EVERY DAY, ONE DAY

50.1 - Casamento_ELA

Fernando de Noronha, 16 de janeiro de 2023.

Noronha é um lugar mágico.

Estamos aqui há dois dias, fizemos questão de vir um dia antes de todo mundo para que pudéssemos aproveitar este paraíso sozinhos, somente nós. Todos os dias agradeço pela benção de ter o privilégio de ter o amor da minha vida ao meu lado. Hoje foi o último dia que acordamos noivos, amanhã seremos Figueirelles.

Fizemos questão de trazer a Pam, Ana e Vic para acertarem tudo sobre o nosso buffet do dia inteiro. Elas são pessoas especiais e que estão nos acompanhando e torcendo por nós antes mesmo de existirmos enquanto casal. As meninas são extremamente competente e assinam a nossa recepção, mas depois do almoço serão somente convidadas. Como todos as poucas e maravilhosas pessoas que estarão aqui conosco hoje.

Nosso café da manhã foi quase uma poesia. Ficamos no quarto, Antônio colocou baixinho Jeneci para tocar, recebemos uma bandeja com gosto e jeito de lar. Afinal, a BBB é uma deliciosa extensão da nossa casa. Assim que acabamos nosso café, tomamos juntos nosso último banho solteiros. Foi especial em um lugar de fé: seja no nosso amor, na nossa vida juntos ou na benção que estávamos prestes a receber. E essa foi a última vez que eu vi o Antônio como meu noivo. Antes de ele sair do quarto deu um longo beijo na minha testa, me abraçou longamente em silencio, pegou minha mão e beijou minha aliança. – Te espero no altar, meu amor. – Virou e saiu. Sua ausência me causou sensações estranhas, por mais que a luz que entrasse pela varanda estivesse iluminando todo o quarto, não era o suficiente para alcançar os meus olhos. Senti uma saudade que validava nossa decisão. É amor da forma mais simples, forte e verdadeira.

Fiquei sozinha por pouco tempo, aproveitei para me servir mais uma xícara de café e bebê-la olhando o mar, que batia longe no horizonte. Antes que eu terminasse minha bebida, ouvi baterem em minha porta, quando olho no olho mágico vejo tulipas amarelas, minhas preferidas... – Antônio! – Falo em suspiros. Abro e vejo Miranda segurando um lindo buquê. – Bom dia, minha querida! Hoje é o dia! – Fala enquanto entra e me entrega as flores – Parece que tem mais alguém ansioso! Tem um cartão. – Ela aponta e sigo pra me sentar em uma poltrona perto da cama para ler. É uma parte da música que tocou no nosso café: "Quando te vi fiquei paralisado. Tremi até o chão como um terremoto no Japão. Um vento, um tufão. Uma batedeira sem botão. Foi assim viu. Me vi na sua mão." Seguido de um coração, assinado somente: Seu A. Quando termino de ler sei que meu sorriso recebeu de volta toda luz que havia ido com ele. Uma onda de amor e certeza me preencheu de tal forma que eu não fui capaz de parar de chorar abraçada ao buquê. Uma voz me tira do transe – Amanda, vou colocar aqui na mesinha esse vaso, quando estiver preparada podemos começar. – Miranda então foi até onde vou me arrumar e tirou meu vestido de dentro da capa e o pendurou onde eu pudesse vê-lo. É isso! Tá na hora.

Comecei meu dia com um banho de ofurô relaxante, massagem, manicure. Muitas pessoas profissionais passarem por aqui, tornando o meu dia mais perfeito. De hora em hora a campainha do quarto toca, sempre em um mesmo ritmo, muito específico, eram sempre flores, todas tulipas de cores variadas e todas elas com uma parte da mesma música:

11hrs - Lilás:

"Perdi a hora de voltar para o trabalho. Voltei pra casa e disse adeus a tudo que eu conquistei. Mil coisas eu deixei. Só pra te falar. Largo tudo. Se a gente se casar domingo" – hoje!

12hrs - Rosas:

"Na praia, no sol, no mar. Ou num navio a navegar, Num avião a decolar. Indo sem data pra voltar."

13hrs - Brancas:

"Toda de branco no altar. Quem vai sorrir? Quem vai chorar? Ave Maria, sei que há. Uma história pra sonhar pra sonhar."

14hrs - Coral:

"O que era sonho se tornou realidade. De pouco em pouco a gente foi erguendo o nosso próprio trem. Nossa Jerusalém. Nosso mundo, nosso carrossel. Vai e vem, vai. E não para nunca mais"

15hrs - Vermelhas:

"De tanto não parar a gente chegou lá. Do outro lado da montanha onde tudo começou. Quando sua voz falou. Pra onde você quiser eu vou. Largo tudo."

São 16hrs, estou terminando minha maquiagem, quando peço que chamem a Miranda, quando ela chega no quarto traz junto minha mãe e minha vó. Elas estão lindas e muito emocionadas. Entrego a ela uma caixa pequena camurçada preta. – Preciso de um favor, consegue alguém para entregar essa caixinha para o Antônio? – Entrego então a encomenda já emocionada. Mudo meu foco para minha mãe que me puxa para um abraço e me dá um anel que ela nunca tira do dedo. – Minha filha, sua vó Maria me deu esse anel no dia do meu casamento, me acompanhou todos esses anos – sinto o abraço da vovó que me abençoa neste momento. Ela coloca então.

Nosso casamento está marcado para às 17hrs, estou pronta para começar as fotos. Quando ouço pela última vez o delicioso barulho que me traz as flores que me arranca suspiros, recebo então um buquê de cem rosas vermelhas, vem junto um bilhete simples: "Te espero no altar, para vivermos o resto das nossas vidas!" Meu coração dispara, minha barriga está com uma revoada de borboletas, minha sensação é de que estou me jogando em um abismo com a certeza de que alguém vai me segurar. Fecho meus olhos e encho meu peito de ar em um suspiro tão longo que sou capaz de dizer que senti o perfume do homem que estará me esperando dentro daquela mínima capelinha, de frente para o mar.