EVERY DAY, ONE DAY

23.2 - Jantar

O dia correu como nunca e o trânsito está infernal e eu ainda estou passando no mercado. Onde eu bati a cabeça de manhã quando o convidei para jantar? Olho para o relógio já são 19:45hs, me indigno olhando para a fila do caixa a minha frente. A única certeza é que se continuar assim, já já estarei atrasada. Agradeço quando abre mais um caixa ao meu lado e sou a primeira a passar.

Chego em casa em 15min, olho para o relógio e me dá um certo pânico, pois marquei com o Antônio às 20hrs. - Não é possível que ele vai chegar na hora! Atrase! Atrase! – Falo sozinha.

Meu interfone toca às 20:10hrs, suspiro alto por que sei quem é e não consegui fazer nada do planejado. É isso... seja o que Deus quiser. Libero sua entrada no prédio e não demora 3 min até minha campainha tocar. Sem muitos rodeios, grito:

- Entra, tá aberta!

- Licença – ele fala assim que abre a porta, e coloca o rosto para dentro. Sorrio e aceno para que ele entre.

- Ai, me desculpe, o dia foi uma loucura, acabei de entrar passei pelo mercado para garantir que tivéssemos o que jantar e, ainda nem consegui tomar um banho – sorrio um pouco frustrada, ele me olha retribuindo.

- Não ri de mim! - Reclamo bicuda.

- Desculpa! Não era a intenção! Faz o seguinte... vai tomar banho, eu faço o jantar. Não tem problema. – Respiro um tanto mais calma ouvindo isso.

- Tem certeza? Não vai me achar uma péssima anfitriã?

- Está tudo bem, pode ir. Você é uma péssima anfitriã, mas eu sou um ótimo convidado. – Ele fala piscando. Nota mental, ele fica lindo fazendo isso.

- Se quiser, tem vinho na adega. Pode escolher o que julgar melhor. – Pisco de volta e percebo que ele não esperava. Também sei jogar! E assim, sumo em meu apartamento.

Ouço alguns barulhos de sacolas sendo abertas, armários batendo e panelas sendo manejadas. Espero muito que ele saiba o que está fazendo, ou vamos acabar pedindo pizza.

Alguns nem tão poucos minutos depois, surjo na sala. Minha opção foi por uma produção básica, camufladamente despretensiosa, short jeans confortável, regata branca com alça de renda, um tanto quanto decotada e justa. Descalça. Meus cabelos presos em um coque aparentemente feito rápido, mas com alguns fios soltos, de forma estratégica. Pouca maquiagem. Minha casa, minhas armas, minhas regras.

Agora que já estou do jeito que eu queria, posso olhá-lo com mais calma. Ele veio de camisa social por fora de uma calça jeans. Bem mais preparado que eu, certamente. Agora ele estava na minha cozinha, com as mangas dobradas. Gosto do que vejo. Parece que ele também.

Sinto seus olhos me analisando e percorrendo todo meu corpo. Bingo! Que comecem os jogos!

- Hmmm, o cheiro está maravilhoso, o que você está aprontando?! – Digo me aproximando e saindo do meu transe.

- Apenas uma massa de camarão e ostras. - Ele dá de ombros. Comprei a massa fresca hoje, e morar em frente ao mar me facilita com os camarões e as ostras foram uma sacada de mestre, vibro sozinha.

- Okay então, parece maravilhoso - sorrio e pego os itens para organizar a mesa.

Durante o jantar tudo corre bem, conversamos um pouco sobre o dia, rimos, bebemos pouco até agora, menos de uma taça de vinho cada um. 

- Você disse que ia trazer a sobremesa, o que trouxe? – Pergunto e vejo ele sorrir ladino.

- Então... para ser sincero, eu não faço ideia, apenas pedi a Vic uma sobremesa, pelo menos se estiver ruim não fui eu - levantou as mãos em rendição.

- Nossa que torta linda! – Digo realmente encantada. Preciso lembrar de cumprimentar a Vic.

Antônio recolhe os pratos do jantar e os leva para pia, enquanto eu levo a torta para a mesa, nos sentamos de novo. Sirvo um pedaço para cada. Não pude conter um gemido quando dou minha primeira garfada. Na mesma hora tenho a certeza de que essa sobremesa foi muito pensada. Para ter certeza resolvo perguntar:

- Por acaso você disse a ela para que precisava da sobremesa? – Ele somente confirmou com a cabeça enquanto me via comer. Tudo está explicado. Era um sabor sexy, com chocolate, pimenta e outras especiarias.

- Isso é sem dúvidas a melhor coisa que eu já coloquei na boca, você deveria provar – falo suspirante. Nesse momento percebo ele olhando para a minha boca, passo a língua onde seus olhos estão parados e encontro pouco de chocolate. No calor do momento, só percebo ele passar a mão pelo meu pescoço em direção a sua nuca, e se aproximar de mim.

Está acontecendo!

Olho dentro dos olhos dele, percebo seu pombo de Adão subir e descer e algo em mim esquenta ainda mais.

Ele olha pra minha boca, sorri e quando eu percebo seus dedos prendem minha nuca, ele se aproximou ainda mais, de uma forma tão lentamente que eu posso jurar que o tempo estava me castigando, sua boca tocou a ponta lateral da minha boca dando um beijo, minha sanidade foge no mesmo momento. Viro meu rosto em sua direção, minhas mãos largaram os talheres, meu corpo sai da cadeira, em segundos eu estava sentada em cima dele, enquanto nos devorávamos ferozmente.