Asas da Liberdade

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A suave brisa da reconciliação começava a acalmar os corredores da Fortaleza Vermelha. Olhares que antes eram carregados de hostilidade agora se encontravam com uma chama tímida de compreensão. Aemond e eu, ainda enredados nas complexidades de nosso casamento, começávamos a desvendar um terreno mais sólido sob nossos pés incertos.

Entretanto, como uma tempestade que se forma no horizonte, a calma não persistiu por muito tempo. Uma inquietação incontrolável agitava as asas de minha alma, instigando-me a buscar os céus mais uma vez, a escapar das amarras que ameaçavam me prender.

Decidi, impulsiva, explorar os domínios proibidos do céu noturno. Montada em Cannibal, meu leal companheiro, elevei-me além dos muros da Fortaleza Vermelha, deixando para trás as sombras de nossos conflitos recentes. A ânsia pela liberdade obscureceu minha razão, e parti sem comunicar meu destino a Aemond, sentindo o peso da responsabilidade desaparecer à medida que me lançava em direção ao céu estrelado.

As estrelas testemunharam minha fuga, e o rastro de minha ousadia logo foi descoberto. Aemond, determinado e impetuoso, montou Vhagar, o dragão que outrora compartilhara os céus com Cannibal. A perseguição começou, com as sombras da noite conspirando silenciosamente contra nós, transformando nosso voo em uma dança de luz e escuridão.

Enquanto voava nas alturas, senti-me envolvida pela sensação embriagadora da liberdade. Cada batida das asas de Cannibal ressoava como uma melodia de desafio. No entanto, a sombra de minha decisão imprudente logo lançou uma nuvem sobre a alegria efêmera. Aemond, montado em Vhagar, emergiu como um espectro da escuridão, sua expressão uma mistura de preocupação e fúria reprimida.

A melodia das asas cortando o ar foi substituída pelo silêncio tenso que pairava entre nós. Despreocupada, executei a mesma manobra ousada que marcara a noite de nossas núpcias, mergulhando das costas de Cannibal para as águas revoltas abaixo. Era um teste, uma prova da confiança que depositava em meu dragão e, ao mesmo tempo, uma declaração da minha independência.

Aemond, agora totalmente preocupado, pousou Vhagar nas imediações e correu em minha direção. Seus olhos, uma mistura de temor e raiva, encontraram os meus enquanto emergia da água. A tensão era palpável, como uma corda esticada prestes a se romper.

"Visenya, você está louca?" Sua voz ecoou, carregada de emoções conflitantes. Era mais do que uma reprimenda; era o grito desesperado de alguém que temia por mim.

"Às vezes, Aemond, a loucura é o preço da liberdade." Respondi, ignorando suas palavras enquanto subia para a superfície, meu espírito ainda indomável. A água fria era um lembrete vívido do preço da liberdade, mas também do poder que residia em nossas escolhas.

Ele agarrou meu braço, seus dedos apertando com força, uma resposta instintiva a um medo recém-descoberto. No entanto, minha determinação não vacilou. Eu o encarei, desafiando-o a compreender as correntes que nos conduziam.

"Você não pode simplesmente desaparecer assim, sem avisar. Eu temi o pior." Sua voz carregava uma vulnerabilidade que raramente se revelava, um apelo silencioso por entendimento.

"Aemond, a única coisa a temer é a prisão de nossas próprias asas." Minha voz, firme, ressoou acima das ondas. Era uma verdade que ambos precisávamos enfrentar, uma verdade que ele parecia relutante em aceitar. No entanto, ao invés de dissipar a tensão, minhas palavras pareceram inflamar ainda mais a chama da irritação em seus olhos.

A tempestade, que agora rugia tanto nos céus quanto em nosso relacionamento, provou ser mais desafiadora do que qualquer um de nós imaginara. Estávamos presos em uma batalha de vontades, em uma dança complexa entre o desejo de liberdade e a necessidade de segurança.

O futuro, antes tão promissor, revelava-se como um terreno desconhecido e perigoso, onde as sombras ameaçavam nos envolver mais uma vez. Mas, mesmo em meio à tempestade, havia uma promessa implícita de que, juntos, poderíamos encontrar um caminho. Estávamos aprendendo a voar em uníssono, desvendando os mistérios do céu e do coração, na esperança de que, em algum momento, as sombras se dissipassem e revelassem a luz que tanto buscávamos.

Entre Sombras e Dragões- Aemond TargaryenOnde histórias criam vida. Descubra agora