30.2 - Almoço na sogra

71 8 1
                                    

Rio de Janeiro, novembro de 2022.

Entrar na mansão da família do Antônio me inibe levemente. A casa fica em um terreno bem grande, centralizada em meio ao verde de um gramado bem cuidado. A construção tem dois andares, a porta parece de novela e ao hall de entrada tem um pé direito bem alto. A escada leva para a parte superior, onde imagino ficar os quartos. Atravessamos a sala principal até chegar a piscina. A área da piscina tem um paisagismo rico, com folhagens diversas e algumas flores. Percebe-se que foi pensado por um profissional. É realmente linda, assim como tudo que vi até agora! Quando sua mãe nos vê vem em nossa direção com um sorriso imenso, no meio do caminho ela levanta as mãos ao mesmo tempo que solta um sonoro – Enfim, chegaram os pombinhos! – Neste momento ouço a voz parar abruptamente e todos de se viram para a gente. Tenho certeza de que estou mais vermelha do que um camarão. Sinto Antônio buscando pela minha mão e a apertando como quem diz que tudo vai ficar bem... é isso! Não temos mais como recuar.

Rapidamente sua mãe está bem próximo a nós me recebendo com um abraço apertado. – Amanda, você é mesmo linda! Antônio tem razão. – Eu recebo esse tanto de informação sorrindo, tentando disfarçar, mas minha cabeça girava entorno do “Antônio tem razão”, eles realmente já haviam conversado sobre mim. Retribuo o abraço, agradecendo o elogio. Ela então se vira para o filho também o enlaçando pela cintura. Antônio a beija na testa e nos apresenta – Amanda essa é minha mãe, Dona Wilma. Mãe, como a senhora já sabe, essa é a Amanda. – Ela me pega pela mão e me conduz pelo lugar me apresentando a todos. Antônio nos segue e ouço muitas brincadeiras entre ele e os ali presentes. Mário estava dentro da piscina brincando com os filhos, saiu só para me cumprimentar – Amanda, enfim! Não vou te abraçar porque vou te molhar, mas é muito bom conhecer você! – Olho para ele mas sei que estou vermelha, já que meu rosto arde de vergonha. Ótimo! Outra pessoa com expectativas sobre mim. O que será que o Antônio anda falando? Aproveito, parabenizo Mário e entrego o presente. A única pessoa que ainda não fui apresentada foi a Bruna, já que assim que entramos não a ouvi mais.

Antônio veio preparado para a piscina, eu vim preparada para não correr o risco de entrar. Pouco tempo depois ele assumiu a churrasqueira e eu fiquei conversando com as pessoas, até que ouço a voz que fugiu adentrando o espaço, falando um tanto alto e fazendo questão de mostrar a intimidade com a casa e a família. – Antônio, que bom que você veio! Quando te vi, lembrei que trouxe isso aqui, é seu e ainda estava lá em casa e como era o seu preferido... deixei durante a semana, estava no seu quarto. – Ela entrega uma sacola, e o abraça. Bruna ignorou totalmente a minha presença, a casa toda está visivelmente desconfortável. Antônio então tira de dentro da sacola um kimono branco com uma faixa preta com várias tiras brancas na ponta. Agora ela me irritou, já que eu não sei do que se trata. Me viro para o Antônio e mesmo sem perceber, cruzo minhas pernas ao mesmo tempo que repito os movimentos com meus braços, minha sobrancelha está arqueada ao máximo e meus olhos cerrados. Percebo quando ele agradece e dá dois passos para trás, na intenção de aumentar o espaçamento entre eles. Levanto vagarosamente, percebo os olhares apreensivos, os ignoro. Me dirijo a eles. Quando chego percebo o sorriso da Bruna. Antes de qualquer coisa, lembro da minha conversa com a Sarah, realmente ela é linda! Mas isso não importa aqui... – Oi Amor! – Falo baixo me dirigindo ao Antônio, mas em um tom que eu sei que ela pode ouvir. – Também ganhou presente? Mas hoje não é aniversário do Mário? – Falo me dirigindo a ela, agora eu também tenho um sorriso cínico. E ela morde a isca quando responde exatamente o que eu quero ouvir. – Não é um presente, é só o kimono preferido dele, que ainda estava na minha casa, resolvi devolver – Ela presume que estou chateada, ela está certa, mas esse gostinho ela não terá! – Ah! Então você é a Bruna? Obrigada pela gentileza. Seu noivo sabe que você guarda coisas do seu ex em casa, depois de tanto tempo? – Pergunto com um sorriso largo, percebo Antônio totalmente travado e melhor, percebo que ela murcha. Sim! Eu sei de você! E por essa não esperava, concluo meu raciocínio – Ele está aí? Eu e Antônio não fomos apresentados ainda. Quero muito conhece-lo, desejar felicidades ao casamento que se aproxima. – Ela responde que ele chegará em breve, tudo dando certo já estaremos longe daqui.

Antônio me leva para conhecer a casa, eles têm uma biblioteca incrível. A cozinha muito bem equipada e como havia suposto, os quartos ficam no andar superior. Quando entramos no que era o seu, vejo muitas medalhas, troféus, quadros de campeonato. O que me chama mais atenção é o que indica que ele foi campeão mundial! – Antônio, como assim você foi campeão mundial? Por que eu não sabia disso? – Ele sorri da forma mais linda, dá de ombros e diz – Foi a muito tempo, hoje já nem treino mais, foi uma época feliz. Hoje sou tão feliz quanto, só que de outra forma. – De repente ele me puxa e nos joga em sua antiga cama, eu caio dando gargalhadas com o susto. Quando paramos de rir, ele me beija enquanto faz carinho no meu cabelo. – Não liga pra Bruna, de uma forma ou de outra ela vai sempre estar presente, nossas famílias são amigas e você já sabia disso. – Não ligo! E acho que agora ela também vai baixar a bola – pisco e o roubo um beijo.

O dia de tão delicioso, passou rápido. Saímos assim que baixou o sol e sem conhecer o noivo da Bruna. Bom, isso um dia vai acontecer. Uma coisa por vez.

Quando chego na porta do prédio do Antônio, o chamo para um café. Paramos rapidamente na BBB. Fazemos a opção por um chá. Antes de sairmos, Ricardo me lembrou da viagem anual da galera, que seria no próximo final de semana. Ele mais uma vez me convidou e agora, junto com o Antônio, que topou na hora. Nos despedimos com um delicioso beijo e segui para casa. Amanhã é segunda-feira e tudo começa novamente. E agora com uma viagem para programar.

EVERY DAY, ONE DAYOnde histórias criam vida. Descubra agora