Uma Trégua na Tempestade

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O eco dos passos reverberava pelo salão quando entrei na sala do trono, onde o rei e a rainha se encontravam. A atmosfera solene e a presença imponente do Trono de Ferro conferiam ao ambiente uma aura de autoridade e intriga. Aemond estava ao lado do rei, uma sombra enraivecida que não passava despercebida.

"Visenya, finalmente resolveu aparecer." Aemond rosnou, lançando-me um olhar que queimava com ressentimento.

"Não tenho o hábito de me atrasar." Respondi, mantendo a compostura diante da corte que observava atentamente.

O rei ergueu a mão, indicando que me aproximasse. A presença imponente de Cannibal pairava nos recessos da sala, suas asas sombrias projetando-se como uma ameaça silenciosa. O rugido surdo do dragão, quase imperceptível, parecia acompanhar o ritmo tenso de nossos corações.

"Aemond, Visenya, a corte testemunhou suas disputas e desentendimentos. Tal desarmonia entre vocês é prejudicial para a estabilidade do reino." O rei declarou com uma seriedade que ressoava no salão. Sua voz ecoava, exigindo que todas as intrigas fossem deixadas de lado em prol da paz e da unidade.

A rainha Alicent observava a cena com olhos perspicazes, e eu sentia sua atenção penetrante sobre mim. A tempestade interior persistia, mas diante do trono, era imperativo manter uma fachada de dignidade.

"Sugiro que coloquem suas diferenças de lado e cumpram os deveres que esta união exige." O rei continuou, lançando um olhar que atravessava a tensão entre Aemond e eu.

"Se houver algo que precise ser discutido, que seja feito aqui, de maneira civilizada." Alicent interveio, sua voz suave carregando um tom de autoridade. Seu olhar encontrava o meu, uma mistura de compaixão e advertência, como se ela própria tivesse vivenciado o peso dos segredos e a dor da traição.

Aemond manteve um silêncio rancoroso, mas eu enfrentei o olhar acusatório dele com firmeza. A sala do trono transformou-se em um campo de batalha verbal, onde palavras afiadas eram as armas de escolha.

"Aemond, não há necessidade de hostilidades. Somos uma família agora, e precisamos encontrar maneiras de conviver harmoniosamente." Proferi as palavras com um toque de desafio, desafiando-o a aceitar a realidade de nossa ligação.

Ele respondeu com um olhar gélido, mas antes que a discussão pudesse se intensificar, o rei interveio novamente. "Este é um reino que exige união. Se não podem encontrar paz entre vocês, temo que medidas mais severas terão que ser tomadas."

As palavras do rei pairaram no ar como uma sentença, e eu sabia que a dança nas sombras entre Aemond e eu estava longe de acabar. O destino da Fortaleza Vermelha, e talvez de Westeros, estava intrinsecamente ligado ao equilíbrio frágil que tentávamos forjar.

Eu inspirei profundamente, sentindo o peso da responsabilidade sobre meus ombros. O olhar do rei era firme, mas havia algo mais ali – uma expectativa, uma esperança de que encontrássemos uma maneira de superar nossas diferenças.

A rainha Alicent se levantou, seus movimentos graciosos, mas sua presença não menos ameaçadora. "As sombras têm seu lugar, mas não podem governar nossos corações e mentes. Aprendam a coexistir, não apenas como marido e mulher, mas como aliados no campo de batalha que é a corte."

Com essas palavras, a audiência foi encerrada. Aemond e eu nos afastamos do trono, o silêncio entre nós mais ensurdecedor do que qualquer grito.

Caminhamos juntos pelo corredor da Fortaleza Vermelha, mas ainda separados por um abismo de desconfiança e orgulho. As sombras eram nossas companheiras, mas as estrelas, como sempre, continuavam a dançar acima de nós, oferecendo um vislumbre de esperança em meio à escuridão.

Sabia que havia uma longa estrada pela frente, uma jornada que exigiria não apenas coragem, mas também sabedoria. As alianças na corte eram fluidas, e as lealdades mudavam com a mesma frequência que as marés. Precisávamos nos preparar para os desafios que viriam, tanto de fora quanto de dentro de nossas próprias almas.

Naquele momento, decidi que não permitiria que as sombras nos consumissem. Havia mais em jogo do que apenas nossas vidas – havia um reino que precisava de liderança, de força e de união. E mesmo que a tempestade interior rugisse, estava determinada a encontrar uma maneira de navegar por ela.

A Fortaleza Vermelha, com seus segredos e suas histórias, seria o palco de nosso drama, mas também o lugar onde encontraríamos nosso caminho, onde descobriríamos o que realmente significava ser parte da dinastia Targaryen.

Entre Sombras e Dragões- Aemond TargaryenOnde histórias criam vida. Descubra agora