Rio de Janeiro, novembro de 2022.
Sábado de novembro. O calor às 6:30 a.m. já me mostra que o dia será quente. Levanto já pensando em como vou falar para a Amanda que minha mãe está contando com a sua presença no almoço de aniversário do meu irmão. Não se trata de uma superprodução, pelo contrário, teremos um churrasco na beira da piscina. Até onde me habilitei a perguntar, será só para a família mesmo. Mas o que ela vai pensar sobre isso?
Ontem a dona Lourdes veio aqui em casa fazer faxina e deixou uma lista de produtos que precisam de reposição. Já que vou ao mercado, dou uma olhada na despensa para ver o que mais preciso comprar. Passo pela adega e identifico alguns rótulos faltantes, anoto e ponho uma ressalva importante... aumentar a quantidade dos vinhos que a Amanda mais gosta. Esses não podem faltar. Olho para o relógio: 7:40 a.m. Ótimo! O mercado já abriu.
Chego em casa com duas sacolas grandes com tudo que eu preciso, organizo rapidamente por segmento e desço para tomar café. E para minha felicidade assim que entro percebo que ela acabou de chegar, já que ainda está com a bolsa na mão e puxando a cadeira. Dou uma meia corrida para alcança-la a tempo de segurar a cadeira enquanto dou um beijo em sua nuca.
- Bom dia, Amanda! – Sorrio quando separo a minha boca da parte de trás do seu pescoço. E a vejo ficar toda arrepiada, amo a reação dela ao meu toque. Dou a volta na mesa e me sento em meu lugar. – Não achei que fosse te encontrar aqui cedinho assim, afinal ainda não são nem dez da manhã. Admita que veio me ver e pago o seu café. – Falo piscando para ela. Amanda não se envergonha e diz de forma deliberada – Vim por que estava com fome, mas você é um bônus delicioso – fala mordendo os lábios. Essa é a deixa para o que eu mais queria, me levanto, debruço sobre a mesa e a beijo. Na frente de todos, sem medo de julgamentos. Juro que cheguei a ouvir alguns aplausos.
Ana vem à nossa mesa para pegar nossos pedidos. Não conseguia conter o sorriso, estava com cara de quem queria comentar o que viu. O calor está tão grande que além do tradicional café acrescentamos ao final uma jarra de limonada suíça. Quando a garçonete nos deixa a sós, puxo assunto sobre a programação de final de semana, já que esse era o assunto que mais me interessava naquele momento. Para hoje ela disse que estava cogitando ir à praia mais tarde, quando o sol começasse a baixar. E que agora passaria no shopping para resolver umas roupas, aproveitar o ar-condicionado e que provavelmente almoçaria por lá. Era o que eu precisava ouvir. – Se importa se eu te acompanhar? Preciso te ajudar a comprar um presente para o meu irmão – falo rápido e acho graça da sua reação. Ela arregala os olhos e dá uma meia arqueada na sobrancelha, mas antes que ela tivesse a chance de formar um raciocínio, continuo – Amanhã é aniversário dele e minha mãe vai fazer um churrasco, mandou te convidar. – Sem meias palavras e mais que rápida vem a pergunta que eu não queria – Então ela sabe de mim? O que você andou espalhando por aí, hein? – Pensa Antônio! Pensa! O que eu vou responder... que minha mãe me conhece o suficiente para reparar que eu tô apaixonado? Que ela perguntou o motivo do meu sorriso e eu falei? Que ela mandou chamar minha namorada e eu não neguei? Resolvo um meio do caminho... – Então, no dia da feira eu cheguei tarde na casa dela, me conhecendo só comentou que sabe que é alguém importante. Aí te convidou. Achou ruim? – A olho nos olhos e percebo o dégradé de tons de rosa até que ela fique totalmente ruborizada. É um espetáculo lindo! A Amanda envergonhada... quem diria! Percebo sua expressão ficar divertida e então ele responde, bem ao seu jeito – Não exatamente, surpresa talvez, mas a pergunta principal é: como eu vou ser apresentada? Você precisa pensar nisso. – Pisca e eu engasgo no mesmo instante e ela ressoa a gargalhada mais alta e gostosa do dia. Ponto pra ela! Mais um!
Acaba que eu sigo a Amanda em seus planos do dia. Realmente compramos um presente para o chato do meu irmão. Almoçamos um poke delicioso. Quando o sol já estava querendo se por, Amanda voltou no assunto da praia, fiz a sugestão de irmos para outro ponto da praia, juntos, de bicicleta. Programa completo, com direito a mate com limão, biscoito Globo, empada e afins.
Já era de noite quando saímos da praia. Já que estávamos em uma bicicleta só, sem perguntar segui para a minha casa. Quando Amanda entendeu para onde estávamos indo ela se virou e disse – Ei! Onde vamos? Conheço esse caminho e ele não dá na minha casa. – Terminou de dizer e me deu um beijo no pescoço. – Quem disse que não dá na sua casa? Repus os vinhos hoje. Comprei mais do branco que você gosta, tem queijo e geleia. A gente compra torradas na padaria antes de subir. Te garanto um banho delicioso e massagem nos pés. – Nem deu tempo de respirar – Topo! Topo com louvor! Mas vou usar suas boxes. – Seguimos pra casa.
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EVERY DAY, ONE DAY
Hayran KurguUma rotina Um café Uma mesa Várias percepções O quanto alguém pode alterar sua vida apenas sentando em seu lugar favorito? - Uma FIC COLLAB com muita gente legal! Recheada de amor!