Brilho de Cicatrizes

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As sombras dançavam no quarto, refletindo a tensão palpável entre mim e Aemond. A penumbra das velas tremeluzia nas paredes, criando contornos distorcidos de nossa própria discórdia. Cada palavra trocada era como uma centelha, alimentando o fogo da discórdia que ardia entre nós. As palavras duras que trocávamos tinham um peso que ressoava nas paredes de pedra, cada sílaba como um trovão em uma tempestade que se formava.

"Visenya," Aemond rosnou, sua voz baixa e ameaçadora. "Ao jaelagon skoros iksis bona sȳndro mōrī?" (Você realmente quer saber o que é essa raiva?)

"Nābēmagon iā iā," (Entenda uma coisa,) eu retruquei, meu tom carregado de desafio. "Nyke ōdrikagon hae zālagon jēdi ēza skoros ao issi." (Eu não vou viver com medo do que você é.)

Em meio ao calor da briga, ele me prensou contra a parede, um gesto que transbordava com a intensidade de emoções não ditas. A parede fria contra minhas costas contrastava com a fúria quente que emanava de Aemond, e por um momento, a raiva em seus olhos parecia derreter o gelo que se instalara entre nós.

Seu tampa-olho, símbolo de uma ferida que ele próprio carregava, foi removido com um gesto rápido e impaciente, revelando um vazio sombrio que ecoava com a escuridão em sua alma. Retraí-me instintivamente, consciente da vulnerabilidade que a ausência de seu olho revisitava.

Aemond, em sua fúria, não percebeu imediatamente o olhar de desprezo que eu lançava na direção de sua cicatriz. Uma marca que não apenas adornava seu rosto, mas simbolizava as batalhas e a brutalidade que ele representava. Para ele, a cicatriz era um lembrete constante de suas lutas e das sombras que o seguiam a cada passo.

Em um ato impulsivo, ergui minha mão até a própria cicatriz que marcava meu rosto, o toque gentil contrastando com a aspereza da pele machucada. A safira, joia que substituía seu olho perdido, brilhou intensamente, como se reconhecendo o ressentimento que ecoava na sala.

Aemond recuou momentaneamente, surpreso pela luminosidade inesperada da safira. Um silêncio tenso envolveu o quarto, interrompendo a cacofonia de acusações e insultos. Por um instante, éramos dois estranhos no meio de uma guerra silenciosa, separados por cicatrizes e adornados por gemas que brilhavam com a intensidade da trégua iminente.

"Ziry jaelā naejot sagon prūmȳs, ēza naejot ȳdragon iā kesīr," (Ela precisa ser preciosa, como para brilhar assim,) ele murmurou, seu tom suavizando, mesmo que apenas ligeiramente.

"Você não sabe nada sobre as sombras que nos envolvem", murmurei, minha voz carregada de uma mistura de amargura e resignação. Havia uma profundidade em minhas palavras que ia além da mera metáfora, uma realidade que nos perseguia implacavelmente.

Aemond, encarando-me com um olhar misto de curiosidade e desconfiança, finalmente falou: "Skoros ao jaelagon ȳdragon pōja sȳndro?" (O que você quer dizer com sombras?)

A trégua delicada nos permitiu, mesmo que por um instante, explorar as profundezas de nossas feridas compartilhadas. As palavras fluíam entre nós, criando uma ponte frágil entre o abismo que nos separava. Era uma dança cuidadosa, onde cada movimento poderia desencadear uma nova tempestade ou selar uma nova paz.

"Sombras que não podem ser apagadas", respondi, meu olhar fixo na safira que pulsava como um coração sombrio em minha órbita vazia. "Sombras que moldaram nossas vidas de maneiras que mal compreendemos." Havia uma sinceridade em minhas palavras, um reconhecimento de que as sombras não eram apenas uma parte de nossa história, mas uma força que nos moldava.

Aemond permaneceu em silêncio, sua expressão uma mescla de ceticismo e uma ponta de curiosidade. A trégua, ainda que frágil, nos permitiu reconhecer as cicatrizes que compartilhávamos e abrir uma porta para um entendimento que se escondia nas sombras do desconhecido.

"Vezof iksos iā vēzos ȳz," (A paz é uma luz fraca,) Aemond disse suavemente, sua voz quase perdida nas sombras.

"Sȳrī drēje, sȳrī ēza," (Muitas feridas, muitas dores,) concordei, sabendo que o caminho para a reconciliação seria longo e árduo, mas possível, se ambos estivéssemos dispostos a enfrentar as sombras juntos.

Naquele momento, no silêncio carregado de emoções do quarto, algo começou a mudar. As sombras que antes ameaçavam nos engolir começaram a se dissipar, revelando não apenas as cicatrizes que carregávamos, mas também a força que poderia nos unir, se assim escolhêssemos.


REVISADA E REESCRITA

Entre Sombras e Dragões- Aemond TargaryenOnde histórias criam vida. Descubra agora