129 d.c
O salão estava repleto de vozes sussurrantes, cada uma ressoando com a inevitabilidade de uma decisão já tomada. As malas, cuidadosamente organizadas, estavam empilhadas como evidências do futuro que me aguardava. Meu destino era traçado pelo compromisso real que pesava sobre meus ombros como uma carga inescapável. Meu olhar perdido refletia a incerteza que se instalara em minha mente, enquanto tentava encontrar alguma esperança nos contornos familiares do castelo que sempre fora meu lar.
Oton, meu fiel protetor e amigo de longa data, estava ao meu lado, seu rosto expressando preocupação genuína. Ele tentava argumentar contra a pressa em me casar, sua voz firme, mas cheia de empatia. "Milady, talvez ainda haja tempo para reconsiderar," disse ele, seu olhar fixo no meu, buscando uma faísca de resistência. "Você tem apenas dezoito anos, ainda tão jovem. Deveria ter a liberdade de escolher seu próprio caminho."
Entretanto, a corte tinha suas próprias intenções. Sor Blackthorn, um cavaleiro de rosto austero e modos rígidos, personificava as tradições implacáveis que governavam nossa sociedade. Ele permanecia em pé com uma postura imponente, os olhos frios como aço enquanto insistia na necessidade iminente do casamento. "A jovem Lady deve cumprir seu dever," declarou ele com uma convicção que parecia inabalável, como se o destino fosse uma lei escrita nas estrelas.
As palavras de Sor Blackthorn encontraram eco em Seraphin, a conselheira astuta e arrogante da corte de meu pai. Ela se movia pelo salão com a graça de uma serpente, cada passo calculado. "Este é um tempo de alianças," comentou, a voz suave como seda, mas carregada de intenções ocultas. "Um casamento com o reino vizinho fortalecerá nossas posições e trará prosperidade para todos."
Meu pai, sentado em seu trono com uma expressão pensativa, ponderava as palavras de Seraphin. Ele era um homem acostumado a fazer escolhas difíceis, guiado pela razão e pela responsabilidade de governar. Normalmente, eu enfrentaria essa batalha com fervor, defendendo minha liberdade com palavras afiadas como espadas. No entanto, desta vez, a decisão parecia um destino já selado, inescapável como o ciclo das estações.
"Infelizmente, tenho que concordar com Seraphin," meu pai finalmente falou, sua voz carregada de resignação. "Visenya terá que se casar, e felizmente já temos uma proposta do rei. Assim, teremos um novo aliado poderoso que garantirá a segurança de nosso reino."
A declaração de meu pai caiu como um peso sobre meu coração, cada palavra uma corrente que me prendia ao que parecia ser um futuro inevitável. A incerteza se aprofundava, não como um medo, mas como uma profunda insegurança que lançava sombras sobre meus sonhos de liberdade. Oton, percebendo minha angústia, lançou-me um olhar de compreensão e solidariedade, sabendo que eu não era uma Lady comum, que meu espírito ansiava por mais do que uma mera união política.
Quando minha mãe entrou no quarto, trazendo consigo uma aura de ternura e força, percebi que ela também carregava o fardo de nossa situação. Ela pediu às criadas que nos deixassem a sós, e enquanto o quarto se esvaziava, comecei a sentir a profundidade de sua preocupação. Com um gesto suave, ela pegou uma escova e começou a pentear meus cabelos, uma tradição que sempre simbolizou momentos especiais entre nós.
Seus olhos, refletindo uma tristeza contida, encontraram os meus no espelho. Uma lágrima solitária escapou, mas seu sorriso permanecia, uma mistura de orgulho e dor. O silêncio entre nós falava mais do que palavras poderiam expressar, um diálogo de emoções e lembranças compartilhadas.
"Sabes que vou sentir tua falta, não é?" ela murmurou, a voz suave enquanto terminava um penteado simples, mas cheio de significado. Ela apoiou a cabeça na minha, um gesto de conforto e despedida.
"Claro, mãe," respondi, minha voz tremendo com a emoção contida. "Sei que as coisas não têm sido fáceis desde a morte de Orys."
A menção de meu irmão trouxe à tona a dor de sua perda, um vazio que nossa mãe tentava preencher como podia. Ele fora um guerreiro bravo, levado de nós em uma batalha recente que deixou cicatrizes em todos os nossos corações. Agora, com suas filhas prestes a deixar o reino, a dor que minha mãe tentava esconder parecia crescer a cada dia.
A dúvida ecoava em meu íntimo: deveria mesmo partir? O receio de desapontar aqueles que amo entrelaçava-se com a resistência em renunciar aos meus próprios anseios. A pressão da coroa e a iminência do casamento real criavam um turbilhão de emoções, cada uma puxando-me em direções opostas.
A despedida se aproximava, carregada de pesares e dilemas, enquanto o mundo ao meu redor continuava a girar, alheio às tormentas internas que eu enfrentava. O sol começava a se pôr, tingindo o céu com cores de despedida, e eu me perguntava se algum dia encontraria a liberdade e a felicidade que meu coração desejava.
REVISADA E REESCRITA
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Entre Sombras e Dragões- Aemond Targaryen
Fiksi Penggemar1° Livro da Duologia: "As Crônicas dos Dragões e Sombras" Em um período de crescente tensão e traição, Visenya Baratheon, uma princesa de espírito indomável, e Aemond Targaryen, um príncipe marcado por seu passado tumultuado, enfrentam uma batalha n...