As Águas Escuras da Libertação

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A melodia festiva ressoava por todos os cantos da Fortaleza Vermelha, suas notas alegres ecoando pelos corredores de pedra e enchendo o ar com uma sensação de celebração. O som dos tambores e das flautas entrelaçava-se com o murmúrio das vozes, criando uma sinfonia vibrante que parecia pulsar com vida própria. Eu, Visenya, estava sendo conduzida pelo corredor até o altar pelo meu pai, suas mãos firmes mas gentis segurando as minhas enquanto avançávamos. Meu vestido era um esplendor de seda vermelha e ouro, brilhando à luz das tochas que ladeavam o caminho.

À frente, Aemond, o brutamontes a quem estava prestes a ser unida, aguardava ao lado do septão, sua postura rígida e imponente como se o mundo devesse se curvar diante dele. Ele vestia um manto escuro, ornado com detalhes em prata que destacavam seus ombros largos e sua figura robusta. Seus olhos, gelados e penetrantes, estavam fixos em mim, mas em vez de ternura, o que vi foi um homem grosseiro e insensível, uma montanha de força bruta envolta em um manto de arrogância.

O septão, com sua voz grave e autoritária, deu início ao ritual. Ele pegou uma fita dourada, símbolo de nossa união, e começou a amarrar nossas mãos juntas. Para mim, aquela fita simbolizava mais uma prisão do que uma união sagrada. "À vista dos Sete, eu selo estas duas almas, vinculando-as como uma, para a eternidade", proclamou ele, suas palavras reverberando pelo salão. O eco de sua voz parecia zombar da situação, transformando o que deveria ser um momento sagrado em uma paródia amarga.

"Olhem um para o outro e digam as palavras", instruiu o septão. Com relutância, nossos olhos se encontraram e, em uníssono, repetimos os votos preestabelecidos. "Pai, Ferreiro, Guerreiro, Mãe, Donzela, Velha, Estranho, sou dele/ela e ele/ela é meu/minha a partir deste dia até o fim dos meus dias." As palavras saíram de meus lábios como se fossem um encantamento sem vida, vazias de significado, reverberando na sala de festas ornamentada com tapeçarias e brasões de nossa casa.

Então, num movimento calculado, o caos se instaurou. No auge da celebração, enquanto todos estavam distraídos com danças e banquetes, desapareci. Minha ansiedade era palpável, cada batida do meu coração era um grito por liberdade. Fui até os estábulos, onde Cannibal, meu fiel dragão, me esperava. Subi em suas costas, sentindo a familiaridade de suas escamas sob minhas mãos, e juntos voamos pelos céus noturnos, cortando o Mar Estreito. A brisa fria da noite acariciava meu rosto, e pela primeira vez em muito tempo, senti a liberdade de verdade.

Cannibal e eu dançávamos pelos céus, mergulhando e subindo, a vastidão do mundo abaixo de nós. Numa acrobacia perigosa, mergulhei de suas costas nas águas escuras. O impacto foi como um abraço gelado, mas sob as ondas, momentaneamente suspensa entre o céu e o mar, experimentei uma liberdade fugaz antes de emergir, encharcada e revitalizada. A escuridão das águas contrastava com o brilho das estrelas acima, criando um cenário quase surreal.

Retornei à festa como se nada tivesse acontecido, mas o olhar furioso de Aemond revelou que meu ato de rebeldia não passou despercebido. Ele estava no meio do salão, uma figura imponente que parecia engolir a luz ao seu redor. Ao me ver, atravessou a multidão e agarrou meu braço com força, sua expressão contorcida pela raiva. "Skori bē? Istēny vestris mērī eptēbagon" (Onde esteve? Pensei que tivesse fugido!), vociferou ele, sua voz cortante.

Seu aperto era uma mistura de violência contida e frustração, intensificando minha determinação de não me submeter. Com um sorriso desafiador, respondi: "Eptēbagon? Ñuha jorrāelagon, iksā ivōrion istēn jaelagon rhaenyssy before ao gevie syt nykeā. Eglie ñuhys iksā daor ynak ebrion ziry." (Fugir? Meu querido, eu estava apenas provando o sabor da liberdade antes que você a roubasse de mim. Casar-se não significa perder as asas.)

Sua expressão endureceu ainda mais, e ele apertou meu braço com mais força, ignorando os olhares curiosos ao nosso redor. "Ao jāhor kostōba kesīr ziry āeksio, daor syt gaomilaks" (Você deveria se comportar como uma dama, não como uma selvagem.)

Desvencilhando-me dele com um movimento brusco, respondi com desdém: "Āeksio dāez ziry selībot, ñuhys āeksio. Nyke līr" (Damas têm suas asas cortadas, meu príncipe. Eu prefiro voar.)

Deixando-o para trás, caminhei com passos firmes até meus aposentos para trocar de roupa. Cada movimento meu era calculado, mantendo minha fachada intacta enquanto a festa retomava seu clima de celebração. As risadas e conversas voltaram a encher o salão, mas para mim, as sombras dos votos proferidos naquele dia se tornavam mais nítidas, delineando uma jornada complicada à frente. Um casamento que me vinculava a um homem rude, onde eu teria que lutar constantemente para manter minha liberdade e dignidade. A dança matrimonial com Aemond estava apenas começando, e eu estava determinada a não deixar que ele quebrasse minhas asas.


REVISADA E REESCRITA

Entre Sombras e Dragões- Aemond TargaryenOnde histórias criam vida. Descubra agora