Entendimentos no Silêncio

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Uma semana se passou desde a revelação das cicatrizes, uma semana de tensão crescente entre mim e Aemond. O palácio cochichava com rumores sobre a peculiar união entre o Príncipe Dragão e a Princesa Selvagem, e o peso dessas expectativas pairava sobre nossos ombros como uma névoa constante. As intrigas e os sussurros se espalhavam pelos corredores da Fortaleza Vermelha, como sombras furtivas que se escondiam nas curvas das paredes.

Na sala do trono, onde os olhos atentos da corte nos observavam com expectativa e curiosidade, Aemond e eu participávamos de uma dança intricada. Não era uma dança de celebração, mas sim uma dança das sombras, onde cada movimento carregava o peso das palavras não ditas e das tensões não resolvidas. Os nobres ali reunidos pareciam famintos por qualquer sinal de discórdia que pudesse reforçar seus rumores, enquanto a música soava como um pano de fundo distante para a batalha silenciosa que travávamos.

A música preenchia o salão, mas o silêncio entre nós era ensurdecedor. Cada passo era calculado, cada olhar trocado continha um desafio não expresso. A corte assistia, ávida por qualquer sinal de fraqueza em nossa união improvável. Nossas máscaras eram perfeitas, mas dentro de mim, um turbilhão de emoções se debatia.

"Skorion ao ēdrūlī bona iā sirty?" (Por que você revelou aquelas cicatrizes naquela noite?) Aemond quebrou o silêncio, sua voz baixa, mas carregada de curiosidade e uma ponta de algo mais – talvez compreensão.

"Sȳndroro ao kostagon vēttan bona sepār vaores. Sepār, skoriot Cannibal daor arlī jēda iā mazverdagon," (Para que você entendesse que há mais em mim do que o que você vê superficialmente. Assim como há mais em Cannibal do que a reputação de um dragão sanguinário,) respondi, mantendo minha postura ereta e a cabeça erguida.

A dança continuou, um jogo de sombras e luz, revelando e ocultando, enquanto o salão girava ao nosso redor. A tensão entre nós era palpável, mas nenhum de nós cedia, mantendo uma fachada de normalidade perante a corte curiosa. Era uma batalha silenciosa, onde nossas palavras e ações eram as armas.

"Aemond, nyke gīmigon bona bisa īlvā jēda iksis daor sepār ao vēttan, yn daor kesīr ao kīvan syt, iksis īlva qrimbrōzō, iksā daor vaores," (Aemond, eu sei que esta união não é o que você desejou, mas recusar-se a aceitar é negar a realidade que enfrentamos,) comentei, buscando uma ponte de entendimento, algo que nos ligasse além do simples dever.

Ele apertou os lábios, resistindo à minha sugestão. "Ikūlī vaores iksan kesā jāhor naejot ēdrure, Visenya. Sēton iksis iā jenka, daor iā rybagon se drīve syt jaelagon īlva kēlītās," (Não estou aqui para jogos, Visenya. Casar-se é um compromisso sério, não uma peça de teatro para agradar a corte,) ele respondeu com firmeza, suas palavras cortantes como uma lâmina afiada.

A música alcançou um clímax, refletindo a tensão que se acumulava entre nós. Em um movimento inesperado, Aemond puxou-me para um passo mais próximo, nossos corpos quase colidindo. Eu podia sentir a energia bruta e a determinação em seu aperto, como se ele estivesse tentando entender algo que estava além de suas capacidades.

"Lo ao ūndan zirȳ, Visenya, kessa bisa jenka iksan kesā daor iā jorrāelagon iā jaelagon. Dekogon nykēla bona iksis daor sepār." (Então, mostre-me, Visenya, que este compromisso não é apenas uma farsa. Mostre-me que há algo real aqui,) ele desafiou, seus olhos fixos nos meus, procurando respostas que talvez eu mesma ainda estivesse descobrindo.

A dança das sombras atingiu seu ápice, e por um breve momento, hesitei antes de responder. O salão parecia prender a respiração, aguardando meu próximo movimento, minha próxima palavra. "Drējī iksā sepār sȳndroro, Aemond. Se qrimbrōzō, hen ūndegon nykēla, daor kostagon arlī sagon rhaenyra." (Verdade exige tempo, Aemond. E as sombras, uma vez reveladas, não podem ser ocultadas novamente.)

O silêncio retornou, a música diminuiu, e a corte observava com interesse enquanto continuávamos nossa dança intricada. As sombras dançavam ao nosso redor, mas o que emergiria delas, somente o tempo poderia revelar. A incerteza estava presente, mas também havia uma nova determinação. Apesar das dificuldades, ambos sabíamos que havia mais do que simplesmente um acordo político em jogo. Havia uma chance, por menor que fosse, de encontrarmos algo verdadeiro no meio das sombras que nos cercavam.


REVISADA E REESCRITA

Entre Sombras e Dragões- Aemond TargaryenOnde histórias criam vida. Descubra agora