Nos dias que se seguiram à explosão de emoções na sala de jantar, uma atmosfera gélida pairava sobre a Fortaleza Vermelha. O castelo, antes vibrante com os sons da corte, agora parecia sussurrar suas preocupações nas correntes de ar que serpenteavam pelos corredores. Visenya, em sua reclusão, confrontava não apenas as sombras que dançavam em seu interior, mas também as cicatrizes recentes que marcavam a relação entre ela, Aemond e Aegon.
Ela se refugiava na solidão, passando horas na sala de pintura, onde as cores vibrantes de suas obras contrastavam com a melancolia que a envolvia. As pinceladas, antes confiantes e precisas, agora eram hesitantes e fragmentadas, um reflexo do caos em seu coração. O silêncio da sala era quebrado apenas pelo som suave das cerdas do pincel raspando a tela, uma música solitária que ecoava sua dor interna.
Aemond, assombrado pelo arrependimento, buscava maneiras de reparar os estragos causados pela imprudência do irmão. Ele passava longas horas nas muralhas da fortaleza, observando o horizonte como se buscasse respostas nas sombras do crepúsculo. O vento frio do mar soprava em seu rosto, trazendo consigo a lembrança amarga do conflito que ameaçava despedaçar tudo o que ele amava. Ele se perguntava se o tempo poderia apagar as mágoas ou se apenas tornaria as cicatrizes mais profundas.
Em meio a esse turbilhão de emoções, um visitante inusitado adentrou os corredores de Rochedo do Dragão. Sor Christopher, o cavaleiro leal que sempre acompanhava Visenya, aproximou-se de Aemond com um semblante grave. Seus passos eram decididos, mas respeitosos, enquanto se aproximava do príncipe, que estava perdido em pensamentos.
"Príncipe Aemond, lamento perturbar seu momento de reflexão, mas Visenya precisa de alguém com quem possa compartilhar suas dores. Sua solidão está se transformando em um fardo insuportável."
Aemond, reconhecendo a sabedoria nas palavras de Sor Christopher, sentiu um peso no peito. A imagem de Visenya, sozinha e vulnerável, fez com que ele percebesse a urgência da situação. Ele concordou em visitar Visenya, determinado a encontrar um caminho de volta para ela.
Ele caminhou pelos corredores sombrios, cada passo ecoando a distância entre eles. As paredes pareciam fechar-se ao seu redor, como se o castelo estivesse prendendo a respiração, aguardando o desenlace desse encontro. Ao adentrar a sala de pintura, encontrou Visenya diante de uma tela em branco, os olhos refletindo a tormenta que a consumia. Havia uma fragilidade em sua postura, como se ela estivesse à beira de desmoronar.
"Visenya", murmurou Aemond, escolhendo as palavras com cautela. Sua voz era suave, quase um sussurro, como se temesse que qualquer som mais alto pudesse quebrá-la. "Precisamos conversar. Não podemos deixar que as sombras nos afastem mais."
Ela virou-se lentamente, a expressão carregada de tristeza e resignação. Seus olhos, que outrora brilhavam com paixão e determinação, agora estavam apagados, como se toda a luz tivesse sido sugada por sua dor. "Aemond, há verdades que nem mesmo as sombras podem esconder. O que aconteceu foi uma ferida que não sei se posso curar."
Aemond, sentindo o peso da responsabilidade, aproximou-se dela. A dor em sua voz era palpável, e ele sabia que precisaria ser paciente, pois a reconciliação não seria fácil. "Sei que as palavras não podem desfazer o que foi feito, mas estou disposto a fazer o que for preciso para reconquistar sua confiança. Nossa família não pode ceder às sombras que tentam nos engolir."
Visenya, tocada pela sinceridade nas palavras de Aemond, permitiu-se um instante de vulnerabilidade. Havia algo em seu olhar que sugeria uma abertura, uma esperança tímida que ela lutava para reprimir. "Eu só queria que as sombras fossem embora, Aemond. Que pudéssemos voltar a ser aqueles que éramos antes."
Aemond, acolhendo-a em seus braços, sentiu a barreira entre eles começar a desmoronar. Suas palavras eram sinceras, uma promessa de que faria qualquer coisa para consertar o que fora quebrado. "Vamos enfrentar as sombras juntos, Visenya. Não podemos mudar o passado, mas podemos moldar o futuro."
Enquanto os dois se abraçavam, as sombras que pairavam sobre eles começavam a perder intensidade. O abraço era um gesto simples, mas carregado de significado, um símbolo de que, apesar das dificuldades, eles estavam dispostos a lutar um pelo outro. A reconciliação não seria instantânea, mas ali, na sala de pintura, traçavam-se os primeiros raios de luz em direção à redenção.
Nos dias que se seguiram, Aemond e Visenya embarcaram em uma jornada de reconstrução. Entre conversas sinceras, lágrimas e promessas, eles descobriram que a verdadeira força residia na capacidade de enfrentar as sombras e emergir, juntos, para a luz de um novo começo. Aemond, determinado a reconquistar a confiança de Visenya, mostrava-se presente em sua vida de maneiras que antes negligenciara. Pequenos gestos de carinho e compreensão transformavam-se em pontes que começavam a unir os pedaços fragmentados de seu relacionamento.
Visenya, por sua vez, permitia-se sentir esperança novamente. Com cada passo rumo à reconciliação, ela sentia as feridas antigas começarem a cicatrizar. Havia um conforto na presença de Aemond, uma segurança que ela pensara ter perdido. Eles compartilhavam momentos de leveza, lembrando-se do amor que os unira desde o início.
Aegon, observando de longe a resiliência do casal, começava a compreender a extensão de suas ações. Ele, que sempre se orgulhara de sua astúcia e habilidade para manipular situações, agora via as consequências de sua imprudência. Embora ainda carregasse a bravata de sua posição, havia uma sombra de arrependimento em seus olhos, uma compreensão tardia do estrago que causara.
Assim, a Fortaleza Vermelha, que antes ressoava com a tensão do conflito, começava a vibrar com uma nova energia. As sombras ainda existiam, mas eram menos ameaçadoras, atenuadas pela luz que emanava da determinação de Aemond e Visenya de reconstruir o que fora quebrado. As palavras trocadas eram agora carregadas de significado e intenção, um lembrete constante de que, apesar das dificuldades, a redenção era possível.
Enquanto caminhavam pelos corredores do castelo, lado a lado, Aemond e Visenya sabiam que o caminho à frente não seria fácil. Haveria desafios, dúvidas e sombras que ameaçariam novamente sua paz. Mas, juntos, estavam dispostos a enfrentar qualquer adversidade, seguros de que, enquanto mantivessem a fé um no outro, poderiam transformar até mesmo a noite mais escura em um amanhecer brilhante.
E assim, entre as muralhas da Fortaleza Vermelha, uma nova história começava a ser escrita. Uma história de amor, resiliência e esperança, onde as sombras do passado eram confrontadas com a luz do presente, e onde o futuro brilhava com promessas de dias melhores. O caminho era incerto, mas, com cada passo, Visenya e Aemond encontravam a coragem de avançar, um dia de cada vez, juntos.
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Entre Sombras e Dragões- Aemond Targaryen
Fiksi Penggemar1° Livro da Duologia: "As Crônicas dos Dragões e Sombras" Em um período de crescente tensão e traição, Visenya Baratheon, uma princesa de espírito indomável, e Aemond Targaryen, um príncipe marcado por seu passado tumultuado, enfrentam uma batalha n...