Marcas do Passado

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Após os dias mágicos em Derivamarca, chegou o momento de partir. Foi decidido que eu viajaria nos primeiros barcos enquanto Aemond permaneceria para resolver os últimos assuntos antes de retornar. A despedida foi breve, mas carregada de promessas e esperanças para o futuro.

Enquanto o navio deslizava sobre as águas tranquilas, olhei para trás e vi o castelo Velaryon diminuindo no horizonte, sentindo um misto de saudade e antecipação para o reencontro com Aemond.

A travessia era calma, e a brisa marítima era revigorante. As horas passaram lentamente até que, durante uma tarde preguiçosa, uma carta urgente me foi entregue. O selo de Aemond estava intacto, mas ao abrir e ler as palavras, senti um choque tão profundo que mal conseguia respirar.

"Ao meu lado, Aemond, o amor da minha vida, havia cometido um ato imperdoável. Durante o voo de Vaghar, ele atacou Lucerys Velaryon. A vingança pelo olho perdido e todas as memórias dolorosas associadas àquele lugar tinham finalmente transbordado em violência."

A carta detalhava o encontro nos céus. Lucerys, montado em seu dragão Arrax, havia sido surpreendido por Aemond. O conflito feroz terminara em tragédia, com Arrax e Lucerys caindo nas águas agitadas abaixo. A notícia era um golpe esmagador. Sempre vi Lucerys como um garoto doce e gentil, e a ideia de sua morte brutal nas mãos de Aemond era inimaginável.

O choque inicial foi seguido por uma torrente de emoções: tristeza profunda pela perda de Lucerys, raiva por Aemond ter cedido à vingança e uma desoladora sensação de traição. Meu coração, que recentemente havia sido preenchido com alegria e amor, agora estava dilacerado pela dor.

Enquanto o navio continuava sua jornada, a tripulação percebeu minha angústia, mas não ousou perguntar nada. Meus pensamentos estavam em tumulto. Como poderia enfrentar Aemond depois disso? Como reconciliar o homem que amava com o ato monstruoso que ele havia cometido?

A chegada ao porto, sem a presença de Aemond, aumentou minha ansiedade. Esperei por notícias, mas ele não apareceu. Cada hora que passava sem sinal dele ampliava meu desespero e confusão. Finalmente, uma nova carta chegou, desta vez de um emissário de Derivamarca. Aemond estava a caminho, mas a situação era tensa e incerta.

Quando ele finalmente chegou, o reencontro foi frio e distante. As palavras de explicação e arrependimento soavam vazias diante do peso do que ele havia feito. Aemond tentou justificar suas ações, falando das cicatrizes e do ódio acumulado, mas nada poderia apagar a imagem de Lucerys caindo do céu.

"Visenya," ele murmurou, os olhos implorando por compreensão. "Eu não queria... mas o ódio... o desejo de vingança... me cegaram."

Olhei para ele, sentindo uma distância insuperável entre nós. "Você matou um inocente, Aemond. Um garoto doce e indefeso. Como posso perdoar isso?"

O silêncio entre nós era pesado e carregado de tristeza. As memórias dos momentos felizes em Derivamarca pareciam distantes e irreais. A realidade cruel havia nos alcançado, e nada seria como antes.

A viagem de volta foi marcada por um vazio doloroso. O futuro, antes cheio de promessas, agora estava obscurecido pela incerteza e desconfiança. As sombras do passado não apenas voltaram, mas se aprofundaram, lançando uma escuridão sobre tudo o que tínhamos construído.

Assim, a história de nossa viagem a Derivamarca, que começou como uma lua de mel, terminou em uma amarga desilusão. O caminho à frente era incerto, e apenas o tempo diria se conseguiríamos superar a tragédia que nos separava.

Entre Sombras e Dragões- Aemond TargaryenOnde histórias criam vida. Descubra agora