Dança das Sombras

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Claro, vamos incluir as falas em alto valiriano na cena expandida. Vou ajustar o texto para que as interações e diálogos entre Visenya e Aemond, assim como com Rhaenyra, sejam nessa língua.

A Fortaleza Vermelha estava em pleno esplendor naquela noite, suas paredes de pedra reverberando a música vibrante e as vozes animadas dos convidados que se espalhavam pelos salões. As festividades continuavam, e embora o ambiente fosse de celebração, eu, Visenya, sentia-me presa em uma trama complexa de sombras e expectativas. O casamento com Aemond não era apenas uma união de duas pessoas, mas uma dança de poder, tradição, e rebeldia.

Os corredores da fortaleza estavam decorados com bandeiras e estandartes dos Targaryen, os dragões vermelhos em fundo negro parecendo ganhar vida à luz das tochas que tremulavam. Servos passavam apressadamente com bandejas de prata carregadas de iguarias: javali assado com ervas, pombos recheados com tâmaras e amêndoas, e tortas de maçã perfumadas com canela. Os odores se misturavam no ar, criando uma sinfonia de aromas que só aumentava o fervor da celebração.

Em meio a esse cenário de opulência, eu me movia como uma estrangeira em minha própria festa de casamento, consciente de cada olhar que se voltava para mim, cada sussurro que percorria o salão. Os convidados eram nobres de toda Westeros, cada um com suas próprias ambições e alianças, e suas presenças apenas acrescentavam peso ao fardo que eu carregava.

Ao me aproximar de Aemond, que aguardava ao lado do septão, senti o peso das tradições que nos prendiam. Ele estava impecavelmente vestido, um manto escuro adornado com bordados em prata que destacavam seus ombros fortes. Seus olhos, frios e calculistas, encontraram os meus com uma intensidade que quase me fez hesitar. Mas eu não podia vacilar agora; estava determinada a afirmar minha liberdade e meu direito de ser mais do que um mero peão no jogo de alianças.

Quando a música começou, a multidão se abriu para nos observar. Dançar com Aemond era como pisar em um campo minado, cada passo cuidadosamente medido para evitar uma explosão. A tensão entre nós era palpável, uma corrente elétrica que ameaçava nos consumir.

"Ābrazȳrys syt vēzos, ao jorrāelagon daor kȳva, Visenya?"(Você acha que pode zombar das tradições e escapar ilesa, Visenya?) Aemond sussurrou enquanto girávamos pela pista de dança, sua voz carregada de uma mistura de raiva e desafio.

Encarei-o com firmeza, minha determinação brilhando como uma chama indomável. "Sȳz riña iksā, ēzi jelmio ūndegon. Rybas iksan rhaenor hēn lentor mirre."(As tradições são correntes que tentam prender as asas daqueles que ousam voar além delas. Eu escolhi voar, mesmo que isso desafie as expectativas que a sociedade impõe.)

Ele apertou minha mão com mais força, como se tentasse me subjugar com sua força bruta. "Ao māzigon vaores se gaomilaks sȳndor."(Você é minha esposa agora, e exigirei respeito.)

Inclinei-me para ele, um sorriso desafiador nos lábios. "Vaores daor māzigon. Ao jāhor jehikagon vaores."(Respeito não é um tributo que se exige; é conquistado. Talvez, meu senhor, você precise aprender a diferença.)

Enquanto continuávamos a dançar, percebi que não éramos os únicos atores em cena. Outros Targaryen nos observavam atentamente. Rhaenyra, minha cunhada e herdeira do trono, estava entre os presentes. Seu olhar era uma mistura de compreensão e preocupação, como se visse em mim uma versão mais jovem de si mesma. Ela sabia melhor do que ninguém como era viver sob o peso das expectativas familiares e da política.

Ao lado dela, Daemon Targaryen, nosso tio notoriamente imprevisível, observava a cena com um sorriso enigmático. Sua presença era ao mesmo tempo reconfortante e inquietante. Daemon sempre fora um mistério, mas eu sabia que ele entendia o jogo que estávamos jogando — ele próprio fora um mestre em manipular as sombras para seus próprios fins.

Outros membros da família também estavam presentes, cada um com suas próprias motivações e ambições. Naquele salão repleto de nobres e intrigas, eu podia sentir o peso dos olhares que nos observavam, avaliando cada movimento nosso.

A dança terminou, mas a batalha de vontades entre mim e Aemond estava longe de acabar. Enquanto nos afastávamos da pista, sua mão ainda apertada em meu braço, trocamos palavras em alto valiriano, a língua dos dragões, que carregava em si tanto poder quanto as chamas que exalavam.

"Ao jāhor kostōba kesīr ziry āeksio, daor syt gaomilaks."(Você deveria se comportar como uma dama, não como uma selvagem.) Aemond murmurou, sua voz carregada de frustração.

"Āeksio dāez ziry selībot, ñuhys āeksio. Nyke līr sikagon isse dāez rhaenor."(Se ser uma dama significa ter minhas asas cortadas, então prefiro voar.) Respondi com firmeza, desvencilhando-me de seu aperto.

O olhar furioso de Aemond foi uma resposta silenciosa, mas não recuei. Eu sabia que a luta pela minha autonomia estava apenas começando, e não permitiria que ele ou qualquer outro me subjugasse.

Em meio à tensão, notei a presença de Rhaenyra ao meu lado. Com um aceno quase imperceptível, ela me guiou para longe da multidão, até um canto mais reservado do salão. Seus olhos, que refletiam tanto força quanto compreensão, encontraram os meus.

"Visenya," ela começou, sua voz suave mas firme. "Ao ivestragon nyke emā daor rhaenor iksā. Sȳrkta ēzi gaomagon se olvie. Mirre ozos."(Entendo o que você está passando. Eu também lutei para ser mais do que uma peça no jogo dos homens. Precisamos nos unir.)

Assenti, compreendendo que nossa aliança seria crucial para enfrentar os desafios que se avizinhavam. "Hen konīr daorun ivestragī emā daor,"(Sim, Rhaenyra. Juntas, podemos moldar nosso destino,) respondi. "Ñuha jorrāelagon,"(mesmo que as sombras tentem nos engolir.)

Nossa troca de palavras era mais do que um simples diálogo; era um juramento silencioso de apoio mútuo, uma promessa de resistir às correntes que tentavam nos prender. Naquele instante, soube que não estava sozinha, que havia uma força maior que nos unia — a chama indomável das mulheres Targaryen que não se dobrariam às convenções.

Conforme a noite avançava, eu me retirei para meus aposentos, longe das luzes e dos olhares vigilantes. A escuridão do quarto era um contraste bem-vindo, um momento de introspecção após a agitação do dia.

Enquanto me preparava para dormir, refleti sobre a jornada que me aguardava. O casamento com Aemond era apenas o início de uma dança intricada que misturava amor e desafio, tradição e rebeldia. As sombras que nos envolviam não eram apenas ameaças, mas também promessas de um futuro que poderia ser moldado à minha vontade.

Sabia que o caminho à frente seria árduo, cheio de desafios e escolhas difíceis. Mas estava determinada a não ser uma mera peça no jogo das sombras. Eu era Visenya Targaryen, uma mulher com sangue de dragão nas veias, e lutaria para preservar minha liberdade e dignidade, mesmo que isso significasse enfrentar o próprio esposo.

Naquele momento, deitada na escuridão, compreendi que estava no epicentro de uma dança das sombras que moldaria não apenas meu destino, mas também o futuro de todos os Targaryen. E enquanto as sombras dançavam ao meu redor, eu me preparei para a jornada que estava por vir, sabendo que a verdadeira batalha ainda estava para começa.


REVISADA E REESCRITA

Entre Sombras e Dragões- Aemond TargaryenOnde histórias criam vida. Descubra agora