.

- Eu não quero olhar na sua cara sem ser na escola, tá me ouvindo. – ela disse bufando.

- Ótimo, mas não vai privar a Sofia de se divertir e sair daquele ninho de cobras, que você chama de casa, de vez em quando. – falei e ela semicerrou os olhos.

- Ótimo, mas só por que eu vi que você realmente gosta da minha irmã. –  falou.

- Ótimo.

- Ótimo.

- Meninas, vamos tomar café? – meu pai chamou quebrando o clima tenso ali.

- Obrigada, senhor Sarocha, vou aceitar uma xícara de café. – ela disse e o acompanhou até onde todos estavam. Como pode ser o demônio comigo, e um anjo com todo o resto do planeta?



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E o dia seguinte foi só de "Ótimo" 😁 e a esperada discussão FreenBecky 

My Sweet Delirium - FreenBeckyOnde histórias criam vida. Descubra agora