Rio de Janeiro, setembro de 2022.
Moro em um apartamento da minha família, de frente para o mar. Meus pais se mudaram para o interior do Rio, mas não abandonaram a praia, hoje eles moram em Arraial do Cabo, meu refúgio de sossego.
O apartamento é bem grande, já que sou filha única e moro sozinha. Ocupo o maior quarto que é uma suíte, em ouro montei o closet dos sonhos e no terceiro é para os hóspedes, que no geral são meus pais, que usam quando precisam vir ao Rio resolver alguma coisa. Apartamentos antigos tem dependência, e a minha virou meu escritório. É perfeito, mas ainda sim uso mais a noite, porque de dia, quando tenho muito trabalho burocrático, acabo fazendo durante o meu café da manhã, na BBB.
Meu caminho até a padaria me faz dirigir um bom tanto de orla, até tenho outras opções de caminho, mas não abro mão da beleza que esse me proporciona.
Hoje o dia está fechado, o veranico já passou. Está um dia frio e eu só sei sonhar com um duplo café coado, um croissant de chocolate e uma vista deliciosa, nesta posso incluir minha mesa, a rua e o moreno que vai sentar nela comigo.
Depois do bilhete que recebi, não estivemos mais juntos. Antônio alugou um triplex na minha mente.
Chego na BBB, ele já está lá. Suspiro, arrumo o cabelo, arqueio involuntariamente minha sobrancelha e vou até a minha mesa, que já estou começando a aceitar que é nossa.
- Bom dia, Antônio! – Falo com um sorriso querendo sair. - Se importa em dividir a minha mesa comigo? – Pergunto com um tom bem-humorado.
Ele me olha com espanto, olha em volta e percebe que tem vários lugares disponíveis. Abre um sorriso nível 50 dentes, levanta, dá a volta, puxa a cadeira para eu sentar e solta a pérola:
- Bom dia, Amanda! Dividir a minha mesa com você nunca será um problema. – Dá uma leve piscada pra mim. Minha reação diz muito sobre minha personalidade, em vez de me sentir envergonhada como seriam 8/10 mulheres, dei uma gargalhada alta, mais alta do que de costume. Assenti e respondi:
- É bom a gente parar, por que neste caso antiguidade é posto e você chegou agora e já está, literalmente, sentando na janelinha. Pega aqui o cabo do meu computador e coloca na tomada atrás de você, já que estamos dividindo a nossa mesa, mas você ainda tá no meu lugar – impliquei sem conseguir resistir. – Vim pensando em um café duplo e croissant de chocolate.
Ele levanta a mão, Ana se movimenta como quem fosse andar, mas é impedida por Ricardo e Sarah, que vieram juntos a mesa. Já vi tudo... “a zoeria never ends”, só esperei eles chegarem. Mas para minha surpresa, em vez de brincarem com a situação, Ricardo anotou o pedido, entregou no balcão, voltou até nós e pediram pra sentarem-se juntos com a gente.
Conversamos sobre a padaria, a história deles, as possibilidades de negócio. Usei meu conhecimento comercial para auxiliá-los e descobri que o ex desquerido, é sócio em uma empresa de T.I. e deu várias dicas para o crescimento do negócio. No final a maioria das nossas propostas se complementavam.
Pensa em um café gostoso, agradável para um dia frio. Deixou meu coração quentinho e o melhor: não paguei! Tava já pensando em como poderia, facilmente, ficar mal acostumada, mas dessa vez quem fez a boa ação foram os anfitriões.
Na hora que eu saio, cai uma garoa fina e corre um vento gelado, estremeço. Entro no carro e sigo o dia, com uma sensação tão boa, como não lembrava de ter sentido.
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EVERY DAY, ONE DAY
FanficUma rotina Um café Uma mesa Várias percepções O quanto alguém pode alterar sua vida apenas sentando em seu lugar favorito? - Uma FIC COLLAB com muita gente legal! Recheada de amor!