Tempestade Interior

38 1 0
                                    

A noite envolvia a Fortaleza Vermelha em um manto escuro quando regressei aos meus aposentos. O chá com Alicent, apesar de aparentemente amigável, deixou-me com uma sensação de inquietação. Havia uma tempestade interior, uma agitação de pensamentos que tumultuavam minha mente.

Ao entrar no quarto, deparei-me com Aemond, que aguardava com uma expressão indescritível. Seus olhos, normalmente carregados de intensidade, agora pareciam perder-se em alguma contemplação desconhecida.

"Onde esteve?" indagou ele, sua voz cortante como uma lâmina.

"Estive com a rainha Alicent, a convite dela." Respondi com calma, sentindo uma tensão elétrica no ar.

Aemond ergueu uma sobrancelha, seu rosto obscurecido pela sombra da sala. "E o que discutiram?"

"Conversamos sobre a corte, suas complexidades e as expectativas que recaem sobre nós." Expliquei, tentando manter a transparência em minhas palavras.

Ele soltou um grunhido de desdém. "Jogos políticos e fofocas palacianas. Não deveria se envolver nisso."

"Somos peças nesse jogo, Aemond, gostemos ou não." Rebati, sentindo a frustração crescer em meu peito.

Uma faísca de irritação acendeu-se em seus olhos. "Você deveria se preocupar mais com seu papel como minha esposa do que com essas intrigas."

Aemond aproximou-se, a tensão palpável entre nós. Senti o calor de sua respiração enquanto ele murmurava com uma intensidade quase ameaçadora. "A cama adicional foi retirada, e seus pertences foram transferidos para o meu quarto. Este é o início do seu verdadeiro dever como minha esposa."

O anúncio de sua decisão soou como um trovão em minha mente. Uma tempestade interior desencadeou-se, misturando-se com as sombras que pairavam entre nós. Em silêncio, ele deixou o quarto, e eu fiquei ali, presa no olho do furacão que se formava em nossa relação.

A cama conjugal, agora o epicentro de uma mudança iminente, representava mais do que uma simples união física. Era um símbolo de compromisso, mas também de domínio. As sombras, cúmplices silenciosas, observavam enquanto eu me via diante de uma escolha inevitável.

A tempestade interior rugia com força, e eu contemplava o caminho à frente, onde as nuvens de incerteza e a promessa de desafios pairavam no horizonte da Fortaleza Vermelha.

Fiquei ali por um momento, as sombras dançando ao meu redor, contemplando o peso da decisão de Aemond. Não era apenas uma mudança física, mas uma declaração de seu poder e da complexidade de nosso relacionamento. Ele havia colocado as cartas na mesa, e agora eu precisava decidir como responderia a esse movimento.

O luar filtrava-se pela janela, lançando um brilho prateado no quarto, e eu me permiti um momento de introspecção. As palavras de Aemond ecoavam em minha mente, assim como as de Alicent. Estávamos todos presos em um jogo de poder, um tabuleiro de xadrez onde cada movimento era crucial.

Sabia que a corte era um campo de batalhas invisíveis, onde alianças e intrigas poderiam decidir o destino de muitos. Aemond estava certo ao dizer que nosso casamento não era apenas uma união pessoal, mas um componente vital na teia política que nos envolvia. E, mesmo que relutante, eu entendia a necessidade de adaptar-me a essas circunstâncias.

Respirei fundo, permitindo que a serenidade do momento clareasse minha mente. A decisão de Aemond não seria o fim de nossa jornada, mas o começo de um novo capítulo. Precisávamos encontrar uma maneira de coexistir, de equilibrar nossas responsabilidades enquanto preservávamos nossa identidade.

A partir daquele momento, prometi a mim mesma que não seria uma peça passiva nesse jogo. Eu também tinha minhas estratégias e minhas próprias intenções. Sabia que enfrentar Aemond significaria navegar por águas traiçoeiras, mas estava disposta a fazê-lo, pois entendia que, na corte, sobreviver era uma questão de adaptação e resiliência.

O futuro era incerto, mas estava determinada a traçar meu próprio caminho. Enquanto as sombras observavam em silêncio, prometi a mim mesma que não deixaria as circunstâncias me definirem. A tempestade interior que rugia em meu peito seria minha força motriz, uma força que me guiaria nas escolhas que viriam.

Entre Sombras e Dragões- Aemond TargaryenOnde histórias criam vida. Descubra agora