Entre Sombras e Dragões- Aemond Targaryen

Tempestade Interna

A tempestade rugia lá fora, um caos de vento e chuva que ecoava a agitação interna de Aemond. Aos trovões, sua expressão era uma mistura de desconforto e medo, uma vulnerabilidade raramente exposta. Dentro das paredes imponentes da Fortaleza Vermelha, onde poder e força eram o alicerce, ver Aemond assim era um lembrete de que até mesmo os dragões têm suas fraquezas.

Enquanto ele permanecia de pé junto à janela, observei a tensão em seus ombros, as mãos cerradas. Aemond Targaryen, o destemido, temia algo que não podia ser empunhado como uma espada ou enfrentado como um inimigo. O trovão ressoava pelo céu, e ele parecia diminuir a cada estrondo, seus olhos fixos na fúria da natureza lá fora.

"Você tem medo de tempestades?" perguntei, surpresa ao descobrir essa fraqueza em seu semblante geralmente firme. Minha pergunta cortou o silêncio tenso que preenchia o quarto, trazendo seus olhos para os meus.

Ele hesitou por um momento antes de admitir: "Sim, desde criança. A violência do vento e o estrondo do trovão me atormentam." Sua confissão foi um suspiro de alívio, como se libertar-se desse fardo por um momento diminuísse o poder que a tempestade tinha sobre ele.

Decidi não zombar de sua confissão, afinal, todos têm seus demônios, até mesmo os dragões. Em vez disso, abri um espaço para ele na cama, uma oferta de conforto que transcendeu nossas diferenças.

"Deite-se, Aemond. Às vezes, a calma de outra pessoa pode acalmar a tempestade dentro de nós." Minhas palavras foram suaves, um convite a deixar de lado as armaduras que ambos vestíamos em nossas vidas diárias.

Ele olhou-me, uma mistura de surpresa e gratidão. Com relutância, cedeu, deitando-se na cama ao meu lado. A tempestade lá fora continuava seu espetáculo furioso, mas, dentro do quarto, a atmosfera era de uma tranquilidade surpreendente.

Sentei-me ao lado dele e, sem dizer uma palavra, comecei a acariciar suavemente seus cabelos, uma melodia silenciosa de conforto. O gesto, simples mas íntimo, parecia dissipar as sombras que nos cercavam. As mãos cerradas foram se afrouxando lentamente, e o medo que antes se refletia em seus olhos foi substituído por uma expressão de alívio.

"Por que não me contou antes?" indaguei, mantendo o movimento reconfortante. O peso das expectativas que recaíam sobre ele era evidente, mas naquele momento, ele não era o príncipe ou o guerreiro, apenas um homem confrontando seus medos.

"Sempre fui ensinado a esconder minhas fraquezas. Em Westeros, os fortes são admirados, e os fracos, desprezados." Sua voz estava suave, quase um sussurro, revelando a batalha interna que travava para se permitir ser vulnerável.

"Às vezes, compartilhar nossas vulnerabilidades nos torna mais fortes. Não é sinal de fraqueza enfrentar nossos medos, mas de coragem," afirmei suavemente, olhando-o com compreensão. Em um mundo que venerava a força, mostrar-se frágil era um ato de bravura.

A tempestade lá fora começou a diminuir, e o silêncio no quarto foi quebrado apenas pelo som suave da chuva persistente. Aemond, agora mais calmo, virou-se para me encarar com gratidão nos olhos, uma conexão silenciosa estabelecida entre nós.

"Obrigado, Visenya. Nunca imaginei que alguém pudesse me acalmar assim." Sua gratidão era genuína, uma rachadura na armadura que ele sempre usava, permitindo-me ver o homem por trás do príncipe.

"Às vezes, tudo o que precisamos é de alguém ao nosso lado, enfrentando as tempestades internas juntos." Sorri, compartilhando um momento de compreensão que, mesmo nas sombras do nosso casamento tumultuado, estava começando a se desenrolar.

Naquele instante, sob o manto da noite e a melodia distante da chuva, Aemond e eu encontramos uma pequena trégua em nossa luta constante, um vislumbre de que talvez houvesse espaço para compreensão e, quem sabe, até mesmo algo mais. A tempestade, que antes era um símbolo de caos e medo, tornou-se um catalisador para uma conexão inesperada entre nós, lembrando-nos de que até mesmo nos ventos mais furiosos, havia a promessa de um novo começo.