Preocupações discretas

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No eco silencioso da Fortaleza Vermelha, as criadas moviam-se com a eficiência treinada pelo tempo, mas seus olhares trocavam murmúrios carregados de preocupação. Aemond e Visenya, embora renovados em sua paixão, deixaram marcas visíveis e invisíveis na atmosfera dos aposentos reais.

As criadas, em sua sabedoria adquirida nos recantos secretos do castelo, trocavam olhares furtivos enquanto cumpriam suas tarefas. As marcas roxas nas delicadas curvas de Visenya não passaram despercebidas, e a preocupação se entrelaçava com a rotina cotidiana. Eram sinais que contavam histórias de noites intensas, mas também evocavam perguntas que as servas se faziam, em silêncio, sobre a natureza daquele relacionamento.

Numa tarde em que a luz do sol penetrava timidamente pelos cortinados, as criadas, reunidas como um conselho não oficial, compartilhavam suas inquietações sobre a saúde de Visenya. Elas murmuravam em vozes sussurradas, ocultas pela cortina da discrição, mas os olhares eram expressivos e carregados de apreensão.

"Já perceberam como ela fica mais reclusa ultimamente? E essas marcas..." uma criada sussurrou, deixando a frase flutuar como uma nuvem pesada no ar. Seus olhos estavam fixos na delicada forma de Visenya, que passava por elas como um fantasma, ausente e introspectiva.

"O príncipe Aemond é conhecido por seu temperamento, mas isso parece estar indo longe demais. Devemos fazer algo para proteger a princesa", outra acrescentou, a empatia refletida em seus olhos atentos. Havia uma solidariedade silenciosa entre as mulheres, um entendimento implícito do que significava viver sob o mesmo teto que os Targaryen.

Decididas a intervir antes que sombras mais sombrias se estendessem sobre Visenya, as criadas planejaram um encontro discreto. Ainda no abrigo da penumbra dos aposentos, elas se aproximaram da princesa com delicadeza, suas vozes carregadas de preocupação sincera.

"Princesa Visenya, permita-nos servi-la de maneira que vá além das formalidades habituais. Suas marcas nos preocupam, e queremos assegurar que sua saúde esteja em bom estado", disse uma das criadas, com olhos que refletiam a ternura maternal. Era um ato de coragem para mulheres de sua posição, mas a lealdade à princesa superava o medo das consequências.

Visenya, tocada pela demonstração de cuidado, baixou momentaneamente as barreiras que erguera ao seu redor. "Agradeço por sua preocupação. As marcas são testemunhas de uma paixão avassaladora, mas entendo que possam causar preocupação. Deixem-me assegurar-lhes que estou bem." Sua voz era firme, mas havia uma vulnerabilidade subjacente que apenas aqueles com um olhar atento poderiam perceber.

As criadas, satisfeitas com a resposta, continuaram a desempenhar suas funções, mas seus olhares guardavam uma vigilância discreta sobre a princesa. Elas sabiam que, embora Visenya tivesse garantido estar bem, as aparências podiam enganar, e o coração humano era complexo e frequentemente contraditório.

Enquanto o dia se desenrolava, a sombra da inquietude se dissipava lentamente, mas as criadas permaneceriam atentas às oscilações do vento emocional que soprava pelos corredores da Fortaleza Vermelha. Havia um entendimento tácito entre elas de que a proteção da princesa exigia mais do que observar, mas também ouvir e estar presente nos momentos certos.

Assim, enquanto a corte seguia seu curso com protocolos e intrigas, nos bastidores, as criadas assumiam o papel de guardiãs silenciosas, determinadas a proteger Visenya das sombras que ameaçavam turvar a sua luz. Elas sabiam que, em um mundo onde alianças eram tão frágeis quanto vidro, o verdadeiro poder residia na força de uma comunidade unida, mesmo que invisível. E, nas sombras, elas estariam sempre prontas para agir, fiéis a Visenya e à promessa de um futuro mais seguro para ela.

Entre Sombras e Dragões- Aemond TargaryenOnde histórias criam vida. Descubra agora