A noite estendia seus braços sombrios sobre os aposentos reais, mergulhando o ambiente numa penumbra carregada de emoções pesadas. As tochas ardiam fracamente, lançando sombras trêmulas pelas paredes, enquanto o silêncio reinava, espesso como um manto. Visenya, sentada em uma cadeira ornamentada, sentia o peso do mundo em seus ombros. Entre soluços e lágrimas que lhe embargavam a voz, desvelou a dolorosa verdade que pairava no ar saturado dos aposentos.
"Estava grávida, Aemond," sussurrou ela, sua voz trêmula ecoando pelas paredes silenciosas. As palavras pareceram tomar vida própria, reverberando no ambiente como um eco amargo. Uma vida, tão promissora e repleta de possibilidades, perdida no turbilhão da incerteza e do sofrimento. O peso da perda e da dor se materializava em cada palavra, e o olhar de Visenya se perdia no abismo dos próprios sentimentos. Cada lágrima era um lamento silencioso, uma expressão de um pesar que palavras não podiam traduzir completamente.
As sombras dançavam ao redor dela, testemunhas silenciosas do drama que se desdobrava nos corações entrelaçados dos Targaryen. "Rezo aos deuses," pensou ela, com um pesar profundo, "para que nunca mais me abençoem com a carga de uma criança, especialmente quando paira a sombra da traição." Sua voz falhou, e ela fechou os olhos, tentando, em vão, afastar a sensação de que o destino havia sido cruelmente injusto.
O silêncio que se seguiu ecoava como um túmulo, a tensão palpável entre o casal e a rainha Alicent. A rainha, que assistia à cena com uma expressão severa, tinha os olhos cheios de uma tristeza antiga e profunda. Alicent Hightower, apesar de sua fachada de ferro, entendia o tormento de Visenya. As cortinas escuras do destino se fechavam, e, num gesto imprevisível, a matriarca da casa Targaryen lançou um tapa acusador em direção a Aemond. O som do impacto ressoou como um trovão, refletindo o turbilhão de emoções que agora se desenrolava.
Visenya, caída no chão, sentiu-se como se estivesse afundando num abismo de sofrimento. O tapa, que não era destinado a ela, cortou-lhe o coração, enquanto a figura de Aemond, marcada pela incredulidade e dor, permanecia imóvel diante do furacão que se desencadeava. O rosto de Aemond estava pálido, os olhos arregalados em choque e confusão. Ele tentou falar, mas as palavras ficaram presas na garganta, sufocadas pelo peso das acusações e da tristeza.
A sala, antes repleta de luxo e grandiosidade, tornou-se um palco para a tragédia. Aemond, perdido em um emaranhado de emoções, tentava articular palavras que pudessem desfazer o nó que se formava no peito de Visenya. Alicent, apesar da ira expressa no gesto, observava a cena com um misto de compaixão e julgamento. Ela sabia que este era um momento decisivo, uma encruzilhada onde o destino dos Targaryen seria selado de forma irrevogável.
Visenya, com os olhos marejados, levantou-se do chão como se o peso da notícia e da violência física não fossem suficientes para quebrá-la. Seu olhar encontrou o de Alicent, e, por um momento, houve uma troca de entendimento silencioso entre as duas mulheres. Alicent, compreendendo o tormento que Visenya enfrentava, percebeu que o destino dos Targaryen estava entrelaçado com dor e sacrifício. A rainha, apesar de sua posição e das responsabilidades que carregava, viu na jovem uma alma gêmea de sofrimento e resistência.
A noite prosseguiu em um luto silencioso. Os ecos das palavras, dos soluços e do tapa reverberaram pelas paredes, enquanto Visenya, Aemond e Alicent eram deixados para lidar com as cicatrizes visíveis e invisíveis que marcariam a linhagem dos dragões. O caminho à frente, agora obscurecido pelas sombras mais densas, parecia desafiador, e as feridas abertas exigiriam tempo para cicatrizar, se é que algum dia o fariam. O destino dos Targaryen, envolto na trama intricada do amor, traição e perda, permanecia incerto sob o manto implacável da noite.
Visenya, sentindo a dor física e emocional que a consumia, retirou-se para um canto do quarto, onde a luz das tochas não alcançava plenamente. Alicent aproximou-se, sua presença uma mistura de autoridade e ternura. "Visenya," começou a rainha, sua voz um sussurro que buscava atravessar as barreiras de dor que a jovem havia erguido, "os deuses testam os mais fortes de formas que nunca imaginamos. Mas você não está sozinha. Estamos todos ligados por esses fardos."
Aemond, por sua vez, aproximou-se com cautela, temendo agravar ainda mais a situação. "Visenya," disse ele, sua voz carregada de sinceridade e desespero, "nunca quis que você sofresse assim. Por favor, acredite em mim."
Visenya levantou o olhar, seus olhos ainda brilhando com lágrimas não derramadas. "Aemond," ela respondeu, sua voz quebrada mas firme, "as sombras do passado e do presente nos assombram. Precisamos de clareza, de verdade. Apenas isso pode nos salvar."
Alicent, percebendo a profundidade do momento, retirou-se discretamente, deixando o casal enfrentar juntos os demônios que ameaçavam destruí-los. No silêncio que se seguiu, Visenya e Aemond permaneceram juntos, suas almas desnudas diante do peso do destino que os unia e separava.
Enquanto a noite avançava, o casal começou a compreender que a verdadeira batalha estava dentro de seus corações. A confiança, uma vez quebrada, precisava ser restaurada, e isso exigiria mais do que palavras. Exigiria ação, compreensão e, acima de tudo, o desejo sincero de reconstruir o que havia sido destruído.
A escuridão continuou a envolver os aposentos, mas dentro daquela penumbra, havia uma pequena chama de esperança. O caminho à frente seria árduo e cheio de obstáculos, mas tanto Visenya quanto Aemond estavam determinados a enfrentar as sombras juntos. O destino dos Targaryen, embora incerto, carregava a promessa de redenção e renovação, se eles pudessem encontrar a força para superar a escuridão e abraçar a luz do novo amanhecer.
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Entre Sombras e Dragões- Aemond Targaryen
Fanfiction1° Livro da Duologia: "As Crônicas dos Dragões e Sombras" Em um período de crescente tensão e traição, Visenya Baratheon, uma princesa de espírito indomável, e Aemond Targaryen, um príncipe marcado por seu passado tumultuado, enfrentam uma batalha n...