Adentrei os aposentos da rainha Alicent com passos pesados, cada um carregando o fardo da angústia que pesava em meu coração. O silêncio que nos envolveu era espesso, prenunciando a gravidade do que estava por vir. Alicent, majestosa e firme, me recebeu com olhos que refletiam anos de sabedoria adquirida na corte. Ao partilhar minha dor, a verdade emergiu, revelando os tormentos que me atormentavam.
Enquanto as palavras fluíam entre lágrimas silenciosas, um lampejo de dor atravessou aquele momento de frágil confidência. O sangue, símbolo de vida e esperança, começou a manchar minha existência com uma sombra inescapável. Alicent, sempre perceptiva, rapidamente compreendeu a gravidade da situação. A rainha, dividida entre seu papel de mãe e a responsabilidade para com a linhagem dos Targaryen, permaneceu firme, mesmo com a tristeza que sombreava seus olhos.
A dor física era uma cruel sincronia com a tormenta emocional que me envolvia. Alicent, com sua experiência e compaixão, ofereceu palavras de conforto que se tornaram âncoras temporárias na tempestade. Contudo, a sombra de uma criança perdida estendeu-se sobre nós, projetando um futuro repleto de perguntas sem respostas. No abraço compassivo da rainha, encontrei um refúgio momentâneo, enquanto as sombras do desespero teciam seus fios invisíveis ao nosso redor. O caminho à frente parecia mais árduo do que qualquer batalha travada nos campos de guerra, pois agora enfrentávamos uma guerra interna, onde a própria vida pendia na balança da incerteza.
Entre as sombras que pairavam sobre os aposentos, a suspeita de traição sussurrava como uma brisa gélida em meus pensamentos. O eco distante de risadas e conversas me fazia questionar a lealdade de Aemond. A dor da incerteza se misturava à tristeza da perda iminente. Quando a solidão pesava mais que as cortinas cerradas, Aemond adentrou, o semblante marcado pela confusão e preocupação. Ao fitar seus olhos, percebi a busca por respostas em meu rosto desfeito pelo pranto.
"Aemond, o que significa isso?" sussurrei, enquanto a escuridão dançava ao redor, refletindo meu estado de espírito. Aemond, perplexo, respondeu com uma sinceridade que penetrou as sombras: "Visenya, eu não traí você. Não compreendo por que duvidaria de mim." As lágrimas deslizavam, misturando-se ao turbilhão de emoções que pairavam no ar. Antes que pudesse explicar minha agonia, a dor aguda anunciou um capítulo sombrio e inesperado. Uma onda de compreensão e horror cruzou o rosto de Aemond.
"Deuses, o que está acontecendo?" indagou ele, aproximando-se apressadamente. A verdade emergiu, crua e inegável, enquanto a realidade de um destino cruel se desdobrava diante de nós. O aborto, uma perda que transcendeu qualquer desconfiança, nos deixou imersos na tristeza compartilhada. Em um momento que deveria ser de alegria pela revelação da verdade, encontramo-nos envolvidos na escuridão de uma dor comum. Enquanto Aemond tentava processar a complexidade da situação, as sombras pairavam sobre nós, testemunhando uma união não apenas de sangue, mas de lutas e lágrimas compartilhadas.
No abraço de Alicent e na presença de Aemond, senti a profundidade da nossa dor e a fragilidade do nosso futuro. Cada lágrima, cada palavra não dita, formava o pano de fundo de uma nova fase em nossa vida, onde a luta pela compreensão e pelo amor verdadeiro se tornava mais urgente do que nunca. O caminho à frente seria longo e difícil, mas, unidos na dor, podíamos encontrar a força para enfrentar as sombras e buscar a luz que, esperávamos, ainda poderia nos guiar.
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Entre Sombras e Dragões- Aemond Targaryen
Fanfiction1° Livro da Duologia: "As Crônicas dos Dragões e Sombras" Em um período de crescente tensão e traição, Visenya Baratheon, uma princesa de espírito indomável, e Aemond Targaryen, um príncipe marcado por seu passado tumultuado, enfrentam uma batalha n...