3 - Vizinhos - Fred e Bianca

74 9 1
                                    

Rio de Janeiro, julho de 2022

Sábado de sol no Rio, temperatura subindo, já batendo os 30° antes das nove da manhã. Dia de sair de casa e aproveitar o dia. Parece que todo o bairro teve a mesma ideia. TODO O BAIRRO.
Como todo final de semana, acordamos animados para aproveitar o dia em família. Os dias de semana são de trabalho exaustivos, atuamos em profissões externas, temos ainda toda a rotina com o Cris. Bianca leva para a creche, eu busco quando volto a noitinha, em casa a demanda não diminui: jantar, atenção e brincadeiras, sempre seguidas das palavras: de novo, de novo e "de novo, papai", sempre regadas a gargalhadas.
Cris já está com dois anos e Bia está grávida de 6 meses da nossa menininha. Ela reclama muito dos dias quentes, com isso não pensamos duas vezes em descer para tomar de café da manhã no ar condicionado da Bakery.
Moramos em um dos dois apartamentos do sobrado da padaria, ficamos algum tempo sem vizinho, mas há menos de um mês dividimos o espaço com um rapaz bem discreto e nada barulhento... em alguns momentos, achamos que ainda seguimos sem ele.
Devido a animação que descemos as escadas, certamente Sarah já sabia que estávamos chegando, tanto que estava nos aguardando na porta da BBB.
- Cadê o Gudugo da tia dele? – Perguntava cantando, esperando pelo abraço do meu filho. – Saudade de vocês, família! Ei, Fred! Me conta o que fizeram vocês sumirem, se não viessem hoje ia tocar na sua casa pra ver vocês!
- Sarinha, saudades também, mas com a chegada da nossa mocinha cada vez mais perto, o tempo vai acabando junto – Bia disse rindo. – Mas hoje, com esse calor, corri pra cá que além de ter um café perfeito, tem também o ar condicionado! – As gargalhadas tomaram conta do lugar.
Ricardo se junta a eles na porta, falando:
- Vamos entrando meu povo! Só não sei ainda onde irão sentar já que, Graças a Deus, o salão das mesas está cheio.
Olharam em volta e perceberam que não havia mesa para os três até que Amanda os viu. Já se conheciam de longa data, ela e Boca Rosa – apelido de infância da esposa de Fred - tinham estudado juntas na infância.
- Boca Rosa, Boco Roso, Boca Junior and Rosinha!!! – Disse às gargalhadas - Sentem-se comigo, acabei de pedir meu café e aproveitem que hoje consegui pegar minha mesa de estimação, sem a presença do barbudinho do nariz torto que insiste em chegar antes só para roubá-la!
Bia e Fred se entre olharam e riram, conheciam aquela descrição. Só poderia ser Antônio, o novo vizinho.
- Mas esse é o meu vizinho novo! Certeza! Gente boa ele, Mands! Dá um crédito pro cara!
Bia reforçou:
- Simpático e discreto, o que já o faz um ótimo companheiro de andar!
Vic logo veio com um cesto de pães, além de mamão, chá, café e tudo mais que eles sempre pedem, eles agradeceram e seguimos conversando. Não passou cinco minutos, chaga Antônio.
- Parece que se falar o nome do desquerido três vezes ele aparece – disse Amanda virando os olhos.
Antônio somente acenou em cumprimento para a família e sentou no único banco disponível no balcão, sendo atendido pela Ana.
Pam veio a mesa para puxar assunto com a Bianca perguntando sobre o nome da bebê e para surpresa de todos, a mãe disse que tem algumas opções, mas não chegava a nenhuma conclusão, até que teve uma ideia para resolver a questão de uma vez.
- Pam, vamos resolver isso agora! Me traz duas folhas A4, caneta e duas sacolas! Vamos resolver isso logo! – A atendente saiu quase que correndo pelo espaço e trouxe tudo que foi pedido.
Em uma folha escreveu o nome de todas as pessoas que ela conhecia, que se encontravam naquele local, separou, cortou e colocou em uma sacola. Na outra folha, escreveu todos os nomes possíveis para a bebê, seguiu o mesmo processo e colocou na sacola que tinha sobrado. A padaria ficou agitada com a novidade, Amanda mais ainda.
- Boca, minha amiga, colocou Rosa na lista, né? Por favor!
- Sim, Amanda! Sim! – Disse rindo – Coloquei ele e mais outros sete! Teremos oito opções: Rosa, Beatriz, Isabel, Cecília, Andressa, Thalia, Luana e Nayara. Será na sorte! Funcionará assim – começa a explicar para todos – Na primeira sacola, o Cris irá sortear a pessoa que irá pescar na outra sacolinha o nome na irmã dele. Tudo bem? Vamos lá!
Todos se entreolharam e aguardaram ansiosos pelo Cris...
- Mexe, mexe a sacola, Cris! – Dizia Ana
- Responsabilidade de irmão mais velho, hein rapazinho! – Falou Ricardo
E fez-se a mágica, ele sorteou e para raiva de Amanda, o escolhido foi Antônio... esse se assustou, já que não imaginava que pudesse estar na lista, devido ao pouco tempo de convívio. Mas como foi na sorte, esperou Cris levasse até ele a sacola com os nomes. Todas as atenções foram voltadas para si. Quando ele pegou a sacolinha, Sarah gritou!
- Calma aí, precisamos de um clima... – correu no som, buscou no YT um rufar de tambores de escola de samba e disse – Que rufem os tambores! Agora sim, Antônio, pode nos dizer qual é o nome da nossa mocinha.
Mais do rápido ele levantou um papelzinho, super bem dobrado! Cada pedacinho que ele abria, mais tensão tinha. Até que ele leu, sorriu, pediu para baixar o som e disse:
- Bem-vinda, Rosinha!
Todos ficaram emocionadíssimos! E sim, sorteou o nome preferido por Amanda!
Depois de toda a festa, um nome e os cafés, cada um seguiu seu dia. A nova família saiu feliz. Fred e Bianca ainda comentavam entre si o estranho clima AA, shiper criado por eles para Amanda e Antônio, doidos para saber o que sairia dessa relação inusitada.

EVERY DAY, ONE DAYOnde histórias criam vida. Descubra agora