Brisa da Vitória

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O campo de treinamento ainda ecoava com o murmúrio surpreso da multidão quando deixei a área, minha espada embainhada e o coração pulsando com a energia da vitória. A brisa fresca acariciava meu rosto enquanto me afastava da arena improvisada, mas a sensação de triunfo era interrompida pela presença rápida de Aemond Targaryen. Ele se movia com determinação, sua postura rígida e seu olhar uma tempestade de emoções contidas.

Seu olhar fuzilante encontrou o meu quando ele se aproximou, uma nuvem escura de desconfiança pairando sobre ele. Era evidente que minha vitória havia tocado um nervo, despertando mais do que simples orgulho ferido.

"Não pense que escapará de minhas dúvidas tão facilmente, Visenya," Aemond declarou, sua voz carregada de um desagrado mal dissimulado, suas palavras como aço afiado tentando perfurar meu controle recém-adquirido.

Virei-me para enfrentá-lo, mantendo a postura erguida, consciente de que a vitória no campo de treinamento havia despertado mais do que admiração. Eu sabia que, para Aemond, ser desafiado por uma dama era uma afronta não apenas ao seu orgulho, mas à sua percepção de hierarquia e poder.

"Não trapaceei, meu príncipe. A vitória é resultado de treinamento e habilidade," respondi com firmeza, meu olhar encontrando o dele, determinado a não recuar diante de sua acusação.

Entretanto, a desconfiança persistia nos olhos de Aemond. Sem aviso, ele avançou, sua expressão agora contorcida pela raiva, os músculos de seu rosto tensos com a força de sua emoção. O ar ao nosso redor parecia crepitar com a intensidade do confronto iminente.

Instintivamente, ergui minha espada para me defender, preparando-me para um confronto inesperado. O aço brilhava sob a luz da manhã, e o mundo parecia se reduzir àquele momento singular, um teste de vontade e força.

"Você esconde algo, Lady Visenya. Essa vitória não pode ser simplesmente fruto de sua habilidade," Aemond acusou, seu tom carregado de desconfiança, sua espada encontrando a minha com um clangor que reverberava através do campo.

O embate verbal se transformou em um confronto físico, com Aemond investindo contra mim com a ferocidade de um dragão enraivecido. Nossas espadas se chocavam em um duelo tenso, cada golpe refletindo não apenas a força física, mas a intensidade das emoções que fervilhavam entre nós. Aemond, em sua fúria, parecia lutar não apenas contra mim, mas contra suas próprias inseguranças e medos.

Em meio ao embate, as sombras dançavam ao nosso redor, testemunhas silenciosas de um conflito que transcendia o simples campo de treinamento. As lâminas refletiam a luz e as trevas em igual medida, simbolizando a dualidade que permeava nossa relação. O som metálico dos golpes era como uma música antiga, um cântico de poder e desafio que ecoava através dos tempos.

À medida que o duelo prosseguia, uma estranha compreensão começou a se formar entre nós. A raiva de Aemond, embora intensa, parecia menos focada em mim e mais voltada para algo interno, uma batalha que ele lutava contra si mesmo. Eu percebi que sua fúria era tanto um clamor por controle quanto uma busca por compreensão.

No auge do confronto, quando o destino oscilava como uma pena ao vento, aguardando para qual lado cairia, nossas espadas se entrelaçaram em um momento de tensão pura. O mundo parecia parar, e em um instante, algo mudou. O olhar de Aemond, antes repleto de fúria, encontrou o meu com uma clareza súbita, uma revelação silenciosa de entendimento mútuo.

Com um esforço final, eu o desarmei mais uma vez, sua espada caindo ao chão com um som que ressoou através do campo. Ele caiu de joelhos, o olhar fixo em mim não mais de raiva, mas de algo diferente, algo que sugeria reconhecimento.

"Visenya..." ele começou, sua voz agora mais suave, como se as sombras que nos separavam tivessem finalmente cedido, ao menos por um momento.

Abaixei minha espada, oferecendo-lhe a mão. O campo de batalha tornara-se um espaço de revelações, um lugar onde, além do aço e do orgulho, começávamos a ver as verdadeiras faces um do outro.

"Aemond, nossa batalha não é apenas com espadas, mas com os fardos que carregamos," eu disse, minha voz firme, mas cheia de empatia. "É hora de enfrentar o que realmente nos assombra."

Ele aceitou minha mão, levantando-se lentamente. A tensão que havia nos separado parecia ter se dissipado, substituída por uma trégua tênue e uma nova compreensão. As sombras e verdades ocultas entre mim e Aemond começavam a se entrelaçar, delineando um caminho incerto que nos conduziria a destinos inexplorados na trama intricada da Fortaleza Vermelha.

A multidão ao redor começou a se dispersar, o murmúrio de surpresa e especulação se transformando em um zumbido mais suave. Eu sabia que nossa história estava apenas começando, e que as sombras que uma vez nos dividiam agora nos guiariam para novas revelações e desafios.


REVISADO E REESCRITO

Entre Sombras e Dragões- Aemond TargaryenOnde histórias criam vida. Descubra agora