52.1 - Copa

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Rio de Janeiro, janeiro de 2023.

Pensa em uma semana longa e cheia de trabalho. Casar no meio do mês foi uma decisão profissional bem arriscada, pois na volta haveria pouco tempo para entregar meu resultado e disso eu nunca abri mão. Trabalhei muito para conseguir ser reconhecida neste mercado basicamente masculino. Um ponto de felicidade foi o resultado de uma campanha do trabalho, que depois de muita estratégia eu acabei ganhando. Uma semana nos Estados Unidos! Vibrei! Vibramos, por que Antônio disse estar muito orgulhoso da minha conquista. Eu sei que pra ele não é muita coisa, mas para mim é o resultado do meu suor diário e fico feliz de perceber o tamanho deste feito. Em contraponto, para ajudar, tinha meu segundo casamento, o dos sonhos das nossas mães. Elas escolheram quase tudo, dei a elas total liberdade e, neste fim de janeiro, casaremos novamente.

Minha mãe e minha sogra não abriram mão de uma benção religiosa reservaram então, não sei muito bem como já que é uma das igrejas mais solicitadas do Rio de Janeiro, a Igreja de Nossa Senhora da Candelária, que fica no Centro da Cidade do Rio de Janeiro. E para a recepção dos mais de 500 convidados, escolheram o salão nobre do hotel Copacabana Palace. Quando dei por mim, as proporções que havia tomado eram gigantescas, me assustei. Antônio foi crucial para que eu mantivesse a minha paz. – Amor, vai piorar. Conhecendo minha mãe, ainda vai sair nota na coluna social. Por isso, sugiro que você simplesmente aproveite o que vier e deixe todo o desespero por conta delas. – Fala e me abraça. Ele tá certo, mas de onde saíram 500 pessoas? – Antônio, não sei de onde elas tiraram esse tanto de gente. – Ele sorri e diz. – Da alta sociedade carioca. – Me abraça enquanto dá uma gargalhada.

Dois dias antes do evento não parava de chegar presente. Marcas caras, algumas obras de arte. Coisas que eu nem sabia onde colocar. Antônio foi mais rápido e agendou para o final do dia um frete, enviamos tudo para a casa da mãe dele. Ficará lá até nos mudarmos para uma casa.

No dia do casamento, sendo aqui no Rio, fiz questão de me arrumar com os meus profissionais do coração. Aline resolveu toda parte de cabelo e maquiagem, Paula cuidou das minhas unhas. Passei o dia com elas em minha função. Me arrumei no meu antigo apartamento, minha mãe e minha vó também estavam lá. Foi um dia delicioso. Fiz surpresa do vestido, não tinha deixado ninguém ver, nem elas. Acredito que todos esperavam alguma coisa parecida com o que eu usei em Noronha, mas já que estávamos fazendo para deixa-las felizes, entrei no jogo. Quando saí do meu quarto ostentando um vestido princesa, minha mãe deu um grito de entusiasmo que fez cada stress dessa semana valer a pena.

Ao descermos me reparo com um clássico dos casamentos. Sim! O carro que irá nos levar para a cerimônia é um Rolls Royce. Elas não economizaram nos sonhos e eu já faço ideia do que está por vir.

Dessa vez estou com o meu telefone comigo o tempo todo e troco mensagens com o meu marido o tempo todo. Nos divertimos com algumas situações, estranhamos outras, mas tudo com muita leveza. Ele então me manda a foto da igreja toda decorada com o mesmo tipo de flores brancas do nosso primeiro casamento, me emociono.

A cerimônia foi linda, o padre sabia que já éramos casados e por isso não fez o rito tradicional, entretanto tivemos a cerimônia da luz, que consiste na junção das chamas das velas, representando a nossa união. Neste momento, ver o Antônio em minha frente, disposto a passar por tudo ao meu lado fez com que meus olhos marejassem. Não aguentei e chorei com as lindas palavras do padre, que disse "O amor sobrevive a uma distância. Mas, o amor nunca fica distante!"

Quando Antônio entrou no carro comigo, ficou louco. Parecia criança ganhando brinquedo novo, lembrei do dia em que ele conseguiu aquela antiguidade só para irmos ao drive-in. Que homem incrível! Sem nem pensar o beijo! Um beijo amoroso e feliz, seguido de: - Será que ele deixa você dirigir? – Antônio de anima e então viro minha atenção ao motorista: – Moço! Será que meu marido pode dirigir? – Pergunto e deixo o rapaz bem desconcertado. Com alguma negociação, ele topou. Paramos então em um posto de gasolina no Aterro do Flamengo e passamos, nós dois, para frente. Lógico que eu não perderia essa oportunidade.

Ao chegarmos ao hotel mais famoso do Brasil, vejo a iluminação diferente feita na sacada. – Antônio do céu, pelo amor de Deus! Não tô preparada para isso! – Ele ri e pergunta se eu quero fugir, entramos em uma crise de riso que por fim até os concierges que estavam na recepção não conseguiram manter a descrição e riram com a gente ou talvez, da gente.

Ao entrarmos na festa fomos recebidos com muitos aplausos, me senti honrada em ter tantas pessoas ali torcendo por nós, mas fiquei ainda mais feliz quando reconheci o rosto dos nossos amigos em meio à multidão. As famílias estavam completas, encontramos primos que não víamos a muito tempo. Logo depois que agradecemos a presença de todos, fomos aproveitar a festa! 

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