Votos nas Sombras

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À medida que o grande dia se aproximava, o frenesi dos preparativos atingia seu ápice na Fortaleza Vermelha. O clamor dos servos e o sussurrar dos cortesãos transformavam os corredores em um mar de vozes e passos apressados. Entre os bordados delicados do vestido e os aromas envolventes das flores, eu, Visenya, navegava por esse mar de expectativas e deveres com a destemida determinação que me era peculiar.

Os jardins estavam repletos de flores de todas as cores, enquanto o septo da Fortaleza era decorado com velas cintilantes, suas luzes tremeluzindo como estrelas nas vastas abóbadas. Meu vestido de casamento, uma obra-prima em tecido dourado e prateado, era um reflexo do próprio dragão, simbolizando tanto o poder quanto a fragilidade da linhagem que eu estava prestes a abraçar.

Nos corredores silenciosos, onde as sombras pareciam dançar ao ritmo do meu coração acelerado, uma reunião secreta foi arquitetada. Rhaenyra, a corajosa Targaryen que compartilhava comigo a chama das sombras, me encontrou em um recanto escondido, longe de olhos curiosos.

"Visenya, as sombras nos uniram, e agora, precisamos nos unir também em propósito", disse Rhaenyra, seus olhos revelando uma determinação feroz. "Aemond é um elo frágil nesta corrente, e juntas, podemos moldar nosso destino."

Assenti, compreendendo as palavras não ditas que ecoavam em nossas mentes. Os votos proferidos nas sombras eram mais fortes do que os que ressoavam no septo. Nossas almas eram atadas por um juramento que transcendia as formalidades da cerimônia que se aproximava. Rhaenyra e eu sabíamos que nossa aliança era tanto uma necessidade quanto uma força, uma união que poderia alterar o curso das águas turbulentas da política em Westeros.

"Rhaenyra, não permitirei que as sombras engolfem nossa individualidade. Em nossa aliança, preservaremos nossa autonomia, cada uma um raio de luz nas sombras da outra", declarei, jurando lealdade a essa irmandade secreta que se erguia nas sombras da fortaleza. A compreensão tácita entre nós era profunda, e em nossas mãos, sentíamos o poder de uma nova era a se formar.

Aemond, inadvertidamente, observava de longe, seu olhar penetrante capturando a cena clandestina. Seu rosto, um misto de desconfiança e curiosidade, revelava que as sombras, embora escuras e intrigantes, não eram impenetráveis. Havia algo no olhar dele que sugeria que ele sabia mais do que deixava transparecer, que percebia a teia de alianças que eu tecia, mas ainda assim hesitava em intervir.

Uma tensão silenciosa pairava entre nós, e eu sabia que o caminho que trilharíamos a partir dali seria repleto de desafios. Cada passo que dava em direção ao altar era uma dança cuidadosa entre poder e vulnerabilidade, entre dever e desejo. Aemond e eu, embora ligados pelo casamento, éramos também adversários em um jogo sutil de estratégias e intenções.

O dia do casamento se aproximava como uma tempestade no horizonte. Havia uma eletricidade no ar, uma expectativa que parecia pulsar nas próprias pedras da Fortaleza Vermelha. Enquanto eu traçava meu caminho através das tradições estabelecidas, sabia que, nas sombras, uma aliança secreta se fortalecia. Rhaenyra e eu, ligadas por votos invisíveis, nos preparamos para enfrentar o futuro com corações decididos, mesmo que as sombras teimassem em obscurecer o que estava por vir.

E assim, com a chegada do grande dia, ao som dos sinos do septo, eu estava pronta para enfrentar tanto o sol da cerimônia quanto as sombras da política, determinada a forjar meu destino e garantir que minha voz ecoasse nas câmaras do poder. A cerimônia seria um espetáculo de luz e glória, mas nas sombras, a verdadeira batalha pelo controle e liberdade começaria. E eu, Visenya, estava pronta para jogar o jogo dos tronos, com a força de um dragão e a sabedoria das sombras como minhas armas.

Entre Sombras e Dragões- Aemond TargaryenOnde histórias criam vida. Descubra agora