16 - Desencontro

38 5 0
                                    

Rio de Janeiro, outubro de 2022.

Já saio de casa sabendo que vou encontrar o Antônio, chegando antes ou depois, esse é um fato! Tê-lo comigo no café da manhã já se tornou parte importante do meu dia. Seguindo a minha rotina, entro na padaria, faço meu pedido direto no balcão e para espanto de todos, não peço croissant.

- Olás!!! Meninas, rola um croque-monsieur? – Sinto os olhares espantados em mim. Me explico: – É que eu vi um lindo ontem à noite na TV. Esses programas de culinária acabam comigo! Fui dormir pensando em um. – Digo.

- E pra beber? Café coado? – Pam pergunta.

- Sim, mas hoje com leite, por favor. – Sorrio e me dirijo a minha/dele/nossa mesa.

Demora um pouco. Nesse meio tempo observo a rua mais do que eu queria. Espero por ele e nada. Olho o relógio, percebo que já passou do horário que ele chega. Volto o olhar pelo vidro e ele não vem.

Ricardo traz meu sanduiche nada saudável. Aproveito para perguntar sobre minha dupla.

- Rick, viu o implicante do Antônio por aí? Ele hoje não veio tomar café comigo, estranhei... – faço cara de quem pergunta só por perguntar, mas parece que não funcionou, já que ele me olha com um sorrisinho e retruca – Estranhou ou sentiu falta, dona Amanda Alice? Já faz tempo, Amanda... o cara é legal. – Ele fala e eu posso perceber que está quase consternado.

– Eu hein! Vê se eu posso com isso? Não posso mais fazer amigos que vocês tentam me casar... sai daqui Ricardo! – Falo fazendo um bico exagerado, tentando parecer brava. - Vou chamar a Sarah, ela vai me responder sem ser chato igual você! – Ele sai dando uma gargalhada baixa.

Me espanto quando Ana chega para trazer meu café. Ela tinha uma cara de quem queria falar alguma coisa e não podia. Cara de criança de 5 anos de sabe de uma fofoca, mas tem medo da mãe brigar. Ela serviu meu café, colocou o leite. Fez que ia sair, mas voltou e enfim, falou.

- Sei que não tenho nada com isso e nem deveria falar nada. Mas ontem à tarde teve aqui e uma mulher loira, baixinha e linda. Veio encontrar com o Antônio. Não sentaram aq... – Travou a frase quando ouviu Sarah pigarrear atrás dela, ela olha para trás, abaixa a cabeça e sai rapidamente.

- Quer dizer que o Antônio já trouxe outra pra sentar na nossa mesa? Rápido ele, né? – Falo de forma estranha, não sei o que estou sentindo. Sarah me olha e diz: - Não Amanda! Ele não trouxe outra para a mesa de vocês, inclusive a mesa estava disponível e ele optou por outra. Mas isso seria um problema? – Me questiona olhando em meus olhos. Se eu pudesse eu abandonava o meu pedido, mas era mais caro que o normal, repenso e continuo ali.

- Não seria, ou pelo menos não deveria ser... - Dou um meio sorriso. – Me conta, amiga. Ela era tão bonita assim mesmo? – Pergunto já me arrependendo. A confirmação veio com uma careta e uma informação – Eles conversaram de forma rápida e ela saiu chorando. – Sarah conta.

Na mesma hora lembro que há poucos dias atrás ele recebeu uma ligação de manhã e eu ainda brinquei perguntando se era amor ou problema. Será que era ela? Novamente meu estômago dá sinal de vida! Isso não é bom! Por fim, resolvo perguntar de forma direta – Sabe se ele não vem hoje? Gosto da companhia dele no café. – Admito. A resposta não era a que eu queria ouvir. – Ele passou aqui bem na abertura, pediu um expresso duplo pra viagem e saiu sem falar mais nada. Mas, deixou um brigadeiro pra você. – Ela fala, eu sorrio. É, isso não está bom!

Acabo minha refeição, pago, pego meu doce e sigo meu dia.

EVERY DAY, ONE DAYOnde histórias criam vida. Descubra agora