Liberdade na Escuridão

25 1 0
                                    

O crepúsculo dourado se desdobrava sobre Rochedo do Dragão quando Aemond e eu, envoltos em capuzes sombrios, deslizamos pelas ruas estreitas da cidade. Na penumbra, o príncipe Aemond parecia libertar-se do fardo que sua linhagem lhe impunha, tornando-se, por um breve momento, apenas um homem em busca de liberdade. Longe dos olhares julgadores da corte, ele estava mais leve, e nós dois éramos, por um instante, desconhecidos em uma terra de anonimato.

"Visenya, esta cidade tem um charme noturno que a Fortaleza Vermelha nunca poderia replicar," comentou Aemond, sua voz baixa mesclando-se com os sons da cidade.

"É verdade, Aemond. Aqui, na penumbra, até mesmo nós nos tornamos desconhecidos," respondi, sentindo a liberdade da noite ao nosso redor.

A cidade pulsava com vida noturna, e o aroma de especiarias dançava no ar enquanto nos misturávamos à multidão. Lojas iluminadas por tochas e barracas de mercado apinhavam-se ao longo das ruas, e risadas ecoavam dos cantos escuros. Aemond, com sua altura imponente, liderava o caminho, mas meu olhar atento capturava cada gesto e olhar dirigido a ele. Ele era um enigma para eles, um estranho na noite.

Em uma taverna animada, decidimos entrar para escapar dos olhos curiosos. A música envolvia o ambiente, e a risada fácil preenchia o espaço, criando uma atmosfera de camaradagem. Optamos por um canto mais escuro, longe da agitação. Sentamo-nos lado a lado, nossos olhares se cruzando em silenciosa cumplicidade, partilhando um segredo apenas nosso.

"À liberdade na escuridão, Visenya," Aemond ergueu sua caneca em um brinde, seus olhos brilhando sob a luz fraca da taverna.

"À liberdade," respondi, erguendo minha caneca em resposta. Nossos olhares intensos compartilhavam mais do que palavras, eram promessas não ditas, entendimentos silenciosos que uniam nossos destinos.

O garçom, indiferente às nossas identidades reais, trouxe duas canecas de hidromel robusto. O líquido dourado escorregou pela garganta, aquecendo nossos ânimos e aliviando as tensões do dia. Pelo menos por algumas horas, éramos simplesmente nós mesmos.

No canto oposto da taverna, uma jovem senhora de olhos cintilantes observava Aemond com interesse evidente. Seus cabelos sedosos caíam em cascata, e a pele refletia a luz do ambiente. Uma onda de ciúmes sutil percorreu meu peito, apesar de todos os esforços para negá-la.

Sussurrei, quase sem perceber, "Quem é ela, Aemond? Parece fascinada por você."

Aemond inclinou-se para mim, um sorriso brincando em seus lábios. "Apenas uma passageira na noite, Visenya. Meu olhar está fixo em uma estrela muito mais brilhante."

Os olhares entre Aemond e a jovem senhora se encontraram mais de uma vez, desencadeando uma faísca de tensão palpável. Era como se cada um de nós estivesse ciente do significado do outro, mesmo sem palavras. Aemond, percebendo minha inquietação, lançou-me um sorriso afetuoso, um gesto que acalmou os redemoinhos de ciúmes que ameaçavam se formar.

À medida que a noite avançava, Aemond e eu nos tornávamos meros espectadores da vida noturna da cidade, compartilhando risadas furtivas e murmúrios ocultos. A taverna era um microcosmo do mundo maior, onde podíamos nos perder e nos encontrar simultaneamente.

"Aemond, essa cidade traz à tona um lado diferente de nós," eu comentei, minha voz quase perdida na cacofonia do ambiente.

"Não somos mais apenas príncipe e princesa aqui. Somos Aemond e Visenya, perdidos na noite," ele respondeu, sua mão encontrando a minha sob a mesa.

Em um beco isolado, longe dos olhares curiosos, finalmente admitimos o que as sombras já sabiam. O mundo ao nosso redor parecia diminuir, deixando-nos em um espaço apenas nosso.

"Visenya, não posso mais negar o que sinto. Você é a estrela que ilumina minha escuridão," ele confessou, sua voz carregada de emoção.

"E você é o fogo que aquece meu coração, Aemond," respondi, meu coração pulsando em uníssono com o dele.

O toque furtivo das nossas mãos entrelaçadas nas sombras tornou-se a promessa sussurrada de algo que ia além dos limites impostos pela coroa. Era um compromisso tácito, um entendimento que transcendeu palavras e ações.

"Estamos desafiando as sombras, Aemond. Mas nesta noite, somos livres," murmurei, sabendo que a liberdade era efêmera, mas ainda assim preciosa.

Assim, na penumbra da noite, onde nossos corações batiam em uníssono, a chama de uma paixão proibida acendeu-se, desafiando as sombras e prometendo um destino entrelaçado. Nessa noite, onde o amor e o dever se entrecruzavam em uma dança proibida, encontramos a verdade que ambos buscávamos: que, juntos, éramos mais fortes do que as sombras que nos cercavam. Naquele momento, sob a luz das estrelas, prometemos um ao outro que, independentemente dos desafios que enfrentaríamos, nossa ligação seria nossa força, nosso refúgio e nossa esperança.

Entre Sombras e Dragões- Aemond TargaryenOnde histórias criam vida. Descubra agora