Rio de Janeiro, novembro de 2022.
11:30 a.m., toca meu telefone. Quando olho no visor me assusto quando leio o nome do usurpador de mesa mais gato do Rio. Em um primeiro momento estranho e até desanimo um pouco, ele nunca me ligou, provavelmente é para desmarcar nosso programa de mais tarde. Atendo um pouco reticente...
– Antônio? Tá tudo bem? – A sensação que eu tenho é que estou vendo sua reação já que ouço uma risada baixinha um tanto anasalada
– Oi Amanda! Tá sim, na verdade eu queria saber se você está perto de casa, consegui vir almoçar e tinha pensado em cozinhar, se tiver por aqui e puder... vem almoçar comigo – Fico com vergonha pelos meus pensamentos ao mesmo tempo que me sinto feliz! Esperava tudo, menos um convite para almoçar, principalmente porque já temos um encontro mais tarde. Ele realmente tem pensado em mim!
– Ah Antônio! E agora? Quero! Mas estou do outro lado da cidade, com agenda para de tarde, não consigo ir e voltar a tempo... ahhh! Quero! – Bufo, fazendo drama. Ouço uma risada mais aberta – Não fica assim, nos veremos mais tarde. Não vai faltar oportunidade! – Nos despedimos e desligo. Me pego sorrindo.
A sexta vai acabando e eu logo chego em casa. Dessa vez eu que ligo para ele e recebo uma saudação deliciosa
– Oi Saudade! Feliz que você ligou, Amandinha! – Ele me chamou de SAUDADE e de AMANDINHA, onde eu tô me enfiando? Penso sorrindo e acabo demorando pra responder, ouço novamente – Amandinha! Tudo bem? – Respiro fundo para tentar disfarçar o transe, mas não sei se funciona
– Oi Antônio! Só pra avisar que já estou em casa e saber que horas eu passo para te buscar. Estranho quando ele responde que não vai mais precisar que eu vá de carro. Mas é isso, esperar pra ver. Marcamos às 19hrs, aqui em casa. Tenho pelo menos uma hora e meia para me organizar.
Recebo mensagem do Antônio dizendo que está vindo me buscar, sinto meu coração disparar. Como da casa dele até aqui demora no máximo dez minutos, resolvo descer e espera-lo na portaria. Me assusto quando vejo estacionar um Ford Coupé Deluxe conversível, ele me olha com apreensão e sorri tão enormemente que encosta nos olhos, isso enquanto estou com boquiaberta e sem entender o motivo da superprodução. Eu vou até o carro e ele me espera do lado de fora. Me dá um beijo delicioso (nem eu sabia que queria tanto esse beijo) e me guia até a porta do carona, entro ainda assustada e já pensando que eu vou dar um jeito de dirigir esse carro. O interior do carro parece que é novo, deve ser carro de colecionador, mas pra que tanto?
– Não vai mesmo me falar para onde estamos indo? Nem uma dica? – Ele me olha e fala: - Dica maior do que esse carro? Eheheh. Gostou? Achei que poderia compor o clima da noite. – Me dá mais um beijo, liga o carro, coloca uma música deliciosa e seguimos juntos até não sei onde.
Assim que começa a dirigir Antônio põe sua mão por cima da minha, que está pousada em minha coxa, só soltava para passar a marcha e eventualmente levava minha mão a sua boca para um beijo. Chegamos à Lagoa Rodrigo de Freitas. Por onde passamos todos olham para o carro, já percebi fotos e filmagens, ele parecia não se preocupar, então também relaxei. Até que eu vejo que ele entra para a Gávea, tem uma fila de estacionamento no Jockey, ele corta todos os carros e passa na frente em uma área de entrada VIP, me assusto ainda mais.
Quando olho para frente vejo uma placa falando do Festival de Filmes Clássicos Mundiais em um Drive-in! ELE ME TROUXE PARA UM DRIVE IN! Virei para ele, que ainda dirigia e me joguei em seus ombros para um abraço sem anúncio. Ouvi sua gargalhada súbita... – Acho que você gostou da surpresa, mesmo sem saber ainda qual é o filme... – Eu estava emocionada e respondi em êxtase – Qualquer um, sempre sonhei com uma coisa assim... olha o tamanho dessa tela, olha a quantidade de carros, você me trouxe para uma viagem no tempo e eu estou muito feliz por isso! – Ele me abraça e me dá um beijo leve, delicioso, um tanto romântico. Combina perfeitamente com a situação. Quando separamos ele fez questão de dizer – Espera até começar Casablanca... – olhei para ele e dessa vez não contive as lágrimas – Eu amo esse filme, vi algumas vezes com a minha mãe. Obrigada por isso! – Me encosto em seu ombro e espero o filme começar.
Com quinze minutos de filme, Antônio sai do carro vai até o porta-malas, volta de lá com uma cesta linda e um buquê de tulipas amarelas. Meu encontro é em um drive-in, dentro de um carro de época, assistindo Casablanca, ganhei um pic-nic e minhas flores preferidas! Minha cabeça, meu estômago com sua panapaná própria, e principalmente o meu coração disseram, neste instante, que Antônio me tem! Inteira! Eu estava tão feliz que achei que não poderia melhorar, até que ele baixou a capota, e vimos o filme e as estrelas ao mesmo tempo.
Hoje foi a descrição da perfeição. Quero dizer que o amo! Já que sei que o amo! Mas nesse momento me sinto feliz em só dividir com ele o banco de trás e seu abraço.
A noite acabou com ele deixando eu dirigir essa lindeza, na orla.
PERFEIÇÃO!
Panapaná é um termo de origem tupi que se refere a um bandode borboletas.
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EVERY DAY, ONE DAY
FanficUma rotina Um café Uma mesa Várias percepções O quanto alguém pode alterar sua vida apenas sentando em seu lugar favorito? - Uma FIC COLLAB com muita gente legal! Recheada de amor!