Bailado de Máscaras

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Os dias transcorreram como um rio calmo, mas as sombras do nosso casamento ainda persistiam, dançando ao nosso redor. Aemond e eu, agora aliados de conveniência, enfrentávamos a corte com um rosto unido, mas os bastidores revelavam a verdadeira natureza da nossa relação. Era uma dança cuidadosa entre aparências e realidades, em que cada gesto e cada palavra tinham um significado oculto.

Uma noite, a Fortaleza Vermelha estava viva com um baile, uma ocasião em que máscaras de cortesia escondiam as verdadeiras intenções de cada participante. O grande salão estava decorado com faixas e bandeiras Targaryen, e a música vibrante preenchia o ar. Nobres de toda Westeros estavam presentes, cada um ostentando suas melhores roupas e suas melhores mentiras.

Vestida em um vestido negro e prateado que brilhava à luz das velas, eu me misturava à multidão, um sorriso cortês adornando meus lábios. Aemond, meu par nesse teatro social, estava ao meu lado, sua máscara de príncipe destemido cuidadosamente mantida. Ele vestia uma túnica escura bordada com dragões prateados, um lembrete constante de sua herança e do peso que carregava.

Enquanto as músicas enchiam o salão, percebi Alicent, a rainha, nos observando com olhos astutos. Seu olhar era penetrante, como se estivesse avaliando cada movimento nosso. Decidi brincar com a situação e, com um gesto gracioso, convidei Aemond para a pista de dança. Sob os olhares atentos da corte, começamos um bailado elegante, nossos passos harmoniosos, mas as sombras nos espreitavam.

"Aemond, ao sikagon raqagon hen se tōma hen Westeros isse aōha mōris," (Aemond, você dança como se carregasse o peso de Westeros em seus ombros), comentei, tentando dissipar a tensão que pairava entre nós. Minha voz era baixa, mas o suficiente para ele ouvir em meio à música e às conversas ao redor.

Ele sorriu de forma forçada, seus olhos revelando uma melancolia profunda. "Kessa sikagon iksis ēzi, Visenya. Lo ziry lentor lo vali jikagon iā morghon." (Nossa dança é uma encenação, Visenya. Como as máscaras que todos usamos aqui.) Havia uma honestidade crua em suas palavras, um reconhecimento de que, por mais que fingíssemos, a verdade estava ali, invisível, mas inegável.

A música mudou para um tom mais vibrante, e eu aproveitei a oportunidade para provocar um diálogo mais íntimo. "Lentor se jikagon, īlva iksis ao se nyke, Aemond? Se sikagon īlva se sikagon rhaenor ēza, yn skoros iksis ēngos se sikagon?" (Por trás das máscaras, quem somos nós, Aemond? A corte nos vê como um casal promissor, mas o que há além das aparências?) Minha pergunta pairava no ar, uma ponte estendida entre nós, esperando para ser cruzada.

Aemond pareceu refletir por um momento antes de responder. "Iksan āeksio isse se sikagon, Visenya, yn ziry daor iksis kesrio daor jāhor iāpa vāedromē." (Somos peões neste jogo, Visenya, mas isso não significa que não possamos decidir nossos próprios movimentos.) Havia uma determinação em seu olhar, uma faísca de desafio que contrastava com a resignação que às vezes via nele.

As palavras dele ecoaram em minha mente enquanto continuávamos a dança. A verdade estava ali, pairando entre nós, mas nenhum de nós parecia disposto a desvendar completamente o véu das sombras. Era um jogo perigoso, mas havia uma promessa de possibilidade, uma esperança de que poderíamos encontrar nosso próprio caminho.

Alicent, observando nossa interação, aproximou-se com graça, seu vestido verde esvoaçando ao seu redor. "Lady Visenya, Príncipe Aemond, é um prazer vê-los dançando tão harmoniosamente. Que esse casamento floresça como uma rosa nos Jardins de Cima." Suas palavras eram gentis, mas eu podia sentir o peso de seu julgamento. Ela estava sempre atenta, sempre avaliando, sempre buscando fraquezas para explorar.

Sorrimos educadamente, nossas máscaras de cortesia ainda intactas. "Nós também esperamos isso, mãe. Mas as rosas não florescem sem dificuldades," Aemond respondeu, suas palavras carregando um duplo sentido que apenas nós entendíamos.

No entanto, as sombras que nos envolviam sussurravam promessas de revelações futuras. O baile continuou, mas as máscaras, mesmo que momentaneamente abaixadas, ainda escondiam os segredos que compartilhávamos. Havia uma complexidade em nossa relação, uma dança de desconfiança e esperança, que apenas nós dois poderíamos navegar.

Assim, entre a elegância da dança e as máscaras de cortesia, Aemond e eu continuávamos nossa jornada, navegando pelas correntes misteriosas da Fortaleza Vermelha. O que o futuro reservava para nós, apenas as sombras sabiam, mantendo seus segredos bem guardados. Mas, pela primeira vez, senti que havia uma possibilidade de que, juntos, poderíamos iluminar as sombras e encontrar nosso próprio caminho.

Entre Sombras e Dragões- Aemond TargaryenOnde histórias criam vida. Descubra agora