As Asas do Passado

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O som distante de asas batendo preencheu os jardins da Fortaleza Vermelha, interrompendo a leitura da carta de minha mãe. A princípio, pensei que era apenas o voo de corvos retornando ao seu ninho, mas ao erguer os olhos, deparei-me com uma visão que evocava memórias há muito esquecidas e jamais perdidas. Entre as sombras do entardecer, Cannibal, o dragão selvagem de escamas negras e olhos verdes, emergiu dos céus como uma fera alada imponente, cortando o ar com um poder que lembrava tempestades de outrora.

A corte agitou-se com murmúrios, enquanto olhos curiosos e amedrontados se voltavam para o céu. A reputação sanguinária de Cannibal, ausente da Fortaleza Vermelha por uma década, despertou temores e especulações. Alguns recuavam instintivamente, enquanto outros observavam fascinados a criatura que se dizia indomável. Sua volta, neste momento crucial de minha estadia, era como um capítulo inesperado em um livro já repleto de intrigas e mistérios não revelados.

A carta em minhas mãos tremia ligeiramente enquanto eu observava o retorno imponente de meu antigo companheiro. As palavras de minha mãe, tão urgentes e reveladoras, agora eram ofuscadas pela presença avassaladora de Cannibal. O dragão, uma vez indomável, agora parecia um espectro do passado, um guardião de segredos que apenas eu compreendia. Recordações de quando o encontrei pela primeira vez surgiram em minha mente como flashes de um sonho distante: uma jovem determinada a enfrentar seus medos e a descobrir a verdade escondida por trás das lendas.

O jardim parecia congelado no tempo enquanto Cannibal pousava, suas garras poderosas tocando o solo com um estrondo surdo que reverberou pelo pátio. A corte, paralisada pela visão do dragão, não compreendia por que Cannibal retornara, e sua presença sombria lançava uma sombra sobre as festividades do casamento iminente. Entre murmúrios e olhares apreensivos, decidi que era hora de enfrentar a fera que um dia se tornara meu confidente, um laço forjado em tempos de adversidade e solidão.

Ao me aproximar, o olhar de Cannibal encontrou o meu. Seus olhos, tão verdes quanto as profundezas das florestas de Westeros, refletiam inteligência e reconhecimento. Uma conexão invisível e indestrutível formou-se entre nós, como se o tempo e a distância não fossem nada comparados à força de nossa ligação.

"O que trouxe Cannibal até aqui?" murmurei, olhando nos olhos inteligentes do meu leal companheiro. Suas asas enormes pairavam sobre nós, como se anunciassem uma mudança iminente, um novo capítulo em nossas vidas. Senti um arrepio percorrer minha espinha, uma mistura de excitação e medo do desconhecido.

Os murmúrios e sussurros se espalharam pela corte, enquanto a notícia da presença de Cannibal se espalhava como fogo selvagem, incendiando a curiosidade e o pavor entre os nobres reunidos. As histórias de seu passado brutal eram conhecidas, mas a aliança que compartilhávamos era algo que poucos podiam compreender.

"Ele veio em busca da dona." Oton, que observava a cena de perto, sussurrou, revelando a compreensão profunda que os unia. O tom em sua voz era de certeza, como se ele soubesse que este reencontro era inevitável, destinado a acontecer neste momento crucial.

O capítulo que se desdobrava era mais do que uma reunião entre senhora e dragão; era uma lembrança de uma aliança que transcendia as fronteiras entre humanos e criaturas aladas. Enquanto o pôr do sol tingia o céu de tons dourados e rubros, a sombra de Cannibal se fundiu com a minha, reavivando laços que o tempo não poderia apagar. Era como se o próprio universo conspirasse para reunir-nos novamente, para nos lembrar de que nosso destino estava entrelaçado de maneira irrevogável.

A corte estava prestes a enfrentar a presença imponente de um dragão que desafiava não apenas as tradições, mas também traçava um novo destino para aqueles que ousavam desafiar as convenções de Westeros. A presença de Cannibal era um lembrete de que os tempos estavam mudando e que aqueles que estavam dispostos a desafiar as normas poderiam muito bem reescrever a história.

Enquanto eu permanecia ao lado de Cannibal, sentia a expectativa no ar, uma corrente elétrica de potencial e promessa. O destino estava nos convocando para um caminho de revelações e desafios, e eu estava preparada para responder ao chamado, ciente de que a jornada à frente seria tão formidável quanto a própria criatura que agora se erguia ao meu lado.


REVISADA E REESCRITA

Entre Sombras e Dragões- Aemond TargaryenOnde histórias criam vida. Descubra agora