O silêncio envolvia nossos aposentos enquanto Aemond, com uma expressão séria, desamarrava o tapa-olho que ocultava sua cicatriz. Cada movimento era calculado, e eu, ansiosa pela revelação, observava a transformação gradual que se desenrolava diante de mim.
Quando o tecido finalmente cedeu, a visão de seu olho vazio encontrou a minha. Não era o primeiro encontro com essa cicatriz, mas, desta vez, algo era diferente. O espaço entre nós parecia se contrair, como se aquela pequena distância pudesse conter a vastidão de emoções que compartilhávamos.
O olhar de Aemond, agora desprovido do véu protetor, era como uma janela para sua alma. A safira brilhava com uma intensidade que transcendia a ausência física. Era uma força resiliente, uma marca de batalhas enfrentadas e superadas. Meu coração, ao testemunhar aquela vulnerabilidade, pulsava em sintonia com o dele.
— Visenya... — Aemond começou, mas suas palavras foram interrompidas por um lampejo de emoção em seus olhos.
Sem dizer uma palavra, ele se aproximou, e eu, instintivamente, estendi minha mão na direção dele. Nossos dedos se entrelaçaram suavemente, formando uma conexão que transcendia as palavras. Aemond, com seu olhar agora totalmente exposto, mergulhou na profundidade dos meus olhos, como se buscasse uma compreensão mútua que não necessitasse de explicação.
— Aemond, esta é a sua verdadeira face, a que eu sempre vi além das cicatrizes físicas. Seu olhar é uma constelação de experiências, uma narrativa de coragem e perseverança. — sussurrei, transmitindo meu apreço pela autenticidade que ele compartilhava comigo.
Aemond, tocado por aquelas palavras, aproximou-se ainda mais. Nossos lábios quase se encontraram, mas a tensão ainda pairava no ar, uma sombra do que havia acontecido em Derivamarca.
— Visenya, eu... sinto tanto pelo que fiz. Pela dor que causei a você, a Lucerys... — Aemond confessou, sua voz carregada de remorso. Ele parecia desesperado para que eu entendesse sua angústia e arrependimento.
Encarei-o, meu coração dividido entre a raiva que ainda queimava dentro de mim e a compaixão que nutria por aquele homem que amava.
— Aemond, não sei se posso perdoar o que aconteceu em Derivamarca. Foi uma tragédia que não podemos desfazer. — admiti, minha voz trêmula de emoção contida. — Mas aqui, agora, vejo você de verdade. E, apesar de tudo, ainda há amor em meu coração por você.
Aemond abaixou o olhar por um momento, como se a confissão aliviasse um peso em seus ombros. Quando ergueu os olhos novamente, a determinação brilhava em seu olhar.
— Prometo que farei tudo o que estiver ao meu alcance para reparar os erros do passado. Para reconstruir o que destruímos, se você me der essa chance. — ele disse com sinceridade, suas palavras ecoando com um novo propósito.
Eu o observei por um momento, ponderando suas palavras. Sabia que o caminho à nossa frente seria árduo e incerto, mas também sabia que não poderia ignorar a profundidade do que ainda sentia por ele.
— Faremos isso juntos, Aemond. Passo a passo, reconstruiremos o que perdemos. — respondi finalmente, um vislumbre de esperança surgindo em meu coração.
E assim, naquele momento de vulnerabilidade compartilhada e promessas renovadas, encontramos um começo para nossa jornada de redenção e perdão. O futuro ainda era incerto, mas enquanto nos olhávamos com olhos agora despidos de máscaras, sabíamos que havia uma chance para nós, mesmo após as sombras que nos separaram.
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Entre Sombras e Dragões- Aemond Targaryen
Fiksi Penggemar1° Livro da Duologia: "As Crônicas dos Dragões e Sombras" Em um período de crescente tensão e traição, Visenya Baratheon, uma princesa de espírito indomável, e Aemond Targaryen, um príncipe marcado por seu passado tumultuado, enfrentam uma batalha n...